sexta-feira, 16 de agosto de 2013

16.- ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: QUALI ou QUANTI



ANO
  8
Livraria virtual em
www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2519
                


Numa sexta-feira, na qual, ao final da tarde, faço uma apresentação no seminário de pesquisa para docentes e discentes do Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão e do Mestrado Acadêmico de Biociências e Reabilitação do Centro Universitário Metodista do IPA, não sonego as maiores dificuldades no falar aos meus pares. Sinto ratificada a afirmação bíblica de que ninguém é profeta na própria terra.
Componho a blogada de hoje com uma mensagem que recebi nesta quarta-feira e a resposta à mesma. Antes anuncio para manhã uma muito primorosa dica de leitura na blogada sabatina. Vale aguardá-la.
Eis a mensagem e sua resposta: 
Boa tarde, Professor Attico Inacio Chassot,
Sou professor de escola pública no estado do Ceará e tenho interesse em realizar atividades que possam estimular o processo de alfabetização científica. Em 2011, realizei um projeto na escola a fim de compreender as possíveis mudanças nos níveis de alfabetização científica dos meus alunos, no entanto percebo a carência de indicadores desse processo. Existem autores que trabalham com a análise da estrutura dos argumentos dos alunos que mostrem a alfabetização científica. Outros autores usam um teste básico de alfabetização científica que foi adaptado do teste criado por Laugksch e Spargo. Como está sendo usado esse teste no Brasil? Ele tem sido eficiente como indicador de AC?
Atenciosamente,         
Diego Rodrigues, Biólogo *Licenciado em Ciências Biológicas-UFC
Estimado colega Diego, do cálido Ceará, chegas ao gélido Rio Grande do Sul.
Teus questionamentos ensejam resposta trazendo uma questão de posicionamento.
Vou simplificar em duas palavras que destaco:
Meu envolvimento continuado em alfabetização científica tem uma dimensão exclusivamente qualitativa.
Testes, à semelhança dos que referes, que buscam medir, em uma dimensão quantitativa não têm sido objeto de meus estudos e nem tenho envolvido com os mesmos mestrandos e doutorandos que oriento.
As propostas de sonharmos com mulheres e homens operando uma leitura do mundo natural — tornando-se cidadãs e cidadãos capazes de não apenas ler o mundo, mas colaborar na sua transformação para melhor — prescindem de aferições quantitativas.
Esta [alfabetização científica] implica em um ‘estar no mundo’ usando os óculos da Ciência para lê-lo e isso não se faz mediado na detenção e na detecção (de quantidade) de informações, mas sim com conhecimentos e, muito especialmente, com saberes.
Por exemplo, no blogue que mantenho há mais de sete anos, presunçosamente, parece que a maioria dos assuntos que trato colaboram para que sejamos mais alfabetizados, tenhamos mais facilidades para entender o mundo que ajudamos a construir.
Permito-me aditar o texto “Diálogo de aprendentes” onde vais encontrar reflexões na direção de propostas que me encantam compartir.
Obrigado pelos teus oportunos e objetivos questionamentos, que me ensejaram esta mensagem. Com continuada disponibilidade, attico chassot

5 comentários:

  1. Muito estimado professor Chassot,
    a pergunta que faz o Diego era aquela que há muito quisera fazer-lhe. A sua resposta me conforta na direção de minha dissertação acerca do ensino de Ciências no ensino fundamental. Nunca dei crédito a isso de medir o imensurável. Quem tem ‘mais alfabetização científica’: quem sabe recitar elementos da tabela periódica ou quem sabe classificar dinossauros
    Não é por ai Quem se apossa de saberes que o senhor tem divulgado neste espaço é mais alfabetizado do quem sabe recitar a classificação de espécies biológica ou tipos de rochas;
    Adiro a sua posição. É um post muito importante este de joje.
    Marcella Kovinski

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  2. Limerique

    Assim seja repleto de vivência
    Pleno, recheado de inteligência
    Com muita qualidade
    E veraz criatividade
    Um eficaz ensino de ciência.

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  3. A grande problemática da educação no Brasil é que as decições são todas de cunho político. E em nosso país infelizmente o que graça é a politicagem. Nossos lecionadores são por excelência abnegados. Todos os paises que deram uma reviravolta em sua qualidade de vida, a iniciaram pela educação, e educar tem ficado em segundo plano ao longo de nossa historia. Nossos jovens sonham em ser "Ronaldinhos", "neimars" etc. Nossas meninas sonham com o partido "endinheirado". Acabam sempre em uma existência medíocre repleta de frustração.Essa pecha alimenta o continuísmo ficando o filho do operário determinado ao mesmo destino do pai.
    abraços
    Antonio Jorge

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  4. Chassot,

    excelente pergunta do Diego! Para conhecer a alfabetização científica dos alunos seria interessante o uso de pesquisa-ação de BARBIER ou pesquisa narrativa de CLANDININ E CONNELLY. Também me agrada o que dizem BOGDAN e BIKLEN sobre análise de cadernos de campo, entrevistas e registros de atividades de sala de aula... O que reitero é: não há como mensurar o aprendizado, apenas como conhecê-lo e compreendê-lo. A pesquisa qualitativa é o caminho para este tipo de trabalho. O(s) método(s) serão selecionados de acordo com o perfil do pesquisador e o número de entes pesquisados. Enfim, este debate é sempre bem vindo.
    Grande abraçø e boa sorte ao colega.

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  5. Professor é um prazer enorme poder, mesmo que em distância pessoal, falar com o senhor. Estou me preparando para a prova do Mestrado em Educação em Ciência pela UEA/Manaus foi quando através das bibliografias conheci sua obra e me encantei pelas suas falas, pelo seu conhecimento, principalmente, sobre alfabetização científica, pois sou professora universitária e me fiz várias questionamentos sobre nossa realidade física e subjetiva. Estou começando a investigar suas obras, mas parabéns por esse legado de conhecimento e de falas tão claras e significativas. Um abraço caloroso de Manaus.

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