sexta-feira, 5 de agosto de 2011

05.- Ainda... um post-scriptum

Ano 6

PORTO ALEGRE

Edição 1827

Não sei porque, toda vez que quero colocar em um texto, especialmente em um correio eletrônico, post-scriptum, o tão útil corretor de texto troca/corrige o meu solene PS para OS. Quero colocar um recadinho a mais, e não uma Ordem de Serviço, como a sigla OS parece dizer.

É preciso fizer, que como a minha velocidade de digitação não é das melhores, que uso de mais o autocorreção do Word. Há dezenas de locuções e nome de instituições que digito duas ou três letras que se transformam em uma sequência de quase uma linha. Atualmente, em função da pane que ocorreu em meu notebook, em 26 de julho em Paris, escrevo em outro, generosamente emprestado pela minha filha Clarissa, não tenho aqui ‘meus economizadores de digitação’. Só aditei nesta máquina o ponto de interrogação: ei-lo:?

Pois esta blogada, difícil de escrever, pois há impressão que ainda não aterrissei. Aliás, talvez, por isso este preâmbulo, que parece apenas para ‘encher linguiça’, numa expressão démodé. Ocorre que estou escrevendo de minha casa, depois de mais de três semanas, período em que nenhuma vez precisei perguntar-me: Acerca de que será a edição do blogue de hoje? Foi um período de fartura tal, que a cada dia sobrava assuntos. Era como na interpretação dos sonhos do faraó, José falava em período das vacas gordas, agora parece que chegou o das vacas magras.

Assim o OS, ou melhor, o PS entra nesta edição, pois na madrugada insone – culpo as sete horas de fuso, pois quando acordei a primeira vez, um pouco antes da 1 hora, dei-me conta que na Rússia já era quase 8h da manhã. Ao pensar na pauta do blogue, ocorreu-me fazer um posfácio aos relatos da viagem, que ocuparam meus leitores e a mim, aqui, durante 23 dias. Mas dei-me conta que o nome era pomposo de mais, pois não tinha dedos, para tal produção. Assim, mais modestamente, faço desta edição, um discreto post-scriptum, às edições recentes.

Meu périplo europeu por três países acrescentou a Rússia ao meu passaporte. Aliás, ontem, quando o guardei, dei-me conta do simbolismo da ação. Agora, diferente dos outros dias, não me documento como um alienígena em terras estranhas. Agora, estou de novo na minha tribo.

Se precisasse fazer um destaque a cada um dos três países diria que os seis dias no Reino Unido tiveram como marca a visitação de museus, com destaque para a área de Ciência; os oito dias na França foram significativos no adensamento das relações familiares, marcados pelo conhecimento da região do Ardeche e a visita a imponente Avignon; e os sete dias de Rússia, tiveram a marco do novo, onde os caracteres cirílicos foram a magia de fazer mais maravilhosas as igrejas ortodoxas.

A estada no Reino Unido ganhou destaque ainda por dois detalhes. Por três dias ter ficado

sozinho enquanto a Gelsa foi cumprir agenda acadêmica em Manchester foi um desafio e os dois encontros com os queridos amigos de Teresa e Joe, a oportunidade prazerosa de matar saudades. Senti também algo de fidelidade na programação londrina, pois ao lado de galerias de arte, voltei com sofreguidão ao British Museum e ao Science Museum, presentes com destaques em minhas estadas anteriores. Uma vez mais aprendi muito que será importante enquanto professor.

Na França já fiz os destaques. É muito bom poder fazer conversões no imaginário. Antes,

quando a Júlia falava que ia com o Benjamin, visitar os pais deste no Ardeche, tudo era uma abstração. Foi muito bom estar com os quatro num fim de semana em uma geografia inédita e muito diferente. Balaluc, com seus 300 habitantes, está muito presente em nosso mapa. Avignon, tão significativa na história da igreja romana, agora é muito mais real e convence-me de quanto tenho que estudar mais para entender muito que vi.

