quarta-feira, 30 de novembro de 2011

30.- Descobrindo novas geografias

Ano 6 *** PORTO ALEGRE

*** Edição 1945

Este dia que faz a clausura de novembro, que foi prenhe de muitas emoções, algumas das quais partilhadas aqui, será para viver novas geografias. Tenho uma longa jornada que consumira a manhã e parte da tarde, tento como meta final Araguaína, em Tocantins, um dos quatro entre as 27 unidades federadas que ainda não estive. Falta-me estar no Acre, Amapá e Piauí.

Deixo Porto Alegre a Morada dos Afagos às 5h30min e antes das 07h devo estar voando à Brasília, Depois de uma estada de quase três horas na capital federal, em outro voo de cerca de 1 hora chegar a Imperatriz no Maranhão. Então, mais quatro horas por via rodoviária chegar ao destino.

Imperatriz é o segundo mais populoso município do Maranhão, com uma população de cerca de 250 mil habitantes; a cidade se estende pela margem direita do rio Tocantins, e é atravessada pela Rodovia Belém-Brasília, situando-se na divisa com o estado do Tocantins. Dista 530 km da Capital, São Luís.

A história e o desenvolvimento de Imperatriz deram-lhe diversos títulos, entre eles o de "Portal da Amazônia - Capital da Energia". Seu atual nome originou-se de Vila de Imperatriz, dado em homenagem à Imperatriz Teresa Cristina.

De Imperatriz viajo via rodoviária por 250 km para chegar ao destino. O percurso é rumo ao Sul, em sua primeira parte no Maranhão, para depois percorrer parte no mais novo estado brasileiro Tocantins.

Este está localizado a sudeste da Região Norte e tem como limites o Maranhão a nordeste, o

Piauí a leste, a Bahia a sudeste, Goiás a sul, Mato Grosso a sudoeste e o Pará a noroeste. Ocupa uma área de 277 620 km², pouco menor que o Equador, e ligeiramente maior que a Nova Zelândia. Sua capital é a cidade planejada de Palmas. Na bandeira nacional e no selo nacional do Brasil, o Tocantins é representado pela estrela Adhara (ε Canis Majoris). As maiores cidades do estado são respectivamente: Palmas, Araguaína, Gurupi, Porto Nacional e Paraíso do Tocantins. Juntas, estas cinco cidades abrigavam, em 2009, cerca de 40 por cento da população total do estado.

Houve históricas tentativas para formar um novo estado, desmembrando a parte norte do estado de Goiás. Houve sucesso emancipatório durante a Assembleia Nacional Constituinte de 1988, que estabeleceu, no Artigo 13 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, as condições para a criação do novo estado no bojo de uma reforma que extinguiu os territórios federais existentes e concedeu plena autonomia política ao Distrito Federal. Em 1º de janeiro de 1989, a Unidade Federativa do Tocantins foi oficialmente instalada.

O girassol tornou-se a planta-símbolo do estado. Sua flor amarela, aberta em várias pétalas, simboliza o sol que nasce para todos. As cores oficiais do estado são o amarelo, o azul e o branco.

Araguaína nos primeiros anos de vida do Estado do Tocantins foi a maior cidade, possuindo atualmente 153.350 habitantes, a segunda maior população do Tocantins, de acordo com o Censo 2011. Fica a 350 km da capital Palmas, 1.148 km da antiga capital Goiânia e a 1.252 km da capital federal Brasília. É um polo regional pujante, que se destaca nos quesitos comercial, educacional, saúde e serviços.

Nesta cidade, participo de Simpósio em Comemoração ao Ano Internacional da Química que se realizará do dia 01 de dezembro a 03 de dezembro de 2011, na Universidade Federal do Tocantins, Araguaína.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

29.- ¿A Copa é nossa ou da FIFA?

Ano 6 *** PORTO ALEGRE

*** Edição 1944

Falei ontem que iniciava os rituais de despedidas do Centro Universitário

Metodista, do IPA. Ontem tive minha última aula na Universidade do Adulto Maior. Recebi muitas manifestações de carinho. Uma desta se materializou num lindo cartão, assinado pelo grupo. Havia também um crédito para retirada de um livro em livraria de rede especializada. A Professora Rosane Papaleo, Coordenadora da UAM, também compareceu a sala de aula para trazer suas despedidas. Na foto um grupo de alunas e aluno deste semestre.

À noite, participei de banca de avaliação de relatórios de estágio de quatro alunos da licenciatura em Música. No encerramento a Professora Maria Cecília de Araújo Rodrigues Torres, Coordenadora do Curso de Música, assegurou que continuaria sempre convidado para participar de atividades e assim não via-me como alguém que se despedia.

Lembro, que de vez em vez, já me manifestei aqui acerca da importunidade de o Brasil sediar a Copa do Mundo de 2014. Já antes da escolha do país sede eu torcia pela nossa não escolha. Primeiro algo lateral, que mostra hegemonias: a natural que esteja falando de futebol e de um campeonato masculino.

