terça-feira, 9 de março de 2010

09* Em busca do fazer nosso de cada dia


Porto Alegre Ano 4 # 1314

Se durante as passadas 23 edições foi fácil sustentar cada uma das blogadas – facilitadas pela trazida daquilo que era o cada dia, onde tudo era novidade – a partir de hoje parece que as coisas não rolam com igual facilidade. Agora, quando mais uma vez, o carrilhão da Morada dos Afagos soa a cada 15 minutos, parece que realmente voltei ao meu mundo. Ele baliza histórias. Ajuda-me achar. As longas horas insones nessas viajadas tem oferecido oportunidades para muito pensar no significado dessas viagens mais longas, onde ao voltar de ter sido alienígenas em outras paragens somos estranhos em nossa casa.

Já retornara a algumas horas, quando ia ao supermercado comprar algumas coisas para um novo cotidiano que começa hoje quando me lembrei que eu tinha um telefone celular desligado há algumas semanas. Quando encontrei o ninho da Columbina vazio, pois os filhotes criaram asas e se foram... reconheci muitos simbolismos. Pode parecer contra sensos, mas há perdas que também constroem nossas vidas. É usual que achemos que são apenas os ganhos que fazem isso. Ledo engano. Esses filhotes que se foram não são mais os meus filhotes que acompanhei a Columbina chocar durante mais de duas semanas. Há uma petúnia que era exuberante e morreu em minha ausência, outras surgiram viçosas, dando destaque a suas presenças. Resta ver no meu jardim o que elejo como planta ornamental e que considero inço.

Assim parece natural que ainda escreva alimentado nos dias excepcionais que passaram e que tiveram dimensão maior de serem todos marcados pela neve ou por suportar temperaturas ]negativas inéditas. Assim ilustro com fotos tomadas na minha última tarde na Ålborg Universitet, onde se vê a janela de meu gabinete (a primeira ao lado da entrada) e com a última foto que tirei em Estocolmo, com uma árvore que se fez símbolo para mim.


Nessa blogada que se faz uma extensão escandinava, começo pelas emoções próximas. Destas destaco duas. Uma acontecida ontem e outra por acontecer hoje. Levantei às 3h30min (afinal na Dinamarca já era 07h30min) para redigir este texto, pois era insone.

Em nossas vidas amealhamos afetos. Esses são grandes também fora dos laços familiares. O mundo acadêmico enseja muitos encontros e nos encantamos com as amizades que merecem ser adjetivadas como bonitas. A internet nos dá amigos distantes, muitos até desconhecidos no mundo físico. Todavia, muitas dessas amizades são efêmeras: orientandos, colegas de magistério, amigos que fazemos em viagens... são momentaneamente densos e parecem imperdíveis. Isso não significa que não sejam consistentes. São; mas também são fugazes ou eventuais.

Há, todavia em nossas relações algumas que são de raiz e essas parecem fortes e permanentes.

Ontem, quando chegava à Porto Alegre, depois de uma viagem de 28 horas, durante a qual falei quase somente comigo mesmo tive inauditas surpresas: uma já contei aqui: estavam no aeroporto o Bernardo, a Ana Lúcia e a Clarissa, e logo em seguida se juntou o André, com o Pedro. Eles me disseram que estavam ali porque sentiram saudades. Depois nos juntamos à Carla e à Maria Antônia. Almoçamos juntos também para falar da viagem, mas estávamos juntos para nos dizer que nos temos. Mesmo que a combinação entre eles de me fazer surpresas surgisse quando o avião estava quase chegando foi muito bom tê-los para nos dizer de nossas saudades. As duas fotos registram algo da chegada. Numa estou com meu quarteto. Na outra com a Maria Antônia e o Pedro, a maior e o menor dos meus netos. Os dois representavam ainda o Guilherme, a Maria Clara, o Antônio e o menino da Ana que é porvir.


Na mesma direção do registro acima, algo por acontecer. Estava uns minutos em casa e a Liba – mãe da Gelsa – telefonou-me. Convidou-me para almoçar com ela hoje. Será mais um amealhar saudades e evocações.

Hoje à noite tenho uma nova estreia no Centro Universitário Metodista - IPA .Tenho minhas primeiras aulas com uma nova turma. São alunas e alunos do Curso de Filosofia que farão comigo Pratica Pedagógica nesse semestre que está mo ano que é meu quiquagésimo como professor. Tenho uma imensa expectativa. Espero a chegada das sete horas para voltar à Academia. Preciso também reamarrar-me em rotinas.

Hoje o encerramento desta blogada é diferente. Ao chegar recebo uma noticia de (mais) uma perda. Aos 71 anos (uma idade que fala para mim), no domingo (07/03), morreu o cantor regionalista Leonardo. Adiro ao me colega Jairo Brasil, um assíduo comentarista deste blogue que diz: “Perdemos um dos menestréis da música gaúcha. Sua trajetória ficou marcada por diversas interpretações. Mas, a marca maior foi ‘Céu, Sol, Sul, Terra e Cor’, um verdadeiro hino às belezas de nossa terra”. Assim, aos meus leitores de outras plagas ou aos gaúchos ora aquerenciados longe do pampa convido a ver e ouvir em 90 segundos, fotos da carreira do músico gaúcho ao som de um dos seus maiores sucessos, Céu, Sol, Sul, Terra e Cor. Vale apena conhecer uma das mais lindas músicas nativistas gaúchas. Ela diz muito deste Rio Grande do Sul imerso em saudades. http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jspx?action=getDetail&id=14841&product=&uf=1&local=1&section=slideshows&tipoflash=slideshow

6 comentários:

  1. Mestre Chassot! Merecida a homenagem em teu blog ao cantor e compositor gaucho, o bageense Leonardo (Jader Moreci Teixeira), cuja canção CEU,SOL,SUL, TERRA E COR foi escolhida como uma das musicas de maior significação e identidade com o RS. Abraço JB

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  2. Meu caro Jairo,
    tu não apenas me deste a notícia da morte de Leonardo mas fizeste comentário que honrosamente transcrevi nesta blogada.
    Obrigado pela parceria intelectual
    attico chassot

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  3. Pai

    Que bom que voltou !!!

    Todos com Saudades

    Bernardo

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  4. Bernardo filho querido,
    e também querido Andre e queridas Ana Lúcia e Clarissa..
    mais que agradecer teu comentário, devo dizer obrigado pela linda surpresa que vocês me fizeram ontem.
    Vocês são muito especiais
    attico chassot

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  5. Mestre Chassot, logo a rotina acadêmica e o fuso brasileiro irão conciliar-se, e o sentimento de "normalidade" voltará. Não sei dizer, porém, se isso é bom ou ruim.

    Que tudo corra bem em sua aula de hoje no IPA.

    Ótimo dia.

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  6. Meu caro Marcos,
    obrigado pelo teu estímulo e pelos votos de êxito em mais uma estreia. Tu sabes que elas ao nervosas como se fosse a primeira vez, como naquele 13 de março de 1961,
    Com estima
    attico chassot

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