segunda-feira, 8 de março de 2010

08* Agora Brasil, e em já em Porto Alegre



Porto Alegre Ano 4 # 1313


Numa segunda-feira de 28 horas para mim, trago uma blogada que tem quatro registros – dois no hemisfério norte e dois no Hemisfério Sul em três países. Cada registro é identificado com data, hora e o nome da cidade.

07MAR 14h14min Estocolmo Já estou a bordo de um Airbus 320 da Air France preparando-me para partir rumo à Paris. Agora realmente começo a voltar. As últimas 2,5 horas foram tensas e exaustivas. Avaliamos mal a extensão do trecho entre o Hotel é a Central Station para tomar o trem para Aranda. É cerca de um quilômetro e nossa mala mais pesada (mais de 20 kg) perdeu as rodinhas. Não fruir da roda, grande descoberta dos humanos, exigiu esforços pois tínhamos outras bagagens. No aeroporto tencionou-nos não encontrar onde empacotar a mala e desencontros de informações quanto à recuperação de taxas pagas na Europa. A Gelsa e eu nos despedimos por três semanas com ela ainda com seu check-in em andamento.

A manhã foi curta, mesmo que a blogada dominical tenha ocorrido às 04h. No café da manhã usufruímos pela última vez hering e anchovas, algo que deixará saudades.

Na nossa saída fizemos uma visita à igreja São Jacó, próxima ao hotel. As fotos mostram sua beleza exterior. Internamente também é muito bonita. Esta igreja pertence a Igreja Luterana Sueca. A Suécia foi um país católico, mas no século 17 acompanhou a Alemanha e aderiu ao luteranismo, tornando-se este uma religião de Estado. Ainda hoje todos os suecos, independente de crentes ou não, pagam um imposto para manter a Igreja. Só bem recentemente os suecos não nascem mais luteranos. Podem tornar-se luteranos (ou de outra Igreja) depois pelo batismo pedido pelos pais ou pelo próprio fiel.

Na igreja visitada, chamaram-nos a atenção, além da beleza do altar e do púlpito, quatro pôsteres de mulheres, em tamanho natural, com iluminação interna, dispostos em quatro pontos de destaque da nave principal da igreja: uma das mulheres com trajes episcopais com cruz dourada com pedras preciosas em destaque; duas outras em trajes de pastoras; e uma quarta com trajes próprios de uma modelo de uma grife famosa, enlaçando-se sensualmente a um gato. Não conseguimos saber o significado ou a representação das quatro mulheres. Passeamos um pouco pelos arredores do hotel. Por trem chegamos ao aeroporto, cujas peripécias já narrei. Agora só aguardar a partida do Airbus que em cerca de 2,5 horas me levará a Paris.

07MAR 22h22min Paris Agora passaram lentamente cinco das mais de seis horas que vivo neste ocaso de domingo no aeroporto Charles de Gaules em Paris, um dos aeroportos mais movimentado do mundo, uma verdadeira Babel de idiomas. Cheguei de Estocolmo às 17h e devo partir às 23h20min. A viagem para cá teve uma marca: o recontato com jornais franceses. Estes mais amigáveis que os que os dinamarqueses e suecos das últimas três semanas, onde o que mais aproveitava além de olhar as figuras como quase analfabeto era o sodoku , sempre em uma linguagem universal.

Ao chegar troquei imediatamente do terminal 2F por 2E. Neste inicialmente encontrei vários totens que ofereciam energia elétrica para computadores. Mas frustraram a mim e muitos. Claro que invejo aqueles que abrem seus notebooks e sem necessidade de conexão à energia, pois tem baterias duráveis (esta foi uma de minhas perdas nessa viagem). Assim por algumas horas não pude redigir esta edição.

Só quando vim para o portão de embarque que consegui energia, mas não internet. Aliás, a chegada ao portão distante portão de embarque (E69) exigiu a tomada de um trenzinho a partir do E 47. Ainda por desorientação tive que passar duas vezes no rígido controle onde somos tratados como terroristas: tirar cinta, sapatos, mostrar computador...

Essa é uma travessia atlântica excepcional. Não tenho aqui contabilizado quantas vezes já fiz a dupla travessia América/Europa/America desde a primeira em julho 1989, presente por meu tornar-me 50tinha, quando vim a primeira vez a Europa, chegando por primeiro em Paris, que vivia o auge da celebração do bicentenário da Revolução Francesa. Talvez nesses 23 anos tenha feito mais de 15 travessias. A desta noite, que quase começa, parece ser a primeira que faço sozinho. Todas, com exceção de uma ida, foram com a Gelsa. Em dezembro de 2006 vim a Paris para o casamento da Júlia e do Benjamin, com minhas filhas Ana Lúcia e Clarissa, genros Eduardo e Carlos e os netos Guilherme e Maria Clara; a Gelsa voltou conosco no último dia do ano desde Amsterdam. Agora, meio borradamente ,surge em minha memória outro retorno, inclusive pelo Rio de Janeiro, como é este diferente,pois o usual é a volta por São Paulo.

Já chamam para o embarque. Devo escrever amanhã pela manhã do Brasil, provavelmente do Rio de Janeiro.