Há dias, respondendo a um questionário: Em qual cidade do Brasil você gostaria de assistir a Copa em 2014? Nenhuma, de preferência no exterior. Assim estou me habilitando a um escambo de aluguel.

Mas não sou o único no contra fluxo! Neste sábado, no aeroporto de Curitiba, adquiri o número de novembro da edição brasileira do Le monde diplomatique. Fiquei ainda mais surpreso com a já conhecida intromissão da Fifa em nossa soberania.

Primeiro algo da fonte dos que trago a seguir. Publicado desde 1954 na França, Le Monde Diplomatique, tem 71 edições internacionais produzidas em 25 línguas e conta com uma tiragem mensal de 2,4 milhões de exemplares em todo o mundo. No Brasil a última edição é a do Ano 5, número 52.

No número 52 há quatro substanciosos artigos. Que cada um deles poderiam nos convencer que a pergunta: ¿A copa é nossa? Tem como resposta um sonoro NÃO.

#1.- Estamos sofrendo uma manipulação brutal onde Luís Brasilino entrevista Carlos Vainer, professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ, denuncia a manipulação do amor dos brasileiros por sua cidade e pelo futebol como forma de conquistar apoio para a realização da Copa do Mundo. Ele alerta: é um grande negócio para as grandes empresas, não vão sobrar migalhas.

#2.-A Lei Geral dos interesses particulares por Leandro Franklin Gorsdorf (da Faculdade de Direito da UFPR) & Thiago A. P. Hoshino (Assessor jurídico da organização Terra de Direito e membro do Comitê Popularda Copa de Curitiba) que mostram como autoridades brasileiras parecem admitir que a recepção de um megaevento autoriza também megaviolações de direitos, megaendividamento público e megairregularidades. É preciso questionar este tipo de relação de vassalagem política que endossa um bloco de negócios privados gerador de considerável ônus público.

#3.- Desrespeito e exploração dos trabalhadores dos jogos por Ramon Szermeta (Coordenador da Campanha Play-Fair Brasil” Para que os trabalhadores saiam ganhando) que apresenta a tese de que é raro encontrar no debate na imprensa tradicional discussões sobre ou com os principais personagens que, ao fim e ao cabo, são os últimos responsáveis pela realização da Copa no Brasil ou em qualquer outra parte do Globo: os trabalhadores das diversas categorias profissionais que se esforçaram, dia após dia, para que tudo realmente aconteça.

#4.- África do Sul 2010: legado no bolso da Fifa e seus parceiros por Alexandre Praça (jornalista) fica evidenciado como os sul-africanos acreditaram nas promessas de mais empregos, turistas e investimentos bilionários que viriam com a Copa. Mas, segundo Eddie Cottle, autor do livro Copa do mundo da África do Sul: um legado para quem?, nada disso se materializou. Estariam os brasileiros caindo na mesma armadilha?

Este blogue, pretende – de vez em vez – trazer esta usurpação cometida pela Fifa em outras edições. Aguardem.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

28.- Cristianismo litúrgico ou cristianismo folclórico?

Ano 6 *** PORTO ALEGRE

*** Edição 1942

Um domingo intenso este que quase despede novembro. Vivi nele situações marcadas por duas realidades antípodas aos humanos: a celebração da morte e o comemoração da vida. Mas, antes de trazer estas duas marcas fortes de meu domingo, permito-me uma pequena análise de algo a respeito de assunto no qual não tenho expertise.

Emito um comentário de quem observa que “religiosos ou não, estamos todos imersos em um mundo religioso”: Ontem o cristianismo, que é hegemônico no mundo ocidental, deu provas, mais uma vez, de quanto é também muito folclórico. Sua liturgia, que para mim é muito rica, parece passar despercebida para muitos.

Não estive ontem em nenhum templo, assim minha observação é do que não vi e não ouvi no cotidiano de ‘cristãos’: o envolvimento no seu tempo litúrgico. É sobre tal que, pretensiosamente, me arvoro em escrevinhador.

Considerando a parte do Planeta onde vivo, por uma questão de respeito às pessoas religiosas, encerrei a edição de ontem assim: “Com votos de um muito bom domingo e um feliz advento que hoje se inicia. Que este seja um tempo para os professos do cristianismo com a marca da expectativa do nascimento do Salvador”.

Um amigo meu, também bloguista (teólogo e pastor) encerrou assim sua blogada dominical: "Como hoje é o primeiro dia do novo ano [tema central de sua postagem], desejamos um ‘Feliz Ano Novo’ a todas as pessoas que professam a fé cristã! É também um convite para um período de preparação. Deve ser um período de alegria, pois o Natal é celebração da chegada da libertação.” Admitamos que um e outro, com crenças díspares, tínhamos sintonia.

