sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

07.—RELATOS DO UMA OITIVA PRIVILEGIADA


ANO
 8
ANNENASSE - França

EDIÇÃO
 2676

Estamos mais uma vez em Annemasse — cidade conurbada com Genebra — como explicado em 24JAN14 —. Aqui, há duas semanas iniciamos estas férias, narradas neste espaço, que hoje atinge a 17ª edição.
A manhã para despedir Tel Aviv, e por extensão Israel, foi fugaz. Uma circulada pela nossa Dizengoff Avenue para guardar saudades. Jerusalém se fez também saudades neste adeus à Terra Santa. 
Aliás, se houvesse que comparar as duas grandes cidades que visitamos, diria que em Tel Aviv há muito mais pessoas passeando com cães pelas ruas do que homens judeus religiosos, enquanto este é o registro mais significativo de Jerusalém:
muitos religiosos identificados com suas vestes, muitos dos quais seguidos de mulheres com carrinhos com ninhadas de bebês.
Temerosos das rígidas normas de segurança israelis, quando do ingresso ou saída do país, fomos com bastante antecipação ao Ben Gurion. Poucas vezes tivemos situações aduaneiras e de emigração tão tranquilas. O Aeroporto Internacional Ben Gurion (código IATA: TLV) é o maior aeroporto internacional de Israel e o que recebe mais tráfego, com cerca de mais de 12 milhões de passageiros por ano. Em 1973, o nome do aeroporto passou a homenagear o primeiro primeiro-ministro de Israel, David Ben-Gurion.
Uma preciosa oitiva: Logo após embarcarmos, soubemos que o voo atrasaria uma hora. O radar em Nicósia, Chipre, estava com problemas. Ao nosso lado estava sentada uma jovem senhora (47 anos), que em conversa soubemos ser uma judia religiosa (não ortodoxa, categoricamente enfatizado por ela), nascida em Paris
Em meio a muitos relatos pessoais, tivemos oportunidade de fazer várias perguntas acerca da observância do Shabath. Ela, sua família e seu grupo social, do por de sol sexta-feira ao de sábado não cozinham, não acendem qualquer aparelho elétrico, como iluminação residencial (permitido aquilo que previamente programado, como o elevador parar em cada andar, sem intervenção do usuário), não operam televisão, computador, telefone, internet. Não se servem de qualquer tipo de aparelho de reprodução musical, a menos que tenham já programado. Não usam automóvel ou qualquer meio de transporte. As refeições são preparadas com antecipação. Viagens aéreas, por exemplo, são programadas de tal maneira que, caso ocorra algum atraso este não incida no período shabático. 
O que mais nos surpreendeu foram os argumentos não-religiosos que ela apresentou para justificar a importância individual e familiar de usar um dos dias da semana como 'uma interrupção' da rotina agitada em que estamos sempre envolvidos, como um tempo para conversar, usufruir da companhia de quem se quer bem.
Ao lado dos assuntos da guarda do sábado, pudemos escuta-lá sobre a tradição de o casal separar as camas usualmente geminadas nos períodos menstruais da mulher. Também contou que em seu cotidiano a família respeita os rituais kosher, com a separação dos utensílios de cozinha de preparo de alimentos láteos dos de outra natureza.
Ouvimos, com muita discrição, comentários acerca de práticas mais rigorosas por judeus ortodoxos ou muito mais severas pelos ultra-ortodoxos, como por exemplo a impossibilidade de controle da natalidade por meio 'ditos' não naturais.
Talvez o mais surpreendente é que tanto seus pais quanto os de seu marido não sejam religiosos, portanto não observam nada do antes destacado. 
Chegados à Genebra, depois de mais de 4 horas de voo, de taxi fomos à Annemasse, percorrendo várias 'villes' (=cidades) suíças e francesas conurbadas entre si, como escrevi na edição de 24 de janeiro. Agora iniciamos a terceira parte de nossas férias, que dedicaremos à curtição de uma região da Suíça.

Um comentário:

  1. É curioso observar como procedimentos alheios possam parecer tão estranhos quando de culturas diferentes. Votos de um bom degustar das múltiplas culturas desse velho mundo.
    abraços

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