segunda-feira, 13 de junho de 2011

13.- Santo Antonio inaugura o ciclo dos santos juninos

Ano 5

Porto Alegre

Edição 1774

Lateralmente permito-me, por primeiro, um chamado a possíveis interessados em mestrados da região metropolitana de Porto Alegre e adjacências. Há dois mestrados com inscrições abertas para o processo seletivo. Recomendo considerar.

O dia dos namorados passou. Passou o fim de semana que teve gostoso encontro familiar. Agora tenho que prover uma blogada para inaugurar semana que será a última do outono 2011. As blogadas de segunda-feira são as mais difíceis, pois elas devem vencer uma energia de ativação negativa. Se que se possa propor tal paradoxo termodinâmico.

O domingo foi ensolarado e as cinzas do vulcão até foram esquecidas. É verdade que elas determinaram um acumulo dominical na leitura de jornais, pois jornais de fora do estado não chegaram ontem e hoje tivemos dose dupla.

Mas mesmo com overdose de jornais, que a cada noite de domingo fazem aflorar culpas, pela quantidade de papel descartado, houve dificuldade de trazer um assunto. Visitei a blogada desta data há um ano. Vi que três assíduos comentaristas de então (Marcos Vinicius, Matilde e Luis) andam há muito desaparecidos. Ocorreu-me, assim, que pudesse requentar aquela edição e falar no santo que abre o ciclo dos santos juninos. Repito o que dizia então: na quero ao blogar acerca de ‘Santo Antônio’ parecer carola. Mais que um texto hagiográfico, esta edição quer fazer comentários de uma das marcas tão presente em nossa realidade: a religiosidade. Mesmo com texto mais folclórico, sei que a pecha de igrejeiro pode ser-me aditada.

Ontem foi o dia dos namorados e entre nós não como não associar ao santo de hoje: Santo Antonio. Assim, por exemplo, em Lisboa se realizaram ontem dos casamentos de Santo Antônio. Estes tiveram a sua primeira edição em 1958 com o patrocínio de um jornal da cidade em pleno regime Salazarista no chamado Estado Novo. Os casamentos deixaram de se realizar durante diversos anos até que em 1997 a Câmara Municipal de Lisboa decidiu retomar a iniciativa e passar a incluir casamentos civis e até de denominações religiosas não católicas. No entanto, mesmo com a recente aprovação dos casamentos civis para casais do mesmo sexo, a Câmara Municipal de Lisboa recusa-se a dar oportunidade a jovens casais do mesmo sexo de poderem beneficiar deste evento para o qual concorreram mais de 100 casais este ano.

É muito provável o santo casamenteiro seja o santo mais popular no Brasil (talvez de toda a cristandade) e sua explicação é óbvia já na sua nominação: de Lisboa. Se há algo em que não negamos uma herança forte a nossa Pátria colonizadora: religiosidade. Claro que não só: herdamos a língua, mesmo que a tenhamos mudado muito, que às vezes filmes portugueses precisam ser dublados. Também é muito portuguesa a nossa maneira cartorial de viver.

Há um ano meu crédito de mais popular dado a Santo Antônio foi contestado e colocado em terceiro lugar (em primeiro estaria são Jorge e em segundo Nossa Senhora Aparecida). Muito provavelmente a minha classificação e a de Marcos Vinicius e na base do achometro.

Mas Santo Antônio de Lisboa (que também é de Pádua – por ter vivido nessa cidade italiana –, numa disputa histórica entre duas das mais católicas nações que não vou aqui aderir) é também o patrono de uma legião de municípios brasileiros e de acidentes geográficos que vão de becos de favelas a caudalosos rios. Há poéticos nomes de munícipios tanto no Brasil quanto em Portugal e talvez os recifense sintam saudade de quando chamavam sua cidade de Santo Antônio das Cacimbas do Recife do Porto. Talvez não haja Estado onde não haja alguns munícipios ‘Santo Antônio’. Aqui no Rio Grande do Sul temos Santo Antônio da Patrulha e Santo Antônio das Missões.

