segunda-feira, 29 de março de 2010

29*SEG* ÁGUA VIRTUAL ¿O que isso?

Porto Alegre Ano 4 # 1334

Uma segunda-feira de uma semana muito especial. É a Semana Santa. No meu ser memorista, por esses dias, quero comentar a minha mais espetacular Semana Santa na Andaluzia em 2002. Hoje. Esta postagem já ocorre depois de uma hora de Academia.

O domingo teve as marcas da chegada da Gelsa. Despertar vagabundo como deveriam ser todos os dominicais, leituras de jornais, inclusive os velhos que foram selecionados para o retorno. Visitas pela manhã da Liba, Sílvia, Laura e Antônio. Sestas sem horário e especialmente sem culpas. Ao anoitecer a visita de dois trios queridos: Bernardo, Carma e Maria Antônia e Clarissa, Carlos e Maria Clara, Eles tornaram desconhecida a pacata e comportada Morada dos Afagos de domingos anteriores. Agora tudo era festa, como mostra o reencontro da Gelsa com as duas netas e também como elas transmutaram a casa.


Algo perseguido por este blogue é fazer alfabetização científica, dentro uma concepção muito ampla de alfabetização científica. Assim falar de apocrifia – como duas vezes na semana que passou – ou comentar sobre mentefatos ou neopatia ou falar de sagu, de arenque, de fábula econômica, do ano darwiniano ou do copernicano, da babá de Descartes ou relatar viagens ou trazer os diários de um mestre-escola – só para referir assuntos de algumas blogadas – é estar fazendo alfabetização científica, por mais díspares que tais assuntos possam parecer. Pois hoje o assunto é ‘Água virtual.’

O pai do conceito de ‘água virtual’ John Anthony Allan que nos ajuda nesta blogada. Ele é professor no King’s College de Londres e na Escola de Estudos Orientais e Africanos. Pioneiro em conceitos chave para a compreensão e a divulgação das questões referentes à problemática da água e à sua conexão com a agricultura, as mudanças climáticas, a economia e a política, Tony Allan foi laureado com o “Prêmio da Água de Estocolmo 2008” (2008 Stockholm Water Prize).

Na entrevista que aceitou conceder, por e-mail, à IHU On-Line/Unisinos – mais uma vez é fonte para este blogue – afirmou “A forma como usamos a terra e os recursos hídricos no passado negligenciava os impactos ambientais impostos pela agricultura intensiva. Esses custos não se refletem nos preços das commodities alimentícias vendidas e compradas internacionalmente, e nem mesmo nos preços dos alimentos no mercado interno. O Brasil não deveria correr para satisfazer a demanda global por sua água, colocando commodities no mercado mundial a preços que impossibilitem que o ambiente das terras e dos recursos hídricos do Brasil seja usado de modo sustentável”.

IHU On-Line - O senhor pode explicar o conceito de “água virtual”? Como fazer o cálculo de quanto cada produto consume de água?

John Anthony Allan - Os alimentos e outras commodities necessitam de água para serem produzidos. As commodities alimentícias possuem um teor de água particularmente grande. Por exemplo, as seguintes quantidades de água são necessárias para produzir 1 quilo de:

Trigo: 1.300 litros
Milho: 900
Arroz: 3.400
Carne de frango: 3.900
Carne de porco: 4.800
Carne de ovelha: 6.100
Carne de gado: 15.500
Algodão: 11.000

Ou a seguinte quantidade de litros de água é necessária para produzir 1 unidade dos seguintes produtos:

Um litro de leite: 1.000 litros
Uma xícara de chá: 30
Uma xícara de café: 140
Uma folha de papel: 10
Uma fatia de pão: 40
Uma maçã: 70
Uma camiseta: 2.700

A água embutida nisso é chamada de água virtual.

Quando uma commodity é exportada de um país para outro, o país importador se torna seguro em termos de água e alimentos contanto que tenha uma economia que seja diversificada, e as pessoas tenham meios de vida que lhes possibilitem comprar alimentos importados. Das 210 economias existentes no mundo, ao menos 160 são economias “importadoras” de água virtual. Há apenas cerca de 10 economias que têm um excedente de água significativo que pode ser “exportado” em forma virtual. Esses países incluem os Estados Unidos, o Canadá, a Austrália, Argentina e França. O Brasil é, em potencial, o maior “exportador” de água virtual do mundo.

Desejo uma muito boa segunda-feira. Amanhã, provavelmente, nos leremos aqui; Assim, até então.

4 comentários:

  1. Inesquecível Chassot,
    Já sabia que gastávamos muita água, mas não tanto! Desconhecia o termo água virtual . É, no seu blogue só temos que aprender mais e mais.
    Abraços com saudades!
    Olhei na sua agenda e vi que já reservou para Barreiras! que bom! Vamos nos reencontrar.

    ResponderExcluir
  2. Muito querida Joelia,
    fico feliz que meu blogue faça alfabetização científica. Os números relativo à ‘água virtual’ é algo impressionante.
    Será bom encontrar os amigos e amigas baianos em Barreira,
    Com expectativa
    attico chassot

    ResponderExcluir
  3. Mestre Chassot, assim como a Joelia, eu desconhecia o termo "água virtual". Ainda bem que seu blogue permanece firme no propósitoda alfabetização científica, desde o sagu até a àgua virtual.

    Ótimo dia, e tomara que tudo tenha corrido bem na aula para a UAM.

    ResponderExcluir
  4. Estimado Marcos,
    realmente é muito significativo o ‘valor em água aditado’ as diferentes produções.
    Aliás, teu comentário “desde o sagu até a água virtual’ é mote de um texto assuntado para a próxima quarta-feira.
    Amanhã o assunto é: “Diga sim à água da torneira!”
    Uma muito boa noite

    ResponderExcluir