segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

05.- Para formar jardineiros para cuidar do Planeta

Ano 6 *** PORTO ALEGRE

*** Edição 1950

Hoje rigorosamente começa a penúltima semana letiva. A rigor, depois do dia 17 estaremos sob o signo ‘das festas’. Não olho muito para minha densa agenda destas duas próximas semanas, especialmente da última para não assustar-me.

Esta manhã, estarei deslocando-me à Cachoeirinha com Professor Guy Barcellos. Mesmo que Cachoeirinha seja município limítrofe de Porto Alegre – 11 km de distância – há que sair às 6h30mim, pois a imobilidade urbana vige na região, em torno das 07h.

Vou à Escola São Mateus para a solenidade comemorativa do 1º aniversário de uma ação educacional muito significativa: o Museu da Natureza. Minha fala ‘Como formar Jardineiro para cuidar do Planeta’ esta muito alinhada com algumas das propostas do Museu, pois mostro a Ciência como uma construção humana e como um dos óculos para a leitura do mundo. Evidencio necessidades de uma Educação Ambiental com dimensões políticas. Esta manhã vou discutir, também, a necessidade de termos uma visão crítica da realidade: exemplifico isto com exemplos trazidos na blogada da última terça-feira, dia 29: ¿A copa é nossa ou é da Fifa?

Quando, de vez em vez, ao falar encantado acerca do Museu da Natureza – Unidade de Ensino São Mateus / ULBRA, em Cachoeirinha RS, um interlocutor me pergunta o que faz distinguida essa audaciosa criação do Prof. Guy B. Barcellos, tenho uma resposta que se constrói com duas ações verbais opostas. A audaciosa produção do biólogo e Mestrando em Educação em Ciências e Matemática: ratifica e retifica.

A ratificação: a usual recomendação que alguns de nós recebia com frequência: “Menino não seja curioso!” não só é desobedecida, como se propugna por sua antítese. Já estive em três oportunidades no Museu da Natureza para fazer palestra e ministrar minicurso e é quase inenarrável o que fazem aqueles meninos e meninas verdadeiros protótipos de cientistas.

Preciso dizer lateralmente que sempre fui um crítico de feiras de Ciências onde de maneira mais usual se vê crianças papagaiando textos esotéricos que dizem demostrar algo que não entendem. Também não adiro à tese de que se ensina Ciências na Escola básica para formar cientistas.

O que fazem os adolescentes no Museu da Natureza não têm nada a ver com as “Feiras de Ciência” que, há uma época, campeavam entre nós como salvíficas da experimentação no ensino. Também ali não há os famigerados ‘shows de Ciências’ que mais criam distanciamento com seus aparatos produtores de magias.

No Museu da Natureza há um lema inscrito como na Academia de Platão: “Proibida entrada de pessoas que não sejam curiosas!”. Isso se vive e é isso que faz alfabetização científica ali.

Quanto visito museus no exterior, e escrevi acerca disto em julho neste blogue, quando estive no Science Museum em Londres, sempre comparo a oportunidade que têm as crianças dos países centrais, comparadas com as nossas dos periféricos. Pois no Museu da Natureza elas podem / devem ser curiosas e assim produzir Ciência.

E a retificação? É senso comum que museu exige grandes investimentos. O Prof. Guy, criador e Curador do Museu da Natureza, desmente esta tese. Antes um alerta: em Cachoeirinha não temos nenhuma extensão do museu de Ciências da PUC-RS e menos ainda uma sucursal do La Vilete de Paris.

O Museu da Natureza não ocupa espaço maior que uma sala de aula convencional onde convivem taxidermistas e astrônomos; geneticistas e mineralogistas; filósofos da Ciência e ecólogos. Talvez pudesse dizer mais são guris e gurias indisciplinares que entendem o quanto romper as fronteiras das disciplinas confere-lhes uma visão mais holística do conhecimento.

Para isto é mais importante uma visão de Ciência marcada pela incerteza do que grandes investimentos materiais. É preciso destacar que também que o Museu da natureza não se faz de sucatas, mesmo que seja marcado pelo aproveitamento de material descartado.

Assim ratificado de que a curiosidade seja um excelente catalisador para fazer Ciência e que retificado que para tal não se precisa ter instalações milionárias eu contemplo o Museu da Natureza incrustado em uma escola de Educação Básica e não num complexo museológico.

Disse um pouco de minhas emoções. Em http://www.museudanatureza.blogspot.com/há possibilidade de se conhecer fotos das meninas e dos meninos tentando entender como se deu / dá /dará a construção do conhecimento.

Que a semana que iniciamos seja produtiva. Amanhã este blogue fará uma homenagem ao ‘Doutor Sócrates’, falecido ontem, dia que o Corinthians, seu time do coração, sagrou-se pentacampeão brasileiro de futebol. O texto é uma esmerada produção do jornalista e professor José Carneiros da UFPA e colaborador deste blogue.

6 comentários:

  1. Meu Caro Chassot
    Sou testemunha desta tua fala, desde que nos conhecemos durante o Mestrado da Unisinos. E sei o quanto ela diz de verdades sobre como as pessoas podem se tornar cuidadores do planeta. Aproveito para reafirmar minha preocupaçao com as ações da Prefeitura de Canoas, e que ontem, numa ediçao extra de meu Blog, foi motivo de denúncia. Há um silenciamento daquele órgão na imposiçao à populaçao canoense de mais um parque industrial na Fazenda Guajuviras, liquidando com uma área de 500 hectares em prol da atividade economica. Necessito de mais adesões para essa denúncia. Abraços do JB.

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  2. Caro Chassot,
    Parabéns ao Prof. Guy B. Barcellos pela criação do Museu da Natureza e a você pela bela fala com a qual contempla essa criação. Abraços, JAIR.

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  3. Caro Chassot,

    são iniciativas assim, corajosas, vibrantes, como a do Prof. Guy que fazem a diferença na construção do conhecimento sobre a incrível trajetória do ser humano sobre o planeta.

    Um abraço e cumprimentos ao Prof. Guy.

    Garin

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  4. Meu amigo,

    obrigado por mais uma grande aula. Foi um prazer e um grande aprendizado te ouvir falar.

    Agradeço e retribuo os abraços dos colegas Garin e Jair.

    Viva Mestre Chassot! Viva o Museu da Natureza!

    Abraços,
    Guy.

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  5. Muito estimado Guy,
    reparto com os colegas Garin e Jair, tuas palavras.
    Para mim foi emocionante e uma surpresa. O troféu Giordano Bruno que me foi outorgado é algo memorável.
    Amanhã vou partilhar com os demais leitores esta emoção.
    Com gratidão
    attico chassot

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  6. Emocionante e revigorante acompanhar o trabalho de vocês!

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