Antônio ou Antonio (também António em Portugal) é provavelmente o nome de batismo – ou para ser mais adequado aos tempos atuais: de certidão de nascimento – milhares de brasileiros, mesmo que depois possa se converter em Tom, Tonico, Nico. Isto sem deixar de listar combinações as mais diversas como as frequentes: Antônio Carlos, ao Marco Antônio ou Luís Antônio.

Acredito que se fizesse uma pesquisa, a grande maioria não localiza em que época viveu esse taumaturgo. Pois ele nasceu em Lisboa na virada do Século 12 para o 13 e faleceu em 1231, com apenas 36 anos de idade. Foi beatificado e canonizado menos de um ano após a sua morte. Isto atesta o quanto então já deva ter sido popular.

Depois de ser algum tempo agostiniano ingressou na Ordem franciscana, da qual foi um dos maiores expoentes. Pregou na Itália e no sul da França, conseguindo muitos milhares de conversões. Combateu arduamente a heresia dos cátaros e patarinos, dominante no seu tempo, pelo que o chamavam de "incansável martelo dos hereges". Não apenas os combatia no púlpito, pela pregação, mas também por meio de milagres espantosos. Sabia de cor quase todas as Escrituras e tinha um dom especial para explicar e aplicar as mais difíceis passagens. Se diz que, sua língua, que tanto pregara a palavra divina, foi preservada da corrupção e até hoje é venerada num relicário, em Pádua.

Depois de tudo isso me cabe a classificação de igrejeiro, pois nem contei que as moças casadouros mergulh(av)am a estátua do santo, enforcado de cabeça para baixo para conseguir casamento, principalmente quanto as mesmas tinham/têm um pretendente que não as pretende.

Desejo a cada uma e cada um de meus leitores, particularmente aos Antônio e também às Antônia, a melhor segunda-feira.

6 comentários:

  1. Caro Chassot,
    Belíssima blogada, mesmo não sendo igrejeiro nem igrejento me interesso pela história e a hagiologia traz informações preciosas que enriquessem a história. Parabéns e boa segunda feira para você.

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  2. Caro Chassot,

    escrever uma blogada por dia não é coisa fácil. Primeiro é necessário tempo. Entretanto, o mais difícil é a inspiração. Há dias que a gente se pergunta: sobre o que devo escrever? A resposta: nada!

    Há um filme, cujo nome é "Encontrando Forrester" (original: Finding Forrester) que foca a vida Jamal Wallece. Forrester, ao tentar ensinar Wallece a escrever lhe diz: "apenas escreva, sem pensar no que escrever". Confesso que há certos momentos que adoto essa técnica.

    Boa segunda-feira e votos de uma ótima semana. Na sexta, teremos nosso Seminário em "latest editon".

    Garin

    http://norberto-garin.blogspot.com

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  3. Meu caro Jair,
    recebo diariamente ‘o santo do dia’. Aprendo e também me divirto com ‘os milagres’.
    Um bom saldo de segunda-feira, Na blogada de amanhã hás de ter interesse: 14.- Jatos não resistem a cinzas vulcânicas
    Com admiração
    attico chassot

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  4. Meu caro Garin,
    não conheço o filme. Como se dá a produção da escrita me interessa.
    Certamente já me ouviste contar, que isso de não saber o que postar no blogue para amanhã, me lembra muito minha mãe: a cada noite ela perguntava angustiada: ¿O que vou cozinhar amanha? Alimentar nove pessoas com parcos recursos se assemelha um pouco com nossas necessidades de postar algo a cada dia.
    Com expectativas para nosso seminário de sexta-feira.
    Com estima e admiração
    attico chassot

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  5. O presente que Santo Antonio me deixou no dia de ontem 13/06/2011 foi um grande engarrafamento que iniciou na Av Joao Pessoa, seguiu pela Av.Bento Gonçalves até Rua Luis de Camões (rua da igreja Santo Antonio)...resultado cheguei em casa era quase 20h da noite. Essa foi a vingaça dele por deixa-lo com a cabeça virada em um copo dágua! hehehehe

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  6. Janice querida,
    quando ne com os santos podemos contar quando o assunto é (in)mobilidade urbana é algo infernal. Parece que melhor que emborcar o santo em água e roubar-lhe o menino Jesus. Parece que aí ele resolve ajudar.
    Experimenta e me conta
    attico chassot

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