terça-feira, 13 de agosto de 2013

13.- DISCIPLINAR versus INDISCIPLINAR

ANO
   8
A G E N D A      em
www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
2517

Componho esta edição na noite de segunda-feira, quando cheguei, há não muito, do terceiro encontro (de 18) da disciplina de Teorias do Desenvolvimento Humano no curso de Licenciatura em Música. Dentro da proposta