domingo, 20 de fevereiro de 2011

20- Domingo (ou sábado) de 25 horas?

Porto Alegre * Ano 5 # 1662

Legalmente foi o sábado que teve 25 horas – e é na 25ª que faço este escrito, pois à meia-noite, na passagem de sábado para domingo, terminou mais um horário de verão. Talvez, esta hora a mais seja curtida hoje, quando uma significativa parcela de brasileiros atrasou em uma hora o relógio, ritual já cumprido 36 vezes no país, desde 1931.

Recordo de 2002 quando vivi em Madrid a mudança de horário acontecia às 2h da madrugada. Lá as atividades mais usais têm outro ritmo. Levanta-se mais tarde, o almoço é às 14 horas e a janta pelas 22h. Logo à meia noite, há muita gente acordada, assim o adiantar/atrasar relógios no inicio/término do horário de verão é mais tarde. Nas evocações da Espanha trago um de seus artistas mais importante com duas ilustrações para o tema de hoje: pintor catalão Salvador Domingo Felipe Jacinto Dalí i Domènech, 1º Marquês de Dalí de Púbol (1904 —1989), ou apenas como Salvador Dalí, lembrado pelo seu trabalho surrealista.
Desta vez, o saldo do governo foi uma economia média de 5% na demanda em horário de pico. É como se o Brasil deixasse todo dia de abastecer uma cidade com 3,8 milhões de habitantes na faixa das 18h às 21h.
A economia média diária foi de 0,5%. No fim das 18 semanas, foi economizado o equivalente ao consumo mensal de uma cidade de 470 mil habitantes, de acordo com as estimativas do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
Mesmo com a numeralha positiva do governo, a crítica à necessidade da medida não cessa. Na Câmara dos Deputados, há 60 proposições sobre o assunto, 52 delas pedindo o fim do horário de verão ou convidando ministros para esclarecimentos.
Até agora, porém, nenhum projeto de lei contrário à medida foi adiante. O mais recente é deste ano, do deputado Weliton Prado (PT/MG), que pede a proibição do horário, e está esperando despacho do presidente da Casa.
O discurso padrão de quem critica o horário é que os sacrifícios impostos à sociedade não compensam os benefícios na economia do setor elétrico. Deputados citam fatores como sonolência, fadiga, dores de cabeça, falta de concentração e irritabilidade como complicadores, além da falta de segurança de quem sai muito cedo de casa, ainda no escuro.
Há pedidos pontuais para exclusão de Estados do horário, como Goiás, Distrito Federal e Rio Grande do Sul. Há ainda requerimento para realização de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos sobre o impacto do horário de verão sobre saúde, rendimento escolar e desempenho profissional dos brasileiros.
No Senado, uma proposta de convocação de um plebiscito sobre o tema chegou a

ser apresentada em 2003. O projeto foi arquivado. O horário de verão, que termina à meia-noite, teve resultados inferiores ao esperado pelo setor elétrico e em relação à edição anterior. Hoje, os brasileiros devem atrasar os relógios em uma hora no final do dia.
O horário especial é mantido pelo governo federal para reduzir o consumo de energia no horário de pico, das 18h às 21h. Desta vez, houve uma redução de demanda nesse período de 4,4%. Na edição passada, a economia foi maior: 4,7%.
Foram 2.376 MW (megawatts) economizados na faixa de maior consumo do dia. É o equivalente ao abastecimento de uma cidade com 3,4 milhões de pessoas no mesmo horário.
Em 2009/2010, foram 2.587 MW de economia, número 8,15% maior do que dados do relatório preliminar divulgado ontem pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
São Paulo foi o Estado responsável por 40,3% da redução de demanda na ponta, um total de 959 MW. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste a economia foi de 1.821 MW. No Sul, de 555 MW.
A economia total de energia foi de 0,5% nas três regiões, desempenho que costuma se repetir ao longo dos anos. É o equivalente ao que consomem, por três dias, cidades como Curitiba, de 1,7 milhão de habitantes.
O horário é adotado no país com o objetivo principal de aliviar as redes de transmissão de energia nos períodos do dia em que o consumo é mais intenso.
No verão, a medida se justifica também por causa do calor – que eleva o consumo de energia –, da alta atividade industrial e da possibilidade de aproveitamento da luz natural do dia.
O horário especial vale para três regiões – Sudeste, Centro-Oeste e Sul. Foram 18 semanas, contadas a partir de 17 de outubro.
O governo alega que o procedimento aumenta a segurança do sistema elétrico e diminui os custos de geração. Reduz a necessidade de reforçar investimentos em linhas de transmissão.

Apesar de a adaptação ser menos complicada do que no seu início, o fim do horário de verão também requer atenção especial para quem cuida da saúde. O principal erro dos brasileiros nesse período de mudança é tentar aproveitar a hora "a mais" da noite de sábado, quando os relógios devem ser atrasados.
Um domingo curtido em seu novo horário.

2 comentários:

  1. De minha parte, a alegria é saber que o verão está próximo do fim :-)

    ResponderExcluir
  2. Querida Marília,
    tens bom gosto. O outono que advém é em nossa geografia a estação mais gostosa.
    Com agradecimento pela presença aqui.
    Um afago do
    attico chassot

    ResponderExcluir