quinta-feira, 3 de março de 2011

03. – Quando um vencedor oferece algo mais

Porto Alegre * Ano 5 # 1673

Ontem à noite participei do ato religioso-acadêmico de celebração de posse de Roberto Pontes da Fonseca como reitor do Centro Universitário Metodista, do IPA, como diretor da Faculdade Metodista de Santa Maria (FAMES) e como diretor do Colégio Metodista Americano, de Porto Alegre, do Colégio Metodista Centenário, de Santa Maria e do Colégio Metodista União, de Uruguaiana, unidades que compõem a Rede Metodista de Educação do Sul. O novo reitor é educador Metodista da Rede Metodista de Educação há 20 anos e é formado em Administração, especialista em Marketing, mestre e doutorando em Educação. Ao lado de ouvir líderes religiosos da igreja metodista no Brasil, foi um momento de rever colegas neste inicio do ano letivo.

Encerrava a blogada do dia 22, terça-feira antes da entrega do Oscar assim: “O Discurso do Rei, baseado na história real do rei George VI, [mais detalhes históricos do filme e da história da monarquia inglesa, naquela edição] é comovente pelo ingente esforço da esposa Bertie e de Lionel, o terapeuta do príncipe e depois monarca para este superar a gagueira. A esposa é talvez a figura mais importante e audaciosa. Um excelente e comovente esforço na superação de uma dificuldade removível, mas que impedia o pleno exercício do reinado. Aqui, uma sugestão de um bom filme, que parece muito especial, especialmente para aqueles de nós que tem na fala o principal instrumento de trabalho”.

Pois 'O discurso do rei', é o grande vencedor da 83ª edição do Oscar 2011, conquistou quatro

das principais estatuetas na cerimônia realizada no domingo (27/02) em Los Angeles (EUA): melhor filme, melhor ator para Colin Firth, melhor diretor para Tom Hooper e melhor roteiro original de David Seidler.

O assunto acerca dos gagos ou tartamudos – palavra que mesmo presente em dicionários da língua portuguesa é de mais agrado aos de fala espanhola – entrou na pauta em discussões jornalísticas com o sucesso do filme. A Zero de Hora do último sábado (26/02) fez a gagueira tema de capa do caderno Vida, com excelentes matérias. Vale conferir quem tem interesse pelo assunto e não viu.

Ontem o programa Gaúcha na Madrugada, da rádio Gaúcha, trouxe a discussão o assunto com profissionais e portadores de tartamudez (no estúdio e por telefone). Vários fóruns de entreajuda foram destacado. Parece importante referir a ABRA GAGUEIRA, Associação Brasileira de Gagueira, uma organização não-governamental, sem fins lucrativos,www.abragagueira.org.br/ onde até dicas acerca do uso do telefone por portadores de gagueira é oferecido.

A disfemia, conhecida popularmente como gagueira ou gaguez, é a mais comum desordem de fluência da fala, atingindo cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil e mais de 60 milhões de pessoas em todo o mundo. Os sintomas mais evidentes da gagueira são a repetição de sílabas, os prolongamentos de sons e os bloqueios dos movimentos da fala, sobretudo na primeira sílaba, no momento em que o fluxo suave de movimentos da fala precisa ser iniciado. Também se usam os termos tartamudez, disfemismo ou disfluência. Além de gago, o indivíduo que apresenta disfemia recebe o nome de disfêmico, tartamudo, balbo (de balbuciar) ou tardíloquo.

Eis um dado significativo: cerca de 75% (três em cada quatro) das crianças entre dois e quatro anos de idade apresenta episódios de disfemia, sendo geralmente episódios transitórios que duram poucos meses, ocorrendo em consequência de uma combinação de vários fatores durante o desenvolvimento da fala. Um destes fatores é a maturação lenta das redes neurais de processamento da linguagem, que resulta numa habilidade ainda pequena para articular palavras e encadeá-las em frases nesta idade.

