terça-feira, 23 de agosto de 2011

23.- Química perfumada

Ano 6

PORTO ALEGRE

Edição 1846

Algo que me chamou a atenção em minha estada na Rússia no final julho e começo deste agosto foi a maciça campanha de desodorantes e assemelhados para uso masculino. Estes não têm ainda tradição de consumo, pois perfumar-se é/era algo muito particular do universo feminino. É preciso criar hábitos de consumo.

Esta observação me remete a um texto “Química perfumada” publicado na Folha de S. Paulo neste domingo. Nele se conta que uma resumida história das fragrâncias, que envolve a descoberta da destilação, da extração de óleos e pela criação das moléculas sintéticas. Com o texto de Sabine Righetti, meus votos de uma muito boa terça-feira:

O uso de aromas, presentes em desodorantes, cremes, xampus e perfumes, faz parte da história da humanidade. Mas a produção de cheiros de hoje só foi possível com a evolução da química.

As primeiras formas de aromatização eram feitas pela simples fumigação de ervas. Essa técnica fazia parte das cerimônias religiosas.
"Acreditava-se que Deus estivesse no ambiente, mesmo sem ser visto, assim como os cheiros", explica João Braga, professor de história da moda da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado).

Os aromas feitos a partir de ervas como a mirra -um dos presentes que teriam sido dados a Jesus- faziam parte de rituais desde o Egito Antigo. Lá, surgiram também as primeiras formas de perfumar-se por meio de pastas. Havia diferentes aromas para cada parte do corpo. Mas os líquidos dessas pastas eram muito voláteis", conta a química Claudia Rezende, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

'ALQUIMIA' Com o processo de destilação (separação da água e do álcool), aperfeiçoado no século 14, o perfume ficou independente dos banhos. Nessa época, as ervas para culinária, religião e perfumes se confundiam.

No século 16, os últimos alquimistas europeus -os químicos da época- aperfeiçoaram a condensação do vapor de ervas em ebulição para extração dos óleos essenciais - a base dos perfumes. "Isso deu um salto na história dos perfumes", explica Humberto Bizzo, que pesquisa óleos essenciais na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Desde então, a vida de personagens históricos foi marcada também pelos cheiros.
Um deles é Napoleão Bonaparte, líder da revolução francesa no século 18. Ele usava uma fragrância como a atual "Água de Colônia".
Apesar de adepto de cheiros, um perfume teria tirado Napoleão do sério: o de sua ex-mulher, Josefina. Ela teria impregnado o quarto dele com seu forte aroma antes de deixar sua casa.
A popularização dos perfumes aconteceu no século 19, com o avanço da química e o crescimento da indústria. Mas os perfumes não deixaram de ser itens "de luxo" e passaram a ter uma relação cada vez mais próxima com a moda.

"O sensorial é uma das formas de convencimento de consumo", lembra Braga.
Mas o odor é importante também para a sobrevivência. Serve, por exemplo, para identificar comida estragada. "É um alerta para o sistema de defesa", diz Rezende.

Hoje, a química se ocupa buscando moléculas, reproduzindo-as sinteticamente e criando fixadores. Os perfumistas trabalham com um universo limitado, mas grande, de substâncias: são cerca de 3.000 matérias-primas. A arte é fazer uma combinação delas.
"Além disso, há prospecção de novas substâncias na natureza e no laboratório", lembra Bizzo, da Embrapa. Ele, por exemplo, está em busca de novos aromas no cerrado brasileiro.

13 comentários:

  1. Boa noite/dia mestre!
    Pois sempre percebi o ato de perfurmar-se como uma tentativa de esconder nosso lado animal.Os heiros do corpo, por mais desagradáveis que possam ser, acusam que somos feitos da mesma matéría...

    abraço!

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  2. ah, foi a Marília da filosofia que postou, não consegui popstar como conta do google, estranho

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  3. Caro Chassot,
    Química é tua área, portanto, qualquer comentário técnico que eu pretenda fazer aqui fica devendo. Quero apenas citar o livro "O perfume" de Patrick Süskind, o qual é um monumento à química olorífica, vale a pena lê-lo.
    Destaco também um trecho do artigo de Righetti: "Os perfumistas trabalham com um universo limitado, mas grande, de substâncias: são cerca de 3.000 matérias-primas". Esta foi uma colocação infeliz da articulista, 3000 matérias primas significam trilhões de combinações possíveis, é só fazer a análise combinatória. Nem que os perfumes fossem produzidos um a cada dia, conseguiríamos fazer todas as combinações possíveis até o fim dos tempos. LIMITADO não é o termo correto para o universo dos perfumes. Abraços, JAIR.

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  4. Bom dia Professor!
    Fenomenal!
    Confesso que por pouco não fiz uma postagem no Quimilokos sobre esta reportagem da Folha, foi a correria de ontem mesmo que me impediu!
    Eu a vi pelo facebook, e fiquei encantada!
    =]
    O senhor bem sabe que adoro essa parte histórica! hehehe!!
    E a reportagem ainda cita sobre o cerrado!^^!
    Uma ótima terça-feira ao senhor!