Por outro lado, um dos maiores portais de notícias do Brasil, fez manchete assim: “Para católicos, hoje é o dia certo para montar a árvore de Natal” e a notícia, que meu juízo é plena de equívocos, mesmo que citasse o padre Hernaldo Pinto Farias, assessor para a liturgia da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) dizia: “[...] para quem segue a tradição católica, a data certa para preparar a árvore é hoje, 27”. Eis uma relevância tola marcando um cristianismo folclórico.

Faria apenas uma pergunta para concluir o assunto: ¿Quem, dentre os que se dizem cristãos, recebeu votos e/ou desejou “Feliz Ano Novo” ontem? Poderíamos fazer uma pesquisa que talvez indicasse o índice de (não) adesão a um ‘cristianismo litúrgico’. Eu desejei ‘Feliz um ano novo’ para apenas um (muito religioso) mas este achou que eu estava caçoando. Mas, tudo isto não passa de especulação num ocaso de um domingo, nem sei se existe esta categoria de cristianismo.

Mas disse na abertura que meu domingo teve duas marcas fortes que são antípodas – mas naturais – na natureza humana: a vida e a morte. Uma e outra vivi em companhia da Gelsa.

Pela manhã fomos ao Jardim da Paz – nome poético para cemitério –. Cemitérios também se conhecem como ‘campo santo’. O Jardim da Paz é dos mais bonitos cemitérios que conheço. Não monumentos funerários e sim imensos gramados, onde uma pequena planta indica o local onde está sepultado alguém. Em uma de suas capelas estava sendo velada a Senhora Celi D’Angelo, que faleceu ontem quase nonagenário. Dona Celi é mãe da Rute D’Angelo Baquero. A Rute foi minha professora no mestrado e minha colega por muitos anos na Unisinos. Ela foi a alma-mater do Programa de Pós-Graduação em Educação e sua primeira coordenadora (1994/97). Eu fiz seleção para o Programa na sua gestão e como poucos posso atestar a exclencia de seu trabalho, pois fui seu sucessor na coordenação. Pranteavam à D. Celi também o Marcelo Baquero, meu amigo e colega de meus tempos de UFRGS esposo da Rute e a minha ex-colega de Unisinos, Mari Forster, sobrinha de Dona Celi. Foi muito bom fazer companhia para Rute. Marcelo e Mari em uma momento como este, onde o que mais me condoeu foi ver o pai da Rute, com 93 velando a companheira de quase toda uma vida. Então, nos asseguramos de nossas poucas certezas: a morte.

À tarde prelibamos a vida. Estivemos na casa da Clarissa, do Carlos e da Maria Clara. Muito provavelmente, nesta quinta-feira, dia 1º, a Clarissa – minha caçulinha querida, dará a luz à Carolina. Na foto a Maria Clara beija o ventre da mãe dizendo boas vindas ao nenê que advém. Isto me fará heptavô. Ocorre que então estarei em Araguaína, em Tocantins, para onde viajo na quarta-feira. Quando me dei conta desta colisão de agenda fiquei triste. Queria estar aqui. Assim fui me antecipar e desejar como se dizia em tempos passados: “Uma boa hora!” Há que imaginar como esta viagem me mantém com o foco em Porto Alegre.

Começo hoje rituais de despedidas no Centro Universitário Metodista, do IPA. Hoje tenho minha última aula na Universidade do Adulto Maior. Amanhã encerro minhas aulas na graduação. Dia 9 tenho a última aula no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão. Depois só me resta levar meus orientandos à defesa, na segunda quinzena de fevereiro.

Muitos de meus leitores já me ouviram dizer aqui o quanto estas atividades na UAM, que já ocorrem há quatro semestre, são para mim vibrantemente gratificantes. Sei quanto sentirei saudades deste grupo de alunas e alunos, todos com larga história de vida, marcada por saberes preciosos.

Agora, encerro esta edição com votos de uma boa semana. Amanhã, provavelmente, nos lemos aqui, uma vez mais. Até então.

domingo, 27 de novembro de 2011

27.- Um beijo se faz blogada dominical

Ano 6 *** PORTO ALEGRE

*** Edição 1942

No domingo passado postei, a meu juízo, uma das blogadas dominicais mais preciosas.

Apresentei um registro imagético formado por cinco fotos da campanha que causou repercussão mundial e controvérsias e protestos no Vaticano, nos Estados Unidos, na China e outros países: a marca The United Colors of Benetton lançou a "Unhate", com montagens fotográficas de líderes "se beijando". Permito-me recomendar àqueles que não viram aquela edição, que a busquem em 20.- INHATE: Beijos imaginários contra o ódio

Referi então que em 1991, uma campanha da mesma multinacional italiana da moda provocou polêmica ao mostrar uma freira beijando um padre: o anúncio foi proibido em vários países. A foto de Oliviero Toscani (Milão, 28 de fevereiro de 1942) era uma crítica ao celibato imposto pela Igreja Católica e desafiava os valores tradicionais da religião.

Houve quem me dissesse, quando da edição deste dia 20, que não conhecia ou não recordava a foto. Assim, a apresento aqui, numa recordação de uma foto que gerou polêmica, mas muito prazerosa.