08MAR 12h08min em Ålborg // 08h08min Rio de Janeiro De novo no Brasil. Mesmo que nunca tenha sido um brasileiro ufanista, meus sentimentos são de grande alegria por já estar de novo no Brasil, depois de três semanas que foram preciosas. Ainda ontem dizia para a Gelsa que não queria, como ela tem agora, mais três semanas, uma em Ålborg, outra em Paris e ainda uma terceira em Berlin.

Desde o último relato em Paris só tenho a contar de uma viagem transatlântica com passagem pela linha do Equador de mais de dez horas. Não vou ser repetitivo acerca do desconforto destes voos onde se amontoam mais de 300 pessoas em um Boeing 747 400. Estava na fileira52 (de 55) de 3+4+3 assentos. A melhor tradução para dizer como se viaja, foi o malabarismo, próprio de um contorcionista, para localizar um sapato que escapara de meu domínio ou constatação que amarrar os cadarços a bordo é impossível.

O voo teve uma janta cerca de uma hora depois da partida (23h30min: hora de Paris). Nesta o mais significativo foi ter tomado uma garrafa (leia-se uma garrafinha de 187 ml) de Cabernet Sauvignon francês que ajudou embalar sonhos e sonos.

Li também algumas novelas do “Je voudrais que quelqu’um m’attende quelque part’ de Anna Gavalda, um pocket que comprei em um Relaix do aeroporto de Paris. A autora é uma parisiense nascida em 1970 tem vários livros de sucesso. O comissário da Air France, ao ver-me com o livro, elogiou por eu estar lendo Anna Gavalda, que ele diz apreciar muito e falou-me de outros livros dela. Tive dificuldades com a leitura, pois os textos tem muita gíria (ou modismos) parisienses.

As 05h30min (09h30min em Paris) foi servido um café. Pousamos às 6h20min e já as 07h15min estava com minhas malas para fazer alfândega aqui. Feito isso me transferi com as mesmas para outro terminal por uma extensa caminhada. Já as reembarquei para Porto Alegre, para onde embarco às 10h.

A busca de uma tomada levou-me a redigir esse texto assentado no chão do salão de embarque nacional do aeroporto Antonio Carlos Jobim, na cidade maravilhosa, que está ensolarada com uma temperatura de 25ºC. Aqui também não consegui internet, assim só vou postar esse blogue depois de escrever o quarto segmento na Morada dos Afagos.

08MAR 14h14min Porto Alegre Agora estou em Porto Alegre. É muito bom viajar, mas o melhor é voltar. E, eu voltei.

A última das cinco etapas foi mais demorada, mesmo que houvesse uma antecipação em 15 minutos das duas horas. Isso quase fez que perdêssemos juntos uma surpresa: O Bernardo, a Ana Lúcia e Clarissa estavam no aeroporto me esperando. Foi algo emocionante. Viemos direto para a casa de Bernardo, onde a Carla e a Maria Antônia prepararam um almoço que teve também a presença do André e do Pedro. Assim tive uma gostosa e inesperada surpresa. Esta blogada é postada da casa do meu querido trio: Bernardo, Carla e Maria Antônia. Dentro de mais um pouco vou a Morada dos Afagos para concluir a viagem.

Encerro assim uma série de 23 edições – iniciadas em 14 de fevereiro – que foram um diário de viagem por terras escandinavas. Agradeço aos leitores desses dias. Sou grato à Ålborg Universitet e ao University College Nordjylland,especialmente a seus professores e alunos pela grande oportunidade que me foi ensejada. À Gelsa que ao lado do companheirismo de uma relação amorosa foi, uma vez mais, uma grande parceira intelectual. Vale dizer que do muito que vi nesse período se deve também a competente Gelsatur. Amanhã as edições voltam ao cotidiano.

Hoje concluo com uma homenagem especial às mulheres nesse criticamente festejado Dia Internacional das Mulheres iniciado há 100 anos, pois foi em 1910, que a Internacional Socialista iniciou essa comemoração. Há muitas mulheres especiais que merecem meu carinho muito reconhecido hoje.

4 comentários:

  1. Bem-vindo, Mestre Chassot! Sempre afirmo que quando perdemos um cantante em nossa vida, é "mais uma voz que se cala", e que se sabe nunca mais volverá. Neste nublado 08 de março de homenagem à mulher, e que é marcado por teu retorno dessa empolgante jornada, perdemos um dos menestréis da música gaúcha: Leonardo. Sua trajetória ficou marcada por diversas interpretações, as quais poderia aqui descrever. Mas, a marca maior foi "Céu, Sol, Sul, Terra e Cor", um verdadeiro hino às belezas de nossa terra. Abraço do JB

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  2. Meu caro Jairo,
    não sabia da morte deste menestrel do Rio Grande.
    A perda do Leonardo é significativa. Uno-me ao teu luto.
    Obrigada pelos votos ao me acolheres neste retorno,
    attico chassot

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  3. Mestre Chassot, o dito popular se confirma: O bom filho à casa torna. Seja muito bem vindo de volta a terrae brasilis.

    Tomara que a diferença gritante de temperaturas não traga transtornos.

    Ótimo dia.

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  4. Meu caro Marcos,
    obrigado pelos votos pelo meu retorna a terrae brasilis.
    Pela hora que posto essa resposta a teu comentário (quase 04 da madrugada) vês que o horário segue o de Ålborg.
    Um bom dia para nós
    attico chassot

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