quarta-feira, 24 de novembro de 2010

24. Não se acende uma vela e...


Cuiabá Ano 5 # 1574

Como ontem trago alguns relatos cuiabanos ao quais adito fragmentos extraídos do baú de comentários. Um e outro destes dois extratos tecem a blogada desta quarta-feira, na qual, à meia tarde deixo Cuiabá para chegar – queiram os deuses que cuidam dos voos – a meia-noite no aeroporto de Porto Alegre, onde amanhã tenho a defesa de dissertação de minha orientanda Sarisa Barbosa. Mas antes um registro grave.

Preocupação: Um grupo de defesa dos direitos dos travestis no Rio Grande do Sul recebeu ameaças por telefone de supostos neonazistas na segunda-feira. Na ligação, o interlocutor advertiu que a 14ª Parada Livre de Porto Alegre, que será realizada no próximo domingo, no Parque da Redenção, será o alvo.

O telefonema foi feito para a sede do Igualdade — Associação de Travestis e Transexuais do Rio Grande do Sul. O homem do outro lado da linha procurava por Marcelly Malta, presidente do grupo e organizadora da Parada Livre. Com a ausência da dirigente, ele deixou um recado: que os neonazistas da cidade de Santa Cruz do Sul estavam se organizando para o evento. "Vocês já se aprontem para domingo", ameaçou o homem, para depois desligar o telefone.

Do diário de Bordo: Minha manhã desta quarta-feira tem na agenda a participação no Seminário Educação 2010: Educação, Formação de Professores e suas dimensões sócio-históricas: Convergências e tensões www.ie.ufmt.br/semiedu2010 --, um

evento que reúne cerca de 1.500 pessoas. Tenho uma intervenção em uma das quatro mesas redondas que acontecem em paralelo: As continuidades e descontinuidades nas Políticas de Formação de Professores e suas implicações na prática pedagógica docente. Palestrantes: Ana Canen (UFRJ) Attico Chassot – (UFRGS/IPA) Porto Alegre. Heloísa Salles Gentil (UNEMAT) Coordenadora da Mesa: Jorcelina Elisabeth Fernandes (UFMT). No meu segmento pretendo privilegiar: Indisciplina como possibilidade de alfabetização científica‘.

Ontem, assisti a uma das quatro mesas-redondas da manhã: História da Educação Matemática: Problematizando o presente. Palestrantes: Maria Ângela Miorim (UNICAMP) Arlete de Jesus Brito (UNESP) Coordenadora da Mesa: Rute de Cunha Pires (UFMT). Penso ter feito uma excelente eleição, pois aproveitei muito.

No momento seguinte fui ao Departamento de Química oo Instituto de Ciências Exatas e no Laboratório de Pesquisa em Ensino de Química fiz a palestra A Ciência como instrumento de leitura para explicar as transformações da Natureza. Afora as emoções de falar para dezenas de meus leitores – e essa sempre me parece ser a resposta que me dou à pergunta: por que aceito tantos convites para palestras? Nesta fala houve emoções fortes de encontrar muitos conhecidos de priscas eras. Aqui destaco a presença de minha querida amiga Lídia, que assistiu a um curso de especialização que dei há cerca de 30 anos no Departamento de Química da UFMT. Também revi colegas que participaram de atividades nas escolas salesianas: São Gonçalo e Sagrado Coração de Jesus. Também estavam vários participantes de meu minicurso no ENEQ de julho em Brasília.Ao final muita tietagem com pedido de fotos.

Ao meio-dia junto com a Irene e o André, em uma peixaria matamos saudades, pois o último encontro que tivera com o casal já era anterior a defesa da Irene (1996). Ao saborear delicias dos pratos de peixes cuiabanos, foi muito gratificante ouvir do André – um geólogo que está em diferentes países do mundo envolvido com perfuração de petróleo – dizer o quanto para ele a palestra da manhã fora significativa e envolvente. Ter atratividade para aqueles que não são da área do ‘ensino das Ciências’ é muito importante para mim.

Do baú de comentários: Em mais de um momento já escrevi aqui que me parece que os poucos comentários que são aditados pelos leitores às blogadas não são fruído pelos demais visitantes. Mormente isso parece acontecer, quando estas adições ocorrem, passado uns dias da postagem. Mesmo que diga que edição velha de um blogue não é como jornal velho, que só serve para enrolar peixe, comentários, quando sumarentos, merecem ser revitalizados.

