domingo, 11 de dezembro de 2011

11.- Símbolos religiosos em repartições públicas: ¿Não ou Sim?

Ano 6 *** PORTO ALEGRE

*** Edição 1956

Quando a maioria de meus leitores acessar esta edição estarei viajando para Manaus. Deixo Porto Alegre às 7h rumo a Campinas. De Viracopos, às 11h, voo a capital do Amazonas, onde devo chegar às 13h (horário local ou 14h BSB).

Minha agenda, até a tarde de quarta-feira, quando começo a voltar, para chegar já na quinta-feira em Porto Alegre, prevê a participação em quatro bancas de qualificação e uma palestra no Programa de Pós-Graduação em Educação e Ensino de Ciências e uma sessão de avaliação no Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia. O convite para voltar às duas instituições deve-se a minha estada em ambas na segunda quinzena de setembro deste ano.

O assunto desta blogada é velho/novo, mas sempre de atualidade. Mesmo que o tenha

recebido esta semana ele já está na rede há meses. Não sei de sua autenticidade. O texto está em mais de uma dezena de blogues. Mas, nunca é demais, neste terceiro domingo do advento dar voz a um padre de muito bom senso. E também lermos outro fazendo o contraponto.

O Ministério Público Federal de São Paulo ajuizou ação pedindo a retirada dos símbolos religiosas das repartições públicas. Pois bem, veja o que diz o Frade Demetrius dos Santos Silva.

Sou padre católico e concordo plenamente com o Ministério Público de São Paulo, por querer retirar os símbolos religiosos das repartições públicas…

Nosso Estado é laico e não deve favorecer esta ou aquela religião. A Cruz deve ser retirada!

Aliás, nunca gostei de ver a Cruz em Tribunais, onde os pobres têm menos direitos que os ricos e onde sentenças são barganhadas, vendidas e compradas.

Não quero mais ver a Cruz nas Câmaras legislativas, onde a corrupção é a moeda mais forte.

Não quero ver, também, a Cruz em delegacias, cadeias e quartéis, onde os pequenos são constrangidos e torturados.

Não quero ver, muito menos, a Cruz em prontos-socorros e hospitais, onde pessoas pobres morrem sem atendimento.

É preciso retirar a Cruz das repartições públicas, porque Cristo não abençoa a sórdida política brasileira, causa das desgraças, das misérias e sofrimentos dos pequenos, dos pobres e dos menos favorecidos.

Frade Demetrius dos Santos Silva. São Paulo/SP

Para não ser acusado de parcial, dou voz a outro padre católico. Cada uma e cada um pode aliar-se a um ou outro.

Os iconoclastas da modernidade estão investindo contra valores conquistados pela cultura e pela religião. E na prática vai ser um problema a retirada dos símbolos religiosos. Daqui a pouco vão dizer que será preciso trocar o nome do próprio Estado de São Paulo, da cidade de São Paulo, de inúmeros lugares e ruas com nomes de santos... Os símbolos religiosos estão em toda parte, na pequenina flor que imediatamente me faz contemplar Deus e até na Cruz de Malta, que está no escudo do Vasco da Gama. Vai ser complicado. (Mons. Antonio Romulo Zagotto, Vigário Geral da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim)

Resta-me apenas aditar votos de um bom domingo e convite para nos lermos, amanhã, desde Manaus. Até então!

11 comentários:

  1. Meu Caro Mestre
    Vejo que há uma agenda plena na regiao amazonica, onde mais uma vez estarás propagando o ensino das Ciências como foco principal. Gostei da temática de hoje, a respeito dos simbolos religiosos e da polêmica que isso assume na tomada de posição. Todavia, prefiro alinhar-me com o Frade Demetrius, que diz verdades das quais não podemos discordar. Grande abraço e uma jornada plena de êxito. JB

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  2. Caro Chassot,
    Concordo com o Frade Demetrius, os símbolos religiosos devem ser retirados de todos os lugares citados por ele, e, ainda que concordando com os motivos alegados, me atenho a apenas um que é inquestionável: O Estado brasileiro é laico, está na constituição desde o advento da República, então é estranho que os católicos continuem insistindo em misturar as instituições públicas com o cristianismo. A história nos conta que toda vez que o poder secular ficou indistinto do poder religioso não foi bom para a sociedade. Vide os países muçulmanos que instituem os mulás como orientadores do comportamento civil da população. Vide o que ocorreu com a humanidade quando os papas criaram a Santa Inquisição. No caso de religião e estado a melhor fórmula é: cada um no seu quadrado. Abraços domingueiros, JAIR

