quinta-feira, 17 de março de 2011

17.- ¿ Seu filho nasceu para ser um atleta de elite?

Porto Alegre * Ano 5 # 1687

No entardecer de ontem a Morada dos Afagos recebeu a apreciada visita do Professor Guy Barros Barcelos, biólogo, criador e curador do Museu da Natureza na Escola São Mateus ULBRA em Cachoeirinha. Em autorretrato o visitante e o anfitrião. Leitor deste blogue e de vez em vez

apreciado comentarista. O pretexto de organizarmos juntos atividades, que pretendemos desenvolver em maio no Museu serviu para receber, pela primeira vez, a muito apreciada visita. O Guy trouxe um chá inglês o que deu oportunidade para tirar de minha cristaleira um conjunto de louça que comprei em 1991 em Londres. Saboreamos o chá junto à fonte, que nos fez lembrar os prováveis chás que eram sorvidos em ‘O Jardim de Darwin’ mostrado em livro homônimo que também apreciamos. Mostrei alguns de meus livros e preciosos ao Guy, um bibliófilo e polímata. Foram mais de duas horas de conversação sobre a construção do conhecimento.

Ontem trouxe três pérolas em termos de mensagens recebidas. Mas abacate também tem caroço, e este não é comível. Mensagens como a que transcrevo a seguir (onde os quatro nomes astericados* são fictícios) não são tão raras. Não é a primeira vez que comento estes caroços. Mas vale mais uma:

Olá Professor tudo bem?

Sou professor de Física, Bruno de Nola*, no Colégio Sapientia* de Laçaço Mirim*. Além disso, sou mestrando do PPG Ensino de Ciências da UXPTO*. Meu projeto é uma proposta de inserção de novas tecnologias no Ensino de Física. Com câmeras digitais de baixa resolução e o computador os alunos elaboram vídeos de experimentos reais e elaboram gráficos. Paralelo a isso, estamos construindo simulações computacionais que servem de complemento na aquisição de dados, devido a baixa resolução dessas câmeras.

Dessa forma, busco como referencial teórico a Educação Científica e Tecnológica. Gostaria, que o Professor indicasse livros, dissertações e artigos sobre esse tema. Muito Obrigado. Um abraço.

Primeiro, como destinatário não é nominado, pode ser uma circular mandada para uma dezena de professores. Recebi-a na manhã do último sábado, o que já traduz certa inadequação. Com frequência via a mensagem pedindo resposta. Nesta terça-feira escrevi: Prezado colega Bruno de Nola, tudo bem! Devo dizer que fiquei um pouco surpreso com a extensão de teu pedido e desde o fim de semana pensei como te responder. Quando, hoje, se diz que uma pesquisa começa com a ajuda dos robôs do Google, parece que tu os desconheces e/ou não crês em sua eficiência. Por curiosidade, coloquei duas locuções de tua mensagem – vídeos de experimentos reais e simulações computacionais no Google Acadêmico ou Scholar’. Recebi, para cada uma, dezenas (sim, dezenas) de artigos, muitos dos quais acerca de ensino de Física. Não sou da área na qual pesquisas e por isso não sei, desta fartura de sugestões, quais já conheces e/ou quais mais se afinam com teu problema de pesquisa. Com continuada disponibilidade, attico chassot

Não sei se meu colega apreciou a resposta. Sua consulta não me pareceu diferente daquele aluno que me escreveu: Professor, o senhor poderia me resumir o capítulo 4 do seu livro Ciência através dos tempos.

Complemento esta edição trazendo algo que me emocionou zero, mas que estará sendo perguntado pelos estudantes nas aulas de Ciências. Assim trago a matéria: Testes genéticos prometem prever talento para esportes distribuída pela Associated Press. Mais uma vez para que vale exclusivamente o genético. Há (quase) uma predestinação. As contribuições do meio são desconsideradas. Antes de oferecer o texto, votos de uma muito boa quinta-feira.

Seu filho nasceu para ser um atleta de elite? Vendedores de testes genéticos nos Estados Unidos afirmam que a resposta está em exames feitos pelo correio, por menos de US$ 200 (R$ 332).
Alguns clientes dizem que os resultados ajudam a conduzir os filhos para os esportes certos. Mas médicos afirmam que os testes colocam os lucros à frente da ciência.
Pesquisadores já identificaram vários genes que podem determinar força, velocidade e outros aspectos da performance atlética.
Mas é possível que haja mais centenas de genes relacionados, além das experiências que determinam as habilidades atléticas, afirma Alison Brooks, especialista em medicina do esporte na Universidade de Wisconsin.
Brooks escreveu um comentário sobre o assunto na revista "Jama", da Associação Médica Americana.
Bradley Marston, de Bountiful, Utah, comprou um teste pela internet há um ano para sua filha Elizabeth, 10.
Como ela joga futebol "muito bem", Marston queria saber se ela tinha uma variação do gene ACTN3, ligado à produção de uma proteína que atua nos músculos.
Uma forma desse gene foi ligada a explosões de força necessárias para atividades como corrida curta e levantamento de peso.
O teste de Elizabeth mostrou que ela tem o gene para explosão muscular. Seu pai espera que esse resultado a ajude a ganhar uma bolsa de estudos para a faculdade.
Mas, para o especialista em genética Stephen Roth, da Universidade de Maryland, a ciência de como genes influenciam habilidades atléticas está em fase inicial, e as promessas das fabricantes de testes estão baseadas em "suposições imprecisas".
Lainie Friedman Ross, especialista em ética médica da Universidade de Chicago, alerta que as crianças podem não entender os resultados dos exames. "Isso é genética recreativa, com potencial para causar danos", diz Ross
.

5 comentários:

  1. Querido mestre
    O e-mail que você recebeu nos lembra que a tarefa é grande, e árdua, mas também muito necessária.Precisamos continuar acreditando numa melhor formação nas licenciaturas, pois professores e também pesquisadores melhores são necessários. Caminhemos então, não? Um forte abraço: Cris

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  2. Ave Chassot,

    me honra e emociona figurar neste insigne blogue.
    O chá ontem foi um grande momento.

    Obrigado por compartilhares tua sabedoria.

    Grande abraço,
    Guy.

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  3. Cristhiane querida,
    cada vez mais continua acreditando como tu, na importância de investirmos nossos esforços nas licenciaturas.
    Manda-me teu endereço eletrônico que não tenho.
    Afago agradecidos

    attico chassot

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  4. Thaiza querida,
    não tem cumprimento atrasado. Fazê-lo depois só expande a celebração.
    Muito obrigado por teus acarinhamentos
    attico chassot

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  5. Querido Attico Chassot, é um imenso prazer escrever-te por esse instante!
    Passei a conhecer-te através do livro A ciência através dos tempos e percebi o quanto a ciência é importante para toda a humanidade !
    Um grande beijo e que Deus continue o abençoando !
    Mírian Barreto

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