Na Rússia foram só descobertas. Nestas se incluem a constatação de um analfabetismo diante dos caracteres cirílicos. Moscou foi um banho de história. Ter estado no Kremlin e na Praça Vermelha foi emocionante. As estações do metrô são realmente palácios de artes subterrâneos como escrevi. Saint Petersburg foi a consubstanciação de um sonho há muito

embalado. Todas as expectativas foram superadas. As lindas igrejas ainda povoam meu imaginário.

Ainda da viagem vale a constatação de que sabemos conviver bem com frustrações. Ter malas extraviadas (uma ainda é esperada), perder dinheiro em explorações de taxistas (escrevi sobre isto ontem) exige aprendizados. Eu me felicito, pois a pane em meu computador me chateou, mas não fiz drama.

Algo que para Gelsa e para mim é inusual: mesmo que estejamos juntos há quase um quarto de século, moramos em casas separadas, esta convivência mais cotidiana em hotéis também oferece doses de alegrias.

Assim, no encerramento destas edições deste diário de um viajor, tenho um agradecimento público à querida parceria da Gelsa – para assuntos de viagens é uma competente Gelsatur. Sou muito grato a cada uma e cada um dos meus leitores que ‘viajaram’ comigo. Agora, a vida continua. Uma boa sexta-feira, que começa com uma manhã fria, com temperaturas em torno de zero graus.

8 comentários:

  1. Bem vindo, caro amigo!
    Certamente até vc voltar a acertar o seu bioritmo com o fuso horário daqui vai demorar um pouco. Mas não é um tempo de vacas magras...
    Suas blogadas diárias trazem sempre algo novo. Ao ler o texto de hoje "refiz" sua viagem, que considero fascinante.
    Abs
    Renato

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  2. Meu querido Renato,
    obrigado pelo apoio a estes comentários. Leitores como tu estimulam,
    Um bom fim de semana,
    attico chassot

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  3. Prof. Chassot,

    seja bem-vindo!

    Imagino o quanto deve estar cansado, anda mais com as frustrações, por outro lado, acompanhando um pouco sua viagem, fico imaginando o que significa conhecer cada lugar para um homem que assumiu conhecer, fazer e viver História. Para mim, reforça o teu exemplo enquanto inspiração para construir o meu eu-educador.

    Preciso reenviar para ti uma postagem que fiz a uns dias atrás devido a uma certa urgência de resposta: Nós, professores da UNEB, estamos tentando entrar em contato para convidá-lo a nos visitar aqui em Salvador, mais uma vez. Há um convite em teu email com mais detalhes.

    Abraços saudosos

    Ródnei

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  4. Caro Chassot,

    já saudei o teu retorno no meu blogue. Sorvo aqui o rescaldo desses 23 dias com o teu PS. Espero que consigas recuperar o teu laptop de tal sorte que os teus dados e a familiaridade com o equipamento próprio. Quando temos que trocar é sempre um desconforto.

    Em breve nos encontraremos pessoalmente quando poderei te dar um abraço e matar a saudade.

    Até breve.

    Garin

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  5. Muito estimado colega Garin,
    obrigado pelo acolhimento. Irei ao IPA esta tarde. Talvez nos vejamos.
    Agora com mais saudades,
    achassot

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  6. Muito estimado colega e amigo Rodnei,
    que alegria ver nossos contatos restabelecidos.
    Terei muita alegria de ir a Salvador.
    Não encontrei o correio eletrônico referido.
    Com muita expectativa
    attico chassot

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  7. Caro Chassot,
    Sente-se pelo teu texto que tu estás acometido de "Síndrome do Retorno", mal que atinge aqueles que retornam de viagens e apresentam certos sintomas como "jet lag" e certa nostalgia pelo visto, sentido e usufruído no tour. Mais uma vez, bem vindo e aproveito nosso inverno, que este ano é um dos mais frios. Abraços, JAIR

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  8. Meu caro Jair,
    teu comentário responde-me a uma pergunta: Qual a dica de leitura que vou apresentar amanhã>
    Vou trazer o filósofo Michel Onfray falando sobre terminar e começar uma viagem. Aguarde.
    Obrigado pela pista,
    achassot

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