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  3. Penso que há uma pequena confusão com "símbolos religiosos" e "cruzes". A segunda, embora amplamente divulgada pelo cristianismo, mais ainda pelo catolicismo romano, não é exclusividade dessa denominação religiosa. Na verdade, como bem o sabe o estimado Mestre Chassot, a cruz é mais antiga que o cristianismo. Acho, sim, que repartições públicas não deveriam misturar política com religião, coisa que a supracitada igreja romana o faz com maestria há muitos séculos (para não dizer milênios). No entanto, acho que se dispende demasiada energia com esse assunto e olvida-se ou evita-se um ainda mais importante: melhorar e qualificar os serviços públicos. Enquanto perde-se tempo discutindo se um crucifixo deve ou não permanecer na parede, milhares de pessoas acordam de madrugada para encaminhar-se a uma fila que só começará a andar lá pelo meio da manhã e que, quem sabe, permitirá ao cidadão retirar uma ficha para então poder marcar uma consulta médica. Nas universidades públicas, acho ainda mais preocupante se perder tempo com esse assunto. Que tal melhorarmos a qualidade do ensino ao invés de permitir o debate interminável entre "prós" e "contras" símbolos religiosos? Aliás, acho que os símbolos não atrapalham a laicidade do ambiente de trabalho. Quem é devoto da cruz, que a admire se ela estiver pregada na parede. Quem é devoto da estrela de David, que a reverencie se ela estiver presente. Quem admira o crescente, que louve a Allah se assim lhe aprouver. Agora, quem se denomina agnóstico ou até mesmo ateu, que apenas ignore esses símbolos enquanto não se chegue a um denominador comum. O preferível seria que os símbolos religiosos ficassem restritos apenas aos seus lugares sagrados e que fossem realmente expurgados das repartições públicas, mas essa não é a realidade, então não há muito o que fazer no momento. E, se pensarmos que há um aumento preocupante de líderes religiosos nas bancadas públicas, acho que discutir a presença de símbolos é o menos preocupante. Enquanto se perde tempo nessa batalha, centenas de religiosos das mais variadas denominações evangélicas/espiritualistas estão nas assembléias federal e estaduais aprovando leis benéficas a suas denominações religiosas. Acho, sim, que isso é muito mais preocupante do que ter uma singela cruz pendurada na parede.

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  4. Perdão, esqueci-me de falar que a "confusão" a que me refiro no início do comentário trata-se da minha percepção sobre o assunto como um todo, visto que tenho acompanhado esse tema polêmico através de colegas participantes de movimentos ateístas.

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  5. Olá Mestre Chassot,

    Não resistir, e ficaria muito feliz se o Senhor publicasse no seu blog o texto a seguir.

    Sou Estudante de Graduação e Ateu.
    A meu ver essa discussão se quer deveria ser feita. Acredito que os espaços públicos só devem conter "representações públicas". Símbolos religiosos são "representações individuais", ainda que expressas por uma coletividade.
    Defendo que todos tenham o direito de postarem individualmente suas "representações", no entanto, jamais as impor a coletividade.
    Que fique claro que não tenho nada contra qualquer manifestação, que seja, religiosa, ideológica, social e cultural. Com o que não concordo é que um indivíduo ou grupo de indivíduos tenham mais espaços dentro das repartições e logradouros públicos que os demais, ainda que representem a maioria.
    Convenhamos que a Igreja Católica, é a única ou a Instituição Religiosa dominante nos espaços públicos brasileiros. Seria de bom grado e uma forma de demonstrar respeito pelas demais, se a mesma por si só retirasse as suas simbologias dos espaços públicos, que não lhes pertencem, mas são da coletividade, coletividade esta que não se resume ao catolicismo.
    (Siriano, Ateu, Estudante de Graduação, Araguaína, TO).

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  6. Gostei da blogada de hoje! Não pude deixar de rir da ilustração.

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  7. Meu caro Jairo,
    claro que também adiro ao Frei Demetrius,
    O assunto ganhou comentários dispares.
    Um abraço desde Manaus. Onde me encontro, colaborando para a formação de professores

    attico chassot

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  8. tem que tirar mesmo, nada de religião quando se trata de repartições publicas, se querem cruzes coloquem em suas casas, em colares no seu pescoço ou em seu carro como adesivo, lugar de religião é na igreja! fiz um estagio na câmara federal em 2009 com 14 anos de idade e me revoltei com aquelas cruzes no alto do plenário acima do presidente daquele lugar, diversas vezes arranquei, cheguei ate atirar ovos, obrigando a casa a retirar para manutenção diversas vezes, pena que nunca permanente.
    claro que sempre anonimamente, nunca fui descoberto.

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  9. O Estado não é laico!! Ele é apenas o estado... Quando se alto denomina de LAICO, esta querendo ocupar o luar de DEUS na historia.

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  10. Os Estados totalitários, como os da URSS, China, Cuba... Todos são estados laicos (Ateus), nem só por isso deixaram de matar mais de 100 milhões de PESSOAS. Sem DEUS, o homem é apenas um montro sem alma.

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  11. O citado Mons. Antonio Romulo Zagotto, Vigário Geral da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim; na sua infeliz defesa do poderio da igreja católica, acabou por fazer brotar uma idéia excelente: Mudar os nomes das cidades que os receberam por influência da imposição da religião católica.
    Não dá ideia, monsenhor, não dá ideia! Rsrsrsrs!

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