terça-feira, 14 de dezembro de 2010

14.- Uma blogada em dois tempos.

Porto Alegre Ano 5 # 1593

A uma semana do início do verão, vivemos outra manhã fria. Há temperaturas em torno de 5ºC em várias regiões gaúchas. Hoje trago dois assuntos. Um de ontem e outro de hoje. Falo de livros e de retornos a saudades.

Aqueles que acompanharam minha jornada em Roraima na virada deste novembro/dezembro sabem o quando foi significativo para mim visitar a Escola Indígena de Taba Lascada. Contei isto aqui. Ontem, somente, pude cumprir uma promessa e enviar seis diferentes livros, cumprindo uma promessa que fizera.

Emocionado com envio e prelibando a chegada dos livros escrevi a cinco de ‘minhas’ editoras uma mensagem como esta:

Meu caro (nome de meu contato na Editora).

Com meus votos de boas festas e felicidades em 2011 um pedido.

No dia 2 de dezembro fiz uma fala na Comunidade Indígena de Taba Lascada em Roraima.

Relato no meu blogue de 03 e 04 do corrente. Pediram-me livros.

Enviei um kit chassot com seis títulos.

Lembrei-me que nesses balanços de fim de ano sobram algumas pontas de estoque.

Se for o caso e tiverem algum título da área de Educação poderiam enviar para

Escola Indígena da Comunidade de Taba Lascada.

Região Serra da Lua.

Município de CANTÁ – RR

69390-000

Agradeço se puder ajudar a fazer uma alfabetização com florestania

Quando retorna feliz da postagem dos livros no correio, já recebia quatro respostas como esta:

Boa tarde Professor!

Agradecemos seus votos e desejamos um Feliz Natal e um Ano novo repleto de conquistas. Quanto ao seu pedido, vou providenciar alguns títulos da área da educação e encaminharei para a referida escola.

Uma boa semana!

Tenho sobejas razões para estar feliz. Uma sugestão, se a algum leitor encantar com a ideia tiver alguns livros (podem ser didáticos, usados) o correio é na sede da Aldeia.

E agora o assunto de hoje. Esta manhã estou na banca de qualificação de doutorado da Patrícia dos Santos Nunes que fez mestrado comigo. Ela apresenta sua proposta de tese: INCLUSÃO DIGITAL E INSERÇÃO PROFISSIONAL: TRAJETÓRIAS FORMATIVAS DE ALUNOS EGRESSOS/INTEGRALIZADOS DO CURSO DE TÉCNICO EM INFORMÁTICA PROEJA/IF SUL RIO GRANDENSE – CAMPUS CHARQUEADAS”.

Trago, aqui, o inicio de minha fala:

Preliminarmente minha manifestação de distinção por estar nesta Universidade e neste Programa de Pós-graduação. Parece natural que não seja trivial meu retorno. Minha história com esta instituição é longa e distante; em 1965 e 1966 fui professor de Química Geral do Departamento de História Natural da Faculdade de Filosofia Ciências e Letra, unidade seminal que gerou em 1969 a Unisinos. Volto como professor, 30 anos depois, em agosto de 1995 por concurso público para o Programa de Pós-Graduação Educação. Permaneço por 12,5 anos. Fui por quatro anos (1998-2001) Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação. Esta foi talvez a mais exigente e difícil atividade acadêmica de minha história profissional, que em março completará 50 anos.

Volto, hoje, pela primeira vez para um ato acadêmico no Programa de Pós-Graduação depois que em março de 2008, levei a defesa de dissertação dois mestrandos: Elisete Pagano e Jairo Vieira Brasil, que integram a lista de 18 mestres e quatro doutores que formei neste Programa, cujo doutorado foi criado enquanto eu era Coordenador. Estive nestes quatro semestres duas vezes na Unisinos: uma em maio de 2008 para uma fraterna homenagem de despedida de docentes e discentes do Programa e outra em agosto de 2009, para receber uma homenagem prestada pela Reitoria.

É bom e é difícil voltar hoje. Vou apenas ficar nas coisas boas. É bom estar nesta qualificação porque ela é da Patrícia. E nisto me espraio adiante. É bom por ter nesta banca a parceria de três colegas do Programa de Pós-Graduação em Educação que simbolizam pela sua história, três momentos de minha história aqui.

