quarta-feira, 16 de março de 2011

16.- Da caixa postal

Porto Alegre * Ano 5 # 1686

Cheguei, não faz muito do Centro Universitário Metodista do IPA, onde dei a terceira aula de Conhecimento, Linguagem e Ação Comunicativa para alunos de Educação Física e Filosofia. Saio destas aulas muito gratificado por ver os estudantes muito participativos e interessados. Fico sem vontade de ir dormir, assim espero chegar a meia noite para postar o blogue desta quarta-feira, que desejo seja frutuosa para cada uma e cada um.

Tinha pautado algo acerca de Testes genéticos prometem prever talento para esportes. Postergo. O assunto não tem data.

Uma vez mais peço a indulgência de meus leitores. Ainda vivo a oitava da celebração do último domingo. Sei que já me espraiei no assunto na segunda e terça feiras. Mas as emoções quase me colapsam. Quero contar de mensagens recebidas.

Duas são de pessoas que trabalharam para mim. Fico feliz, que ainda por ocasião do Dia Internacional da Mulher referi essas mulheres que trabalha(ra)m. Eis que ontem, duas delas me comovem.

Uma aparece chegada de tempos distantes. Era de quando meus filhos eram pequenos. Há muitos anos não sabia dela. Uma vez o outra – também já há muito tempo – um cartão de natal trocado (isso nos tempos internético está quase démodé). Eis que ontem chega a Joana D’arc Oliveira dos Santos. Eis o que ela vem dizer numa mensagem eletrônica onde o assunto é Satisfação:

Olá, eu sou Joana que trabalhei em sua casa na ALDEIA SARMANA no Bairro Glória, na época com 12 ou 13 anos, se minha memória não me faltar. Há uns dos ou três anos atrás meu filho me falou que o Sr. trabalhava na Unisinos.

Ontem a professora Águeda da Unisinos indicou um livro seu para resenha, e fiquei feliz pela coincidência de ser seu, achei o máximo. Pois estou com 46 anos de idade cursando Direito, o meu filho já se formou na Unisinos. Sabe fico feliz pois lembranças são boas daquele tempo, fui bem tratada em sua casa, e não nunca me esqueci disso.

Muitos abraços na família e nas " crianças" André, Bernardo, Ana e Clarissa (ou Larissa)?

Tenho uma foto das crianças daquele tempo ... vou escanear e lhe enviar. JOANA-Porto Alegre/RS

Respondi imediatamente: Muito querida Joana, tu não podes imaginar a emoção tua mensagem me traz. Lembro-me muito de ti. Tu tiveste uma importância muito grande quando as crianças eram pequenas, especialmente para o Bernardo e o André (que tinham um pouco menos idade que tu: és 3 anos mais velha que o Bernardo e 5 que o André). Tuas contas parecem certas. A Ana Lúcia nasceu em 1977 (ano que fomos morar em Sarmana, quando tinhas 13 anos). Se já tínhamos a Clarissa (nascida em 1980) tinhas 15 anos (ou viste trabalhar conosco quando já morávamos lá há uns dois ou três anos). Um pedido: manda-me teu endereço de correio que desejo enviar-te um livro meu com uma dedicatória. Com muita emoção a gratidão do attico chassot

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As emoções, marcadas pela natureza idêntica das emissoras. Pessoas que prestaram serviço para mim. Há quase um quarto de século moro sozinho. Logo preciso muito de uma pessoa que me ajude a cuidar da casa e também zele pela minha roupa. Neste período tive já varias pessoas. Com exceção de duas recentes demissões, a maioria deixou-me por seu desejo, pois houve alterações na situação pessoal.

Hoje no blogue tinha um comentário que não trazia assinatura:

oie seu atico minha filha e eu estamos muitos felizes por seu aniverssario de 50 anos de professor nois estamos muito felizes mesmo!!! estamos com saudades xau

O mistério foi solucionado quando aparecia o nome Camila, como autor da postagem. Lembrei da Camila, a filha da Marines, que trabalhou comigo desde Julho de 2002 (quando retornei do pós-doutorado) até março de 2006 (quando a família retornou para Santa Catarina, por razões profissionais do esposo). Foi um período onde se fez amizade. Acompanhei o progresso da alfabetização da Camila. No diário de cozinha – livro que me comunico com as serviçais que trabalham comigo – encontrei bilhete com as primeiras letras da menina.