Agrada-me aquele texto que parece estar em Mateus: não se acende uma vela e se coloca debaixo da mesa, mas num lugar de destaque para que dê a luz a todos que estão na casa (ex memoria citatur). Assim trago um comentário que foi postado neste domingo á postagem de seis de novembro, quando antecipei detalhes acerca do livro que estou preparando, para celebrar em 2011, meus 50 anos de professor. Seu autor é Carlos Alberto Gianotti. Ele foi um renomado professor de Física; hoje, é muito competente editor, que sabe, também. viver as doçuras do avonado. Eis seu escrito:

Chego um tanto tardiamente a essa data neste blog; mas chego. Poderia deixar registrado aqui um parabéns atrasado e dizer que vou aguardar o novo livro que este professor está a prometer. (Aguardar não sem curiosidade de lê-lo.) Mas comentarei mais, marcarei um pequeno depoimento, uma lembrança.
Percebi Chassot por volta de 1965, no Colégio Júlio de Castilhos, Porto Alegre; ele professor de Química, eu aluno. Não tive o privilégio de tê-lo como professor. Mantém-se dessa época, no entanto, uma clara lembrança de vê-lo nos intervalos entre uma e outra aula no turno da noite que eu frequentava, caminhando pelo corredor desde a sala de uma turma, dirigindo-se à de outra. Terno e gravata, comedido. Um colega certa vez, enquanto ele passava, comentou: Este é um grande professor! A ideia ou noção de “grande professor” já está há muito em desuso. Entretanto, essa era uma expressão que, à época, empregava-se para condicionar determinados professores, pelo domínio do conteúdo da disciplina que professavam e habilidade em transmiti-lo. Do Julinho dos anos 1960, ainda recordo de alguns grandes professores, como Emílio Ripoll, Décio Floriano, Irene Bohrer, Eugênia, Kiel, Gilberto Gonçalves da Silva, entre outros. O então jovem Chassot já era considerado um deles. Ainda é um grande professor, conquanto a expressão tenha se tornado desútil. (Porém, se algum dia precisar me submeter a uma cirurgia, buscarei um grande cirurgião; quando entro no Boeing, penso com meus botões: tomara que no manche esteja um grande comandante.)
Ao longo da vida reencontrei Chassot aqui ou ali. Foi a partir da segunda metade dos anos 1990 que mantivemos um relacionamento mais estreito na Unisinos, São Leopoldo, RS, onde ele desenvolvia suas atividades no PPG em Educação, e eu na Editora como editor. Incontáveis nesse período foram as nossas conversas após o almoço no câmpus da Universidade. (As maneiras de perceber as coisas deste mundo nem sempre são coincidentes, ainda que, considero eu, por caminhos díspares convergimos para o mesmo ponto essencial.) Muitas foram as ideias que ele trouxe para a Editora. Tive o prazer de editar dele A ciência e masculina?
Agora, com satisfação, leio o esboço do sumário do seu novo livro, assinalando os seus 50 anos de magistério. Vai ser um prazer ler Chassot.
Sempre, Gianotti.

Agradeci, não sem ser tomado de emoções, assim:

Muito querido amigo Gianotti,

ainda estou com os olhos embaçados de ler teu comovente comentário. As emoções se fazem em duas dimensões: a primeira, a tua evocação de vários titãs, a maioria já pertencendo a outros páramos. A segunda, as bonitas referências que fazes aos entrelaçamentos de nossas histórias em cerca de meio século.

É muito bom chamar-te de amigo;

Com muita estima, attico chassot

Um e outro silenciamos outra passagem em nossas vidas, que, vez ou outra, nós já evocamos: Eu ministrei aulas para o Carlos Alberto e a Suzana no curso de noivos. Provavelmente fui um muito bom professor, então, pois os dois vivem um bonito matrimônio há algumas décadas.

Adito meus votos de uma excelente quarta-feira. Amanhã – e uma vez mais evoco os deuses guardadores dos voos – podemos nos ler de Porto Alegre.

7 comentários:

  1. Meu caro Mestre! Vejo tua agenda repleta de atividades nessa jornada cuiabana. Também gostaria de me juntar ao Gianotti para dizer do quanto é prazeroso ser teu amigo e de te-lo como modelo no nosso fazer pedagógico. Um grande abraço desde Porto Alegre. JB

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  2. Meu caro Jairo,
    nossa relação passa, há muito daquele orientando<>orientador para se consolidar naquela de amigo, prenhe de afetos,
    um afago cuiabano
    attico chassot

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  3. Boa tarde!

    Professor Attico,
    Venho parabenizar a sua fala no seminário da educação, onde esses últimos dois dias aprendi muito sobre a alfabetização científica e as incertezas do nosso século.
    Espero poder encontrá-lo em breve.

    Att.,
    Ana Carolina - Várzea Grande , MT.

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  4. Hoje passo apenas para agradecer "a uma carta que chegou", cujo envelope será guardado na minha caixinha dos "pedaços de recordações".

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  5. Muito querida Ana Carolina,
    Muito obrigado pelo teu comentário. Na blogada desta quinta-feira refiro como uma leitora muito presente.
    Foi um privilégio estarmos juntos em Cuiabá, que pertence a grande Várzea Grande.
    Um afago com admiração e na torcida por tua seleção para o doutorado
    attico chassot

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  6. Muito querida Marília,
    que bom que o envelope chegou aí no Passo do Sobrado. Vi que apreciaste o continente, tomara que saboreeis o conteúdo
    Afagos quase em trânsito por Porto Alegre
    attico chassot

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  7. Muito querida Marília,
    que bom que o envelope chegou aí no Passo do Sobrado. Vi que apreciaste o continente, tomara que saboreeis o conteúdo
    Afagos quase em trânsito por Porto Alegre
    attico chassot

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