A Professora Rute, alma-mater deste programa que me acolheu como seu ex-aluno de mestrado quando aqui cheguei em agosto de 1995. Ela foi, antes de mais nada e acima de tudo, uma colega leal. Eu tenho uma gratidão muito grande por tudo que aprendi com a Rute; e é muito bom estar com ela aqui, mais uma vez, hoje.

A professora Maria Clara, que orienta a tese trazida a qualificação, que sempre me cativou pelo nome tão denso de significados, pois é de minha mãe (e uma e outra aniversariam na mesma data), de uma de minhas irmãs e de uma de minhas netas. Lembro muito da primeira vez que a Clara se apresentou na minha sala, para ingressar como professora do Programa de Pós-Graduação em Educação. A maneira tensa, em determinado momento do diálogo, mostrou-me que ela trazia muito a contribuir no Programa. Não me equivoquei. Como ela também foi coordenadora, certamente ela tem, hoje, outra leitura do ocorrido em nosso primeiro encontro.

A Professora Eliane representava a nova geração de colegas, já quase ao ocaso de minha estada aqui. Não foi sem razão que a Patrícia e eu a escolhemos para compor então a banca de qualificação e defesa no mestrado em 2006. Eliane para mim era e é o protótipo da professora que está sempre na frente com os temas que se envolvia.

Nos diferentes tempos de cada uma das três em minha história, manifesto minha alegria por este retorno. Nas três abraço a todos deste Programa de Pós-Graduação em Educação neste clima de quase natal. De muitas colegas, funcionárias e discente amealho saudosas recordações. Há uma que se sobrepõem a todas: daquela globalmente histórica manhã de 11 de setembro de 2001, cada uma e cada um de nós sabe onde estava. Quase todos deste Programa estavam junto com a Gelsa e comigo, no bucólico cemitério do Faxinal no sepultamento de minha mãe. Por isso, guardo-os todos comigo envolvidos em imensa gratidão. É muito bom trazer, aqui e agora. esta manifestação.

Mas não vim aqui para avivar saudades. Tenho que trazer algo do presente. E isto exige falar da proposta da tese de doutorado da Patrícia. Também não é fácil. Recebi há uma semana um texto que já envolve a Patrícia e a Clara há quase quatro anos. Mas este texto também me remete a evocações. A Patrícia abre sua proposta com o último parágrafo de sua dissertação de mestrado. Diria no mínimo que ela aprendeu a lição em uma dimensão que eu era / sou muito insistente com meus orientandos: “A marca da Ciência em nossos dias é incerteza!”. Para mim, neste trabalho ela não poderia fazer melhor sinalização de abertura desta proposta.

Assim trago, olhando com estes óculos, alguns comentários. Os dois primeiros não são pertinentes a Patrícia. Eles são mais amplos.

O texto se completa em sete páginas. Não é trivial trazer contribuições para qualificar um trabalho que se faz promissor. Meus votos de uma muito boa terça-feira. Se tiver algum livro em disponibilidade o endereço da Taba Lascada está a cima. Ela é muito longe, mas deve haver uma agência de correio próxima.

2 comentários:

  1. Sinto-me feliz em fazer parte das lembranças dessa tua fala no retorno a Unisinos, onde estivemos envolvidos até a conclusão em 2008. Também quero parabenizar a Patricia por tema tão atual e pertinente. Também sinto saudades da Profa. Maria Clara, docente tão qualificada e sábia em suas ponderações. Meu afeto a todos e a todas. Abraço do JB

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  2. Meu caríssimo Jairo,
    a tua defesa de mestrado, em 17 de março de 2008, foi quando de minha última estada no Programa de Pós-Graduação em Educação da Unisinos onde 12,5 anos fora professor (dos quais quatro coordenador). Assim, voltar hoje, depois de quase dois anos ao lócus onde exerci a quarta parte de minha atividade docente, não foi trivial.
    Mas sai recheado de afetos.
    Obrigado por tuas congratulações e por tua presença neste blogue.
    A admiração do

    attico chassot

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