Com votos de um muito bom domingo e um feliz advento que hoje se inicia. Que este seja um tempo para os professos do cristianismo com a marca da expectativa do nascimento do Salvador.

sábado, 26 de novembro de 2011

26.-Diários de guerra de Ramallah, Palestina

Ano 6 *** CURITIBA – PR

*** Edição 1941

No começo da manhã deste sábado a Gelsa e eu estaremos regressando para Porto Alegre. Nossa estada de algumas horas em Curitiba foi muito densa em emoções. Foi bom homenagear o Otelo e a Tile – pelas razões trazidas ontem aqui –, e reencontrar irmãs e irmãos, sobrinhos, sobrinhos netos e muitos familiares a amigos.

Foi muito emocionante ser convidado pelos meus sobrinhos para contar um pouco da história do aniversariante que conheço desde 1955. Fui sucedido no microfone, pelo João Arthur, de cinco anos, filho do Cássio e Ângela que homenageou o seu avô. Também todos nos emocionamos com as falas da Bárbara e do Pedro Afonso, que desde a França, destacaram emocionados qualidades do pai e o do avô.

Edito duas fotos para registrar o evento. Na primeira, eu com meus quatro irmãos (dos sete que éramos) estão comigo (na ordem) Paulo, Tile, Emar e a Clarinha. Na outra, o neo 70tinha com a minha irmã Tile e a Gelsa e eu.

O sábado já tinha mais de uma hora quando chegamos ao hotel trazidos atenciosamente, pelo meu afilhado Cássio, primogênito do aniversariente. A edição deste blogue sabático honra a tradição e trago uma dica de leitura.

Há uma coincidência com as duas edições anteriores: no sábado, 12, comentei aqui: “Teresa, namorada de Jesus” e/ou “Santa Teresa d’Ávila” de Deonisio da Silva. No último sábado comentei um livro contemporâneo à reformadora do Carmelo: A Perfeita Mulher Casada onde Luis de León traça um perfil de mulher idealizado pela Igreja e pela sociedade barroca-tridentina.

Para hoje proponho Sharon e minha sogra: diários da guerra de Ramallah, Palestina de Suad Amiry. Aos que estão se perguntando qual a semelhança que encontro para as três blogadas. Os três vieram para minha biblioteca como produto de uma de minhas quatro visitas à Feira do Livro, aquela do sábado dia 5. Contei que, então, havia amealhado preciosidades nos caixões de ‘saldos’. Assim a edição de hoje é a terceira de uma destas aquisições. Ainda há de me sobrar tempo para comentar aqui os livros do Morin, Feyerabend, Marcelo Gleiser e Frei Betto que também vieram desta Feira e que de vez em vez prelibo. Aqui e agora, mais um dos preciosos ‘saldos’:

AMIRY, Suad. Sharon e minha sogra: diários da guerra de Ramallah, Palestina [Original italiano: Sharon e mia suocera: diari di guerra da Ramallah, Palestina. Feltrinelli Editore, Milano] Tradução Ângela Maria Tenório Zucchi. São Paulo: Francis, 2004. 141 p. ISBN: 85-89362-37-X

Primeiro conto algo da autora: Suad Amiry (em árabe : سعاد العامري ), nascida em 1951 é arquiteta, professora na Universidade de Birzeit e fundadora do Centro Riwap para a Conservação Arquitetônica da Palestina.

Seus pais foram da Palestina para Amman, Jordânia. Ela vai para o Líbano, e em sua capital Beirute inicia sua formação em arquitetura na Universidade Americana de Beirute Após faz formação pós-graduada na Universidade de Michigan nos Estados Unidos e na University of Edinburgh, na Escócia. Ao retornar à Ramallah como turista em 1981, conheceu Salim Tamari, com quem se casou mais tarde. Ela vive na Cisjordânia, na cidade de Ramallah.

Em 2004, com a publicação de seu livro “Sharon e Minha Sogra - Diários de guerra de Ramallah, Palestina”. Este livro foi traduzido para 19 idiomas, a última edição em árabe, foi um best-seller na França. A edição italiana foi premiada em 2004 o prestigioso Prêmio Viareggio, na Itália, juntamente com Italo-israelense Dviri Manuela, um jornalista, dramaturgo e escritor cujo filho foi morto por um foguete do Hezbollah.

O livro “Sharon e Minha Sogra - Diários de guerra de Ramallah, Palestina” revela o cotidiano da ocupação israelense entre novembro de 2001 e setembro de 2002. Escritora perspicaz, Suad mostra o convívio com sua sogra durante a reclusão involuntária, ao mesmo tempo que revela a angústia de 34 dias sob toque de recolher e a insistência dos palestinos em manter seu espírito livre.