Além de confirmar o favoritismo na premiação, o longa-metragem colocou em evidência a importância da Fonoaudiologia. Segundo a professora do curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário Metodista, do IPA, e presidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia (Crefono 7), Marlene Canarim Danesi, é importante analisar a profissão no contexto atual. Para ela, um dos maiores problemas da sociedade contemporânea é o desprezo pela afetividade. “O profissional de hoje precisa ter como valores a flexibilidade, a autonomia, a resilência, que é a capacidade de adaptar-se rapidamente, sem esquecer a afetividade”, afirma em entrevista publicada na página institucional.

Ao afirmar que o fonoaudiólogo do século 21 precisa ser capaz de viabilizar o uso compartilhado do conhecimento e da informação e, sobretudo, entender que o paciente busca a sensibilidade e a escuta, Marlene ressalta ser indispensável que nunca se esqueça o incrível poder da palavra. “Assim como ela é capaz de libertar, de devolver o prazer da vida, com a mesma eficiência é capaz de subjugar, de aprisionar e de levar à morte da consciência”, completa.

Para ela, o personagem que trabalha como fonoaudiólogo em “O discurso do rei”, apesar de ter todas as inovações da modernidade, teve o principal: a capacidade de perceber o que o paciente buscava, sua escuta e sensibilidade. “Ele uniu sabedoria e afeto e, sobretudo, foi mestre em usar a palavra para libertar seu paciente, em lhe devolver o prazer de viver e de reinar efetivamente, podendo expressar ao seu povo seus pensamentos e sentimentos”, conclui a Professora Marlene em matéria da jornalista Vanessa Mello.

Enfim, significativo ver cada vez mais aumentada as possibilidades daquelas e daqueles aos quais a gagues, em muitas situações, impede o sucesso profissional. O relato dos que superaram este obstáculo é impressionante. Que esta esperança embale a quinta-feira de cada uma e cada um dos leitores deste blogue.

5 comentários:

  1. Ave Chassot,

    o filme é estupendo e a trama comovente.
    Um exemplo de superação e força.

    Viva a maravilhosa voz humana e aqueles cuidam dela.

    Abraços,
    Guy

    PS: estou com uma tremenda disfonia... irei a um fonoaudiólogo...

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  2. Muito atento Mestre Guy,
    realmente lindo filme que enquanto grande Vencedor enseja discussões acerca de nosso instrumento de trabalho: a voz.
    O que não se pode dizer de ‘O cisne negro’ onde a magnífica música de Piotrov Tchaikovsky é conspurcada pelas violências físicas e psíquicas que são submetidos os bailarinos quando se faz da dança um espetáculo de competição na superação de limites.
    Que um fonoaudiólogo sane tua disfonia.
    Com admiração
    attico chassot

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  3. Professor Guy procure sim um fonoaudiologo , mas se informe bem sobre o profissional que irá lhe atender , porque a fonoaudiologia como a medicina tem suas especialidades , assim como um medico psiquiatra não atende um fraturado que precisa de um ortopedista , um fonoaudiologo especializado eu audiologia não vai atender bem uma disfonia que precisa de um especialista em voz Marlene Danesi

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  4. Caro Attico:
    Agradeço ter colocado este tema no seu blog, que tenho certeza tem muitos leitores e pela qualificação do blogueiro, que certamente são leitores qualificados .
    Se o algum leitor necessitar pode ter informações mais detalhadas contate o site do conselho www.crfa7.com.brou telefone 33331291; Costumamos fornecer uma serie de opções e nomes , de acordo com o sintoma. Mais uma vez obrigado, Marlene

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  5. Estimada Marlene Danesi,
    agradeço a minha colega professora do curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário Metodista, do IPA, o apreço que traz ao assunto de hoje deste blogue, assim prestigiado pela também presidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia (Crefono 7).
    Que bom que há profissionais como os fonoaudiólogos que ajudam aos homens e mulheres a cuidar da voz, algo que nos faz distinguidos nas comunicações.
    Com admiração
    attico chassot

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