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  5. p.s.:lendo o comentário do Jair, não tinha como me calar [rsssss], "O Perfume" é um livro que trabalho há alguns anos com meus alunos de 2º ano, e depois que fizeram o filme, também!
    É um livro que está sempre na minha cabeceira!
    Leio, re leio, tri leio [rsssss], e não me canso!
    É incrível a infinitude de sensações que ele nos fornece, e como elas sempre renascem em uma nova leitura do mesmo!
    xD

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  6. Muito querida Marília,
    primeiro foi oportuno identificares a blogada da madrugada. Não havia elementos para adivinhar a autoria.
    A história dos perfumes é muito linda e a mega indústria que envolve é inenarrável.
    Um afago chuviscoso na tarde de terça-feira e és sempre querida aqui,
    attico chassot

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  7. Muito caro Jair,
    talvez por não ter olfato apurado enquanto químico não tive expertise na área. Como coloca Righetti os perfumistas hoje fazem maravilhas em uma indústria que movimenta fortunas.
    Muito bem lembrado o livro “O perfume’ de Patrick Süskind. Tu referência me fez desejoso de rele-lo.
    Com agradecimentos

    attico chassot

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  8. Muito querida Thaiza,
    pois quando postei a matéria lembrei-me isto cabe na página “Quimilokos”. Certamente vale publicares.
    O assunto é muito ‘Química’.
    Agradeço tua presença numa terça-feira. Valeu.
    Sucesso para ti e para tua página que é referência.
    A admiração
    attico chassot

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  9. Thaiza muito querida,
    quando o Jair citou o “O perfume’ de Patrick Süskind lembrei-me dos livros mais gostosos que li talvez há um quarto de século. Vou ter que achar tempo para reler um dos teus livros de cabeceira.
    Um afago carinhosos do
    attico chassot

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  10. “ Isto não está me cheirando bem!” Bem, professor...a frase pode subentender algumas coisas como, por exemplo, o peixe “estragado”, a carne de duvidosa conservação, a roupa usada no dia anterior, secreções corporais(da axila à ferida), gases corporais( desses nem se fala!) e assim por diante, nesse fértil e imenso campo das associações de idéias e odores. Entretanto, a expressão pode lembrar, também, das coisas mal pensadas, faladas ou feitas. Destas, os perfumes são totalmente inoperantes como meios atenuantes. Nem com os trilhões de combinações das três mil matérias primas conhecidas. Porém, confesso um sonho de consumo: uma inigualável e inédita essência brasileira capaz de tornar mais suportável o cheiro exalado do meu jornal , quando o abro todas as manhãs e sinto como é tratada a saúde neste país.

    Um grande abraço, professor!

    Milton Paulo

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  11. Muito querido amigo Milton Paulo,
    realmente não há desodorante, bom ar ou outro aromatizante para a catinga que parece proveniente de uma pocilga exalada a cada dia do noticiário da área da saúde.
    Há situações incríveis de todos os lados. Esta paralização de hoje, dos técnicos, é pelo menos indecente. Querem trabalhar 30 horas com um contrato de quarenta horas. Mas muito pior que isso é não investir se na melhoria do atendimento da população.
    Sei que ao lado de médico envolvido com uma medicina que faz inclusão (recordo tua estada na África) és também desportista.
    Para mim parece um absurdo fazermos aqui a Copa do Mundo. Ao invés de ‘arenas’ que não terão uso depois de 2014 deveríamos fazer postos de saúdes e colocar neles profissionais bem remunerados.
    Um agradecimento por tua oportuna associação da blogada de hoje com o atendimento aos doentes que no Brasil parece exalar gás sulfídrico.
    Com admiração

    attico chassot

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  12. Caro Chassot,
    quase no apagar da terça-feira, que deveria ser véspera de uma viagem que foi abortada, visito a tua postagem de hoje. Acabei me envolvendo com o SIGA a tarde inteira (continuo apanhando feio do bichinho).
    O Perfume certamente nos encanta e utilizamos esse termo para as boas coisas. Certa vez escrevi um texto sobre uma menina que derrama o vidro de perfume da mãe por toda a casa. Qualquer dia desses vou fazer uma postagem com o texto: teu blog me inspirou.
    Uma vantagem de ser os últimos a ler a tua postagem é poder acompanhar os comentários dos outros colegas de leitura.

    Até amanhã no IPA (CDL)

    Um abraço,

    Garin

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  13. Muito obrigado,
    Mestre Garin, consegui uma vitória no Siga há dias: sei modificar faltas depois de publicadas.
    Estou chegando de 2 X 2 aulas de Conhecimento, Linguagem e Ação Comunicativa.
    Se cumprisse meus propósitos deveria agora lanças as aulas desta noite, mas vou deixar para amanhã.
    Agora resta aguardar teu texto aromatizada pela menina travessa.
    Acho sempre a leitura dos comentários preciosos.
    Até amanhã pela manhã.
    attico chassot

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