Com o mesmo humor manifesto em seu livro, Suad Amiry fala da ocupação e resistência, do papel das mulheres na busca pela paz e, é claro, de Sharon e sua sogra. “Penetramos nos estreitos becos daquela que um tempo era uma antiga e próspera cidade árabe, e que hoje tornou-se uma ‘colônia artística israelense’. Os artistas, às vezes, conseguem ser realmente sensíveis!” O trecho é sobre Jafa, cidade de onde seus pais palestinos foram expulsos em 1948, na fundação de Israel.

Eis como Suad Amiry comenta seus continuados envolvimentos com continuadas e necessárias passagens por ‘fronteiras entre Israel e o território palestino’ que separam bairros:

Seria difícil explicar ao funcionário da segurança israelense que sempre tive inveja de meus pais e até mesmo de meus avós, porque viveram em uma época em que morar nas esplendidas cidades daquela região, ou deslocar-se de uma para outra, não era tão complicado e não requeria medidas de segurança. Sempre me intrigou ouvir meu pai descrever suas viagens de Jaffa a Beirute, que incluíam um desjejum em um restaurante a beira-mar, em Sindon. Ficava ainda mais intrigada quando minha mãe contava como em 1926, ela, menina de quatro anos, fizera uma visita a família materna, os Abdulhadi, no vilarejo de Arrabeh, na Palestina. A descrição do percurso que haviam feito, de Damasco a Arrabeh (atual parte de Israel), descendo no vale de Uarkmouk ao longo das esplendidas planícies de Marj Ibin' Amer e Sahel Jenin, sempre me encantava. "Primeiro, fomos encontrar os nossos parentes em Nablus e, depois de alguns dias, chegamos a cavalo no vilarejo de Arrabeh", dizia minha mãe. Para ela, o principal elemento de fascínio era representado pelo passeio a cavalo, ao passo que, para mim, o elemento de maior perturbação era que havia se tornado impossível fazer uma viagem do gênero entre Arrabeh e Damasco”.

Suponho que tenha oferecido a meus leitores algumas informações acerca da preciosidade que é esta dica sabática de hoje. Àqueles que desejarem saber mais sobre Suad Amiry e em especial a sobre as situações dos territórios palestinos ocupados, recomendo conhecer o excelente sítio do Instituto de Cultura Árabe – ICARABE – ali há uma entrevista em www.icarabe.org/entrevistas/suad-amiry Mesmo que esta seja de 28JUL2005 é de vibrante atualidade pois como diz a autora de “Sharon e Minha Sogra - Diários de guerra de Ramallah, Palestina”: “Ouvem falar da Palestina quando algo grave ocorre, mas cada minuto de nossa vida é violado”. Desejo cada uma e cada um de meus leitores votos de fruídas leituras.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

25.- Encontros reais & virtuais

Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br

*** Edição 1940

A sexta-feira terá seu ocaso em Curitiba. A Gelsa, o Bernardo, a Carla, a Maria Antônia e eu viajaremos a capital do Paraná para participar de uma genuína confraternização (reunião de irmãos) quando celebraremos os 70 anos de Antônio Otelo Cardoso.

O Otelo é meu cunhado. Já antes de casar com minha irmã Tile era meu colega no ginásio São Joao Batista em Montenegro, onde nos ‘formamos’ em 1957. Fui um pouco cupido no namoro dos dois.

No artístico convite que os filhos – Cassio, Daniel, Bárbara e Fábio – elaboraram para o evento, não é sem razão que há destaque para uma torre de transmissão de energia. Neste julho o Otelo se aposentou do cargo de diretor técnico da Itaipu Binacional. Como engenheiro eletricista, antes, teve atuações destacadas em companhias de energia elétrica de São Paulo, Paraná e Espirito Santo.


Assim hoje com meus outros irmãos – Paulo, Clarinha e Emar e, é claro, o Sirne e José Maria na continuada recordação – e um significativo número de parentes e amigos festejaremos alguém que além de ser um engenheiro muito competente é ‘um muito bom companheiro’. Será um sonhado reencontro. Claro que nestes momentos sentimos a presença ainda mais forte daqueles que fisicamente não estão mais aí. Lembraremos particularmente do pai e da mãe.

Quando parto para sonhado encontro real, recebo uma chamada para ler Amor y chateo: Relación virtual, de autoria de Connie Hunter [Mestre em Comunicação visual através de meios Interativos (MECAD/ESDI) /Licenciada em Comunicação social (UCG). Autora das ilustrações no texto], que foi publicado no último domingo em Larevista do jornal El Universo de Guayaquil, no Equador. Fiz uma tradução livre para o português e aditei notas* de fim de texto. A minha fonte pode ser acessada em www.larevista.ec/actualidad/la-enredadera/amor-y-chateo-relacion-virtual. A ele adito para cada uma e cada um os melhores votos de uma muito boa última sexta-feira de novembro.

Primeiro foi ficção, em seguida, um luxo. Hoje, a videoconferência deixou a mesa de negócios internacionais e foi para a mesa de cabeceira, onde se compartilha as emoções do cotidiano. Não negocia nada, apenas se desfruta da companhia agradável virtual.

