15*SEG* A dita última semana do verão 2009/2010

Porto Alegre Ano 4 # 1320

Começamos aquela que é dita como a última semana do verão 2009/2010 no Hemisfério Sul. Este tido como um verão atípico, pois em muitos locais, incluindo o Rio Grande do Sul foram batidos recordes históricos de máximas. No Hemisfério Norte – que eu tive o privilégio de fruir por três semanas –, a situação não foi diferente em termos de quebra de recordes de temperaturas mínimas. Eu acumulei as duas situações: aqui vivi um dia com sensação térmica de +44ºC e em Ålborg um dia (no mesmo fevereiro) com –14ºC e em Estocolmo no último domingo –16ºC. Mas disse na abertura que ‘é dita como’ pois sabemos que, há muito, os calendários previstos pelos humanos não são seguidos com muito apreço pela natureza. Não é sem razão que temos aqui, às bordas do inverno, um usual veranico de maio.

Mas com o passado fim de semana espero ter definitivamente acertado o fuso e começo hoje, depois de mais de um mês, a minha primeira semana ‘inteira’ em Porto Alegre. Houve os melhores ingredientes para acertar o passo e preparar-me para mais uma significativa estreia hoje. Mas, essa merece um importante destaque adiante.

Duas marcas gostosas desse fim de semana, que adito ao prazer que me deu assistir ‘Paradise Now’ que comentei na blogada de ontem. Foram dois reencontros, com dimensões diferentes.

O primeiro dos reencontros foi ensejado pela visita da Ana Lúcia, acompanhada, como ela diz de ‘seus três rapazes’ que são o Eduardo, o Guilherme e o nenê em gestação, que provavelmente se chamará Felipe. A Ana Lúcia estivera comigo ainda na memorável recepção de segunda-feira ensejada pelos meus filhos, mas o Guilherme e o Eduardo não os via desde o natal. Foi um estar juntos que deu muita alegria a manhã dominical. O Guilherme ao chegar por primeiro queria alimentar os peixes na fonte. Depois se envolveu em continuar minhas podas de ontem e de hoje. Encantou-se com o ninho da Columbina, cujas diferentes etapas eu lhe historiei. Sinto que para ele é gostoso estar na Morada dos Afagos. Tocar o sino é algo que o faz feliz. Aqui duas cenas da visita.

Outro dos reencontros: os jornais em português. Não que desde segunda-feira não tivesse contatos com os mesmos. Mas falo daqueles de fim de semana que se pega e vai para uma rede com boa música. Eu durante a semana digo que espio os jornais. Corro olhos por manchetes buscando alguma noticia para ampliar, já que a maioria fora ouvida no rádio, leio algum dos articulistas depois de, por primeiro, ter olhado a página onde estão os anúncios fúnebres. A propósito destes, fica aqui a promessa de um texto sobre o assunto que escrevi em Madrid em 2002 e que agora relembrei muito quando li anúncios no ‘Le Monde’. Preciso dizer que tentei decifrar os mesmos tanto na Dinamarca como na Suécia e encontrei semelhanças com o que descrevo no texto prometido.

Acerca de leituras mais densas de jornais, uma recomendação a quem interessa um assunto sempre palpitante e muito polêmico: ‘eutanásia’, que já transitou aqui mais de uma vez. No caderno Mais da Folha de S. Paulo de ontem, há uma boa matéria sobre a Associação Dignitas de Zurique, criticada por receber pacientes de todo mundo que buscam o suicídio assistido – este ‘ocorre quando uma pessoa não consegue concretizar sozinha sua intenção de morrer e pede a ajuda de outro’. Essa é uma ação legal além da Suíça (onde a Dignitas, fundada em 1998 já ajudou 1.041 pessoas a morrer) na Holanda, Bélgica e Luxemburgo e em dois estados estadunidenses (Oregon e Washington), segundo a matéria citada; esta inclui também uma entrevista com Wesley J. Smith, especialista estadunidense em bioética que crítica ‘a prática de criar uma casta de pessoas descartáveis’.

Agora algo sobre a tarde de hoje. Ancorado em Heráclito de Éfeso, aqui trazido na sexta-feira passada, poderíamos dizer que nossas vidas são feitas de estreias, pois a cada dia temos o novo ou o invivido. Mas, minha estreia de hoje é matizada em expectativa incomum desde que em 2 de março recebi o convite para ministrar a disciplina ‘Processo histórico e antropológico do envelhecimento’, na UAM - Universidade do Adulto Maior no Centro Universitário Metodista - IPA. Esta disciplina acontecerá nas segundas-feiras das 14h às 15h e hoje darei a minha primeira aula. Não vou repetir aqui ‘as cenas’ que fiz na quinta-feira passada, às vésperas de minha primeira palestra num bar. Mas vai uma confidência: claro, que para hoje estou mais nervoso.

O Brasil, assim como a maioria dos países, está envelhecendo de maneira muito rápida. São hoje 11 milhões de sexagenários, um em cada 16 habitantes. Já ultrapassamos os 7% de pessoas maiores de 60. Os reflexos do aumento da população idosa são evidentes na estrutura sócio-econômica e política dos países, especialmente na área do trabalho, da saúde e da previdência. As demandas sociais dos idosos se avolumam e passam a se constituir em desafios para a sociedade.

Os dados apresentados direcionam ao entendimento de que o público da 3ª idade merece a atenção das políticas públicas e privadas, no sentido de proporcionar a essas pessoas, melhores possibilidades de viver novos tempos. A vida das pessoas está ficando cada vez mais longa. Isso reforça a responsabilidade que cada um de nós tem de tomar as providências para manter-se saudável, lúcido e produtivo, de modo que, ao atingir a terceira idade, não se torne um velho, torne-se apenas um idoso.

Inserindo-se nesse contexto o IPA implantou em 2003 o Programa da Universidade do Adulto Maior – UAM que nasce como um programa de extensão do Curso de Terapia Ocupacional e que se articula com o Projeto Pedagógico desse curso e com as Diretrizes e Princípios da Política Institucional da Extensão. Atualmente, conta com a participação de outros cursos como: Educação Física, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Direito, História, Turismo entre outros.

O programa propõe-se a, não só, contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas idosas como também cumprir com o papel de agente mobilizador de ações acadêmicas na área do envelhecimento humano.

É na UAM, onde já tive colaboração eventual no Cine Maturidade, que no meu 6º semestre no Centro Universitário Metodista – IPA, me insiro hoje. Estou muito feliz com esse novo desafio. Amanhã devo ter algo mais para contar. Esta blogada vai para a Gelsa pelo Dia Internacional do Direito do Consumidor, por ser exemplo para muitos de nós na exigência de respeito a esse direito. Uma semana a cada uma e cada um.