Postei este comentário: Muito queridas Camila e Marines, quando a Rose contou-me que vocês leem o blogue fiquei emocionado. Agora receber um comentário me parabenizando pelos 50 anos de professor é o máximo. Dona Marines, tenho muita saudade do tempo que cuidava com tanto carinho e responsabilidade da Morada dos Afagos. Mais recentemente tive prejuízos sérios com pessoas que trabalharam aqui. Muito obrigado pelo comentário e a continuada admiração do attico chassot

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Mas, ontem houve, ainda, uma terceira mensagem que muito me gratificou. Está vem da Academia, mas nem por isso menos emocionante. Escreveu-me o Prof. Wilmo Francisco Jr da Universidade Federal de Rondonia (onde no ano passado estive fazendo palestras em Porto Velho):

Estimado professor,

como vai? De início gostaria de parabenizá-lo pelos 50 anos e pelo livro que com certeza será mais uma leitura para mim.

Por falar em leitura, esse é o tema de minha tese de doutorado a ser defendida dia 01/04. Nela desenvolvi trabalhos de leitura com os alunos. Escrevo para informar que duas dessas atividades de leitura foram com textos seus. Em uma adaptei o capítulo Imagens de um mundo quase imaginário de Alfabetização Científica, e no outro fizemos várias atividades a partir da leitura de A Ciência é Masculina? Achei que seria interessante saber disso, e encaminho os referidos capítulos em anexo caso queira saber um pouco mais. Adianto que a leitura foi tida como agradável, resultados coletados com os alunos, e bastante frutífera. Eu sugeriria uma espiada no trabalho com o livro A Ciência é Masculina? Os alunos produziram textos muito interessantes baseados no livro. Caso interesse posso enviar o arquivo completo da tese.

O outro assunto também está relacionado à leitura. Desejo desenvolver um trabalho de leitura de A Ciência através dos tempos. Precisaríamos de algo em torno de 20 exemplares (autografados) e gostaria de ver o que podes fazer. Abraços, Wilmo.

Li emocionado os dois capítulos da tese do quase doutor. Não consegui parar a leitura. O capítulos acerca do A Ciência é masculina? é muito gostoso. Os alunos da licenciatura em Química produziram, a partir da leitura do livro cartas (algumas dirigidas ao autor), poesias, textos literários e histórias em quadrinho. Foi muito gostoso ver como as teses que defendo no livro foram sendo apropriadas pelos autores. O texto Imagens de um mundo quase imaginário de Alfabetização Científica teve como sujeitos da pesquisa 24 estudantes de um curso pré-vestibular da cidade de Araraquara-SP, mantido e coordenado pela Organização Não-Governamental Frente Organizada pela Temática Étnica (ONG-FONTE). Estes não produziram algo tão significativo, quanto os licenciandos de Porto Velho, talvez devido a escolarização e por ser um texto mais técnico. Todavia houve sacações, especialmente acerca da produção de modelos, que a mim foram surpresas.

Foi bom ter repartido com meus leitores as emoções destas três mensagens, Até um próximo encontro, nesta quinta-feira.

2 comentários:

  1. Olá professor. Fiquei muito feliz quetenha gostado, e ainda de quebra ter divulgado em seu blog. Voltando a falar sobre leitura, coincidentemente, acabei de dar uma entrevista sobre o tema para a Ciência Hoje on line. Se não for pedir muito, confira no site http://cienciahoje.uol.com.br/alo-professor/intervalo/ler-o-mundo. abraço.

    Wilmo.

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  2. Meu caro Wilmo,
    atendi tua sugestão. Valeu ter lido a entrevista. Me encanto com as defesas que fazes da leitura.
    A propósito eis uma frase na entrada de uma biblioteca universitária.
    Livros não mudam o mundo!
    Homens mudam o mundo!
    Livros mudam os homens!
    Com admiração
    attico chassot

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