São oito da noite. Corre para olhar-se no espelho. Ajeita-se um pouco. Oxalá que não

seja como o encontro virtual que teve Megan Fox no filme Transformers 2*, quando o namorado a deixou esperando, sussurra. Senta-se diante de algo que se parece com uma agenda. Abre-a e a acende.

Naquele momento, soa a campainha do aparelho. É ele que recém desperta do outro lado do mundo. Tinham combinado fazerem refeição juntos. Ela o jantar, ele o dejejum. Isto que mais parece um fragmento de uma canção de Arjona** é uma realidade descrita brevemente.

Enquanto falam, o telefone descansa. Agora, ele não é mais que um segurador de papéis que impede que as contas mês voem ao vento. Ocasionalmente, algum inimigo da tecnologia ainda costuma fazer uso dele.

Tu aparentas estar bem! Tu também! Estás usando o pijama que te presentei! E tu os brincos! Eles riem, conversam, coqueteiam. Eles servem-se de suas comidas e voltam a sentar-se diante da imagem um do outro. Sua sorte foi melhor do que a atriz Transformers, sem dúvida. Não só porque a ela não deixaram esperando, mas também porque Fox não usava um tablet digital que é muito mais manejável do que um laptop. A conversa poderia levar horas, se não que ele deve se preparar para ir ao trabalho.

Mas, Arjona não cantou (ainda) esse tipo de amores que à distância se acompanham virtualmente. O merengue***do dominicano Sergio Vargas foi premonitório: “Desde que me deixaste janelinha do amor foi fechada para mim”. Isto é o que acontece quando esses amores acabam. Não há mais Skype, Gmail ou Facebook. A janela através da qual podiam levar uma relação quase cotidiana se fecha.

Geralmente aparece a tentação de levantar a cortina e ver o que acontece. Mas como a situação pode ser desconfortável, ex-amores começam a esquadrinhar em outros lugares como o Facebook, por exemplo. Ou colocar o nome do outro nome no Google para ver o que aparece. De repente nada, mas as redes nos oferecem surpresas. Às vezes, afloram imagens que seu dono havia prometido deletar.

"Tanto tempo sem ver-te é como uma condenação" canta Vargas no mesmo merengue dos anos noventa. Isto agora é quase impensável. Aqueles que querem se ver têm mil maneiras de fazer isso, até mesmo por um telefone celular.

Aparentemente, quando as distâncias encurtam, a espera de um reencontro também. Assim se expressam aqueles que tiveram essa experiência. E volver-se a ver ao vivo já não resulta tão excitante como não ocorria em outros tempos.

As janelas se abrem e se fecham nas redes. Sorrisos, lágrimas e beijos são enviados. Em um momento parecem apresentadores de noticiosos em outros modelos de passarela. Vestidos ou nus, arrumados ou improvisados. A informação segue percorrendo as redes e as vidas continuam se entrelaçando. E as câmaras estão no coração dos próprios atores. Eles quem decidem quando determinar: cortar!

**************

* Transformers 2: Revenge of the Fallen (no Brasil, Transformers: A Vingança dos Derrotados e em Portugal: Transformers - Retaliação) um filme estadunidense de 2009, dirigido por Michael Bay e produzido por Steven Spielberg (também executivo), Lorenzo di Bonaventura e Ian Bryce. Mostra o conflito dos Autobots e os Decepticons que ocorre escondido dos humanos. Apesar das críticas negativas, o filme quebrou recordes de bilheteria em vários países, inclusive no Brasil.

** Presumo tratar-se de Edgar Ricardo Arjona Morales (Jocotenango, 19 de janeiro de 1964) é um cantor guatemalteco que possui na Wikipédia uma extensa discografia.

*** Merengue dança nacional dominicana, mas também conhecida em Porto Rico, Haiti, Venezuela e Colômbia, na qual um dos pés marca o tempo e o outro é arrastado no chão.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

24.- Tomate roxo

Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br

*** Edição 1939

Há datas que são fortemente marcadas em nossa história e cada vez que elas surgem fazem evocações. Este 24 de novembro é uma destas.

Hoje meu irmão Sirne faria 71 anos. Tínhamos/temos 1 ano e 18 dias de diferença. Muito passamos por gêmeos na nossa infância e depois ele foi muito parceiro. Tinha mais experiência de vida que eu e a aproveitava, também, para com ela ser meu sábio (e sabido) professor.

Tinha uma memória privilegiada. Lembrava de cenas de nossa história com detalhes. Morreu em 2002. Sinto não estar perto então. Eu vivia, então, em Madrid, fazendo pós-doutoramento. É bom lembra-lo aqui.

Agora a pauta de hoje, que os alunos do curso de Música, postergaram de ontem para hoje: Cruzamento gera tomate roxo que não é transgênico. Oxalá, breve tenhamos uma mesa mais colorida e mais saudável.

