sexta-feira, 20 de agosto de 2010

20- E os e-readers brasileiros?

Porto Alegre Ano 5 # 1478

Esta blogada tem originalidades. Uma, antecipo – já na abertura – a dica de leitura de amanhã: “Não contem com o fim do livro’ onde Umberto Eco e Jean Claude-Carrière, apresentam uma discussão sobre a história e o futuro dos livros. Ao percorrerem cinco mil anos de existência dos impressos, os autores defendem a imortalidade do objeto como o conhecemos, apesar dos e-readers e da internet. Outra, quem leu a manchete de hoje já viu que a sabatina de amanhã fará um contraponto do assunto de hoje, quando apresento um novo capítulo para os Leitores de livros digitais ou e-readers brasileiros e trago algo acerca dos livros digitais.

Leitor de livros digitais (e-Reader, em inglês) é um pequeno aparelho que tem como função principal mostrar em uma tela, para leitura, o conteúdo de livros digitais (e-books) e outros tipos de mídia digital. Ao utilizar a tecnologia de tinta eletrônica, também chamada de papel eletrônico, nas telas desses leitores, isso os aproximou muito da sensação de se ler um livro convencional por não utilizar iluminação, como as telas de

cristal líquido (LCD), o que tem impulsionado a venda desses aparelhos em todo o mundo. O mais famoso deles é o Kindle, criado pela empresa estadunidense Amazon, que teve seu primeiro modelo lançado nos Estados Unidos, em 19 de novembro de 2007; e no Brasil em outubro de 2009 (in Wikipédia).

Assim está feito o anúncio de temas antípodas de hoje e amanhã: o sucesso do livro digital e a perpetuação dos livros tradicionais. Inicio o assunto trazendo notícia publicada em 11AGO10 no ZH Digital, de Zero Hora, com o título: Aumenta a oferta no mercado nacional de aparelhos para leitura de livros digitais

A partir desta semana, a rede Livraria Cultura está oferecendo com exclusividade um livro que vale por mil. O e-reader (leitor de livros eletrônicos) Alfa, da brasileira Positivo, chega para engrossar a oferta desses aparelhos no Brasil, que até o final deste ano deve ter ao menos cinco dispositivos similares.
Para especialistas, é um sinal de que a leitura digital pode começar a emplacar por aqui. Mas ainda há um obstáculo: a oferta de publicações em português.
Os e-readers permitem carregar centenas de títulos num aparelho leve (em torno de 200 gramas), com as dimensões de um livro médio, a espessura de um lápis e a sensação de leitura similar a do papel. Nos Estados Unidos, a Amazon, responsável pelo Kindle, anunciou em julho que os e-books (livros eletrônicos) já ultrapassam os livros de papel em vendas – nos EUA, o modelo mais barato do Kindle custa US$ 139, enquanto, no Brasil, fica em torno de R$ 550.
Além do Kindle e do Alfa (da Positivo), o consumidor brasileiro tem à disposição o Cool-Er, vendido pela livraria virtual Gato Sabido desde janeiro. Hardware para leitura digital existe. O problema no país ainda são os e-books.– Quando você experimenta o aparelho, se apaixona pela experiência. Mas, sem conteúdo, as pessoas não vão ter tanto interesse – diz Luciana Ernanny Legey, sócia da Gato Sabido, que vendeu 400 aparelhos desde o início do ano.
No acervo, há 1,5 mil títulos em português e 100 mil em inglês. Na Livraria Cultura, a diferença é mais marcante – 500 livros nacionais, para 120 mil importados. Buscando aumentar a oferta de obras brasileiras, a Cultura firmou, em junho, um acordo com editores.
Para o professor Celso Poderoso, da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap), a oferta maior de aparelhos deve gerar demanda de e-books, abrindo caminho para uma mudança no hábito de leitura no Brasil.– É um ciclo. A oferta de e-readers deve baratear o custo e atrair mais editoras, dando acesso às vantagens de portabilidade e praticidade dos e-books para mais pessoas. A leitura eletrônica deve se consolidar num futuro próximo – diz Poderoso.

Na contramão das profecias que anunciam o "fim do livro", pode se afirmar que nunca se publicou tanto. Entre as consequências dessa profusão editorial estão uma crise de superprodução no mercado mundial, que passa a lidar com grandes encalhes, e um processo de banalização do livro, que alguns já veem como objeto descartável.

Na semana passada, o Google contabilizava, em todo o mundo, 129.864.880 de títulos, numa consulta a cerca de 150 fontes (bibliotecas, livrarias, catálogos e fornecedores). Na mesma semana, às vésperas da abertura da 21ª Bienal do Livro de São Paulo, a Câmara Brasileira do Livro divulgou que, em 2009, foram publicados no país 52.509 títulos (2,7% a mais do que em 2008), com um total de 386.367.136 exemplares (aumento de 13, 5%). As vendas em 2009 atingiram 228.704.288 exemplares.

Não que as 157.662.848 cópias não absorvidas sejam encalhe. Mas, se não forem compradas, poderão vagar entre depósitos de editoras e livrarias, sem jamais serem abertas, até serem liquidadas em saldões ou virar aparas e confetes literários. Destruir livros é mais barato do que mantê-los no estoque.

Os números corroboram a tese do ensaísta mexicano Gabriel Zaid em "Livros demais!", de 1972 (trad. Felipe Lindoso, Summus, 2004): a leitura de livros cresce aritmeticamente, enquanto a escrita de livros cresce exponencialmente.

Quero crer que temos bons elementos para amanhã olhar o outro lado da moeda. Que a sexta-feira seja aprazível, marcada pela expectativa do fim de semana. À noite, falo com outro grupo de estudantes do curso de Ciências Biológica, repetindo. Como na terça-feira passada: ¿O que é Ciência, afinal? Parece que convite para dica de leitura de amanhã, não precisa ser feito.

5 comentários:

  1. Olá mestre! Já li "não contem com o fim do livro" e é realmente interessante. A forma de escrita, uma conversa entre os autores, nos convida a participar... excelente leitura! Um abraço: Cris Flôr, agora na UFJF

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  2. Olá mestre! Já li "não contem com o fim do livro" e é realmente interessante. A forma de escrita, uma conversa entre os autores, nos convida a participar... excelente leitura! Um abraço: Cris Flôr, agora na UFJF

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  3. Muito querida colega Cristiane,
    primeiro celebro estares agora na UFJF. Estive em junho na aprazível Juiz de Fora,
    Obrigado por antecipares tua opinião sobre a sumarenta dica de leitura de amanhã.
    Um afago carinhoso do

    attico chassot

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  4. Há uns dois mês, um amigo contava entusiasmadíssimo com a possibilidade de armazenar mais de não sei quantos ebooks, que havia adquirido um e-reader!Dois foram meus pedidos: que ele lesse além de armazenar os livros baixados e que não esquecesse das "mocinhas das bibliotecas", rsrs
    Novos tempos para a Biblioteconomia!

    até a leitura de amanhã!

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  5. Muito querida Marília,
    excelente recordação. Tu sempre atilada! Assim como se faz campanha “Salvem nossas baleias!” poderias lançar: “Salvem as bibliotecárias!”.
    Teu assunto do MST foi tratado hoje de noite, Aguarde.
    Um afago de boa noite

    attico chassot

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