Um tomate roxo, com mais antioxidantes do que o tomate comum (o que ajuda na prevenção de doenças como o câncer), está mais próximo da mesa do brasileiro.

A variedade foi desenvolvida na USP de Piracicaba após uma sequência de cruzamentos - método tradicional para criar formas novas e úteis de plantas domésticas.

Tomates roxos não existem na natureza. Até hoje, somente cientistas britânicos tinham conseguido produzi-los, com a ajuda de modificações genéticas. Agora, o pesquisador Lázaro Eustáquio Pereira Peres, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP, mostrou que também é possível desenvolver um fruto desses sem que ele seja geneticamente modificado.

"É um tomate comum, mas agrupamos características de três variações em uma só." Como resultado, o tomate, que é naturalmente rico em licopeno, um antioxidante, ganhou maior concentração de antocianina, outra substância que ajuda a desacelerar o crescimento de células de tumores.

Segundo ele, a variedade tem também o dobro do teor de vitamina C encontrado em um tomate comum. Para obter o tomate roxo, o pesquisador e seu orientando Gabriel Rehder cruzaram duas espécies de tomate portadoras de mutações que fazem com que o fruto, quando exposto à luz em excesso, produza antocianina.

Já a terceira espécie tem um gene que a sensibiliza à luz. Juntos, os três estimulam a produção

do pigmento antioxidante, que leva à cor característica do novo fruto. "Apesar de as mutações serem comuns na natureza, esse cruzamento específico seria improvável", diz Peres.

A variedade já pode ser plantada em campo por empresas de melhoramento genético e, se houver apelo comercial, chegar à mesa em cerca de três anos.
Para garantir os direitos sobre a criação, a equipe da USP usou um tomate híbrido. As plantas da primeira geração são homogêneas, mas não as da segunda. O produtor teria de comprar a semente original para obter o tomate roxo.

Cor de variedades já provocou polêmicas Diferentemente do que ocorre com transgênicos, alimentos produzidos por mutagênese (geração de mutações), como o tomate roxo brasileiro, não precisam de aprovação da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, órgão regulador do tema no Brasil).

Para o presidente da entidade, Edilson Paiva, isso não significa, no entanto, que eles sejam necessariamente mais seguros que os demais. "Para a produção de transgênicos há uma série de normas e legislação pesada, o que é necessário, mas acho que também deveria haver algo para as mutações", diz.

Já o pesquisador do Núcleo de Economia Agrícola do Instituto de Economia da Unicamp

(Universidade Estadual de Campinas), José Maria da Silveira, acha que "a solução [encontrada para desenvolver o tomate roxo] é válida e bem-vinda", mas destaca que seria importante haver um acompanhamento para garantir que produtos como ele sejam seguros. Peres rebate dizendo que o efeito e a função de cada mutação, no caso do tomateiro, já são conhecidos. Além disso, segundo ele, as mutações criam apenas variações de genes preexistentes. Por outro lado, em transgênicos, são colocados juntos genes de espécies muito diferentes, que jamais se encontrariam.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

23.- Dia(s) da Música & Santa Cecília

Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br

*** Edição 1938

Tenho três registros prévios ao que se anuncia na chamada desta edição. Esta ‘pílulas pessoais’, a meu juízo tornam menos assépticas uma blogada, mesmo que elas possam dar azo a presunção do editor.

#1.- Ontem, na manhã chuviscosa, recebi uma visita na prevista: minha filha Ana Lúcia, chegando de Estrela (onde mora e trabalha) a Porto Alegre por algumas horas veio me fazer um agrado. Isto adoça a alma.

#2.- No Facebook recebo esta manifestação: “Bonjour Professeur Attico J'ai parcouru vos écris, mais le temps me manque..... J'aime ce que vous écrivez. Vous êtes un homme de bien et fier, j'aime. Je ne suis pas aussi érudit que vous mais j'apprécie vos écris. J'espère pouvoir continuer à vous lire. Salutations, à bientôt. Richard Chassot.” Não conheço meu ‘primo francês’, mas me encantou que em plagas ancestrais haja alguém que se liga a mim por remoto parentesco e se compraz em ler alguns dos escritos deste blogue.

#3.- Na noite de ontem tivemos a segunda de uma série de três sessões do seminário de pesquisa nas duas turmas (Biologia e Educação Física & Música e Pedagogia) da disciplina de Conhecimento, Linguagem e Ação Educativa, onde alunas e alunos apresentam seus trabalhos, onde trazem um saber um saber primevo pesquisado em mostram como fazer dele um saber escolar. Há preciosidades. Encerraremos dia 29.

Pois na atividade relatada na terceira pílula que o assunto que estava pautado – tomate roxo – foi transferido. Alunos do curso de Música cobraram-me que eu não referira no blogue o ‘Dia da música’ que então se comemorava.

Citei, então, que o blogue do professor Garin fizera referência a data. Desafiei então que justificassem o porquê deste 22 de novembro. Só uma aluna sabia. Dia de Santa Cecília padroeira dos músicos e da Música. A Amanda, que soube justificar, tem como avós maternos o Antônio e Margarida Acauan, que foram meus amigos. Isto foi me revelado ao final da aula.

Mas oficialmente três datas como dia da Música em grego “Mousikê”, significa “arte das musas”, inspiração para todas as manifestações mitológicas e de cultura grega. Uma este 22 de novembro por ser a data da celebração litúrgica de Santa Cecília.

Desde 1975 comemora-se em 1° de Outubro o Dia Mundial da Música. A data foi oficializada pelo IMC (International Music Council), uma organização não governamental que exerce suas atividades desde 1948, com o apoio da UNESCO. Segundo a idealização da data, pretendia-se promover os valores de amizade e de paz por intermédio da música. Também 5 de março - nascimento de Villa-Lobos - é oficialmente o "Dia Nacional da Música Clássica" desde 2009, por decreto do Presidente da República.

Agora algo acerca da padroeira: Santa Cecília é uma santa cristã, padroeira dos músicos pois quando ela estava morrendo, ela cantou a Deus. Não se tem muitas informações sobre a sua vida. É provável que, tenha sido martirizada entre 176 e 180, sob o império de Marco Aurélio. Escavações arqueológicas não deixam dúvidas, sobre a existência, mas sua história só foi registrada no século V, na narrativa Paixão de Santa Cecília. Imagem de Santa Cecília no altar-mor da igreja a ela dedicada em Porto Alegre, na Rua Santa Cecília.

Segundo este relato, Cecília seria da "nobre família romana dos Metelos, filha de senador romano e cristã desde a infância". Ela foi dada em casamento, contra a vontade, a um jovem chamado Valeriano.

Estando só com o noivo, disse-lhe, Cecília com toda a amabilidade e não menos firmeza: “Valeriano, acho-me sob a proteção direta de um Anjo que me defende e guarda minha virgindade. Não queiras, portanto, fazer coisa alguma contra mim, o que provocaria a ira de Deus contra ti”. A estas palavras, incompreensíveis para um pagão, Cecília fez seguir a declaração de ser cristã e obrigada por um voto que tinha feito a Deus de guardar a pureza virginal.

Disse-lhe mais: que a fidelidade ao voto trazia a bênção, a violação, porém, o castigo de Deus. Valeriano, ficou "vivamente impressionado" com as declarações da noiva, respeitou-lhe a virgindade, converteu-se e recebeu o batismo naquela mesma noite. Valeriano relatou ao irmão Tibúrcio o que tinha se passado e conseguiu que também ele se tornasse cristão.

Turcius Almachius, prefeito de Roma, "teve conhecimento da conversão dos dois irmãos. Citou-os perante o tribunal e exigiu peremptoriamente que abandonassem, sob pena de morte, a religião que tinham abraçado. Diante da recusa formal, foram condenados à morte e decapitados". Também Cecília, " teve de comparecer na presença do juiz. Antes de mais nada, foi intimada a revelar onde se achavam escondidos os tesouros dos dois sentenciados. Cecília respondeu-lhe que os sabia bem guardados, sem deixar perceber ao tirano que já tinham achado o destino nas mãos dos pobres. Almachius, mais tarde, cientificado deste fato, e prometeram abandonar o culto dos deuses."

Almachius, "vendo novamente frustrado seu estratagema, deu ordem para que Cecília fosse trancada na instalação balneária do seu próprio palacete e asfixiada pelos vapores d’água. Cecília teria sido então protegida milagrosamente, e embora a temperatura tivesse sido elevada a ponto de tornar-se intolerável, ela nada sofreu". Segundo outros mitos, a Santa "foi metida em um banho de água fervente do qual teria saído ilesa".

Almachius recorreu então à pena capital." Três golpes vibrou o algoz sem conseguir separar a cabeça do tronco. Cecília, mortalmente ferida, caiu por terra e ficou três dias nesta posição. Aos cristãos que a vinham visitar dava bons e caridosos conselhos. Ao Papa entregara todos os bens, com o pedido de distribuí-los entre os pobres. Outro pedido fora o de transformar a sua casa em igreja, o que se fez logo depois de sua morte".

O corpo de Santa Cecília ficou muito tempo escondido, sem que lhe soubessem o jazigo.

Uma aparição da Santa ao Papa Pascoal I (817-824) trouxe luz sobre este ponto. Achou-se o caixão de cipreste que guardava as relíquias. O corpo, foi "encontrado intacto e na mesma posição em que tinha sido enterrado". O esquife foi "achado em um ataúde de mármore e depositado no altar de Santa Cecília". Ao lado da Santa acharam seu repouso os corpos de Valeriano, Tibúrcio e Máximo.

Em 1599, por ordem do Cardeal Sfondrati, foi aberto o túmulo de Santa Cecília e o corpo encontrado ainda na mesma posição descrita pelo papa Pascoal. Desde o século 15, Santa Cecília é considerada padroeira da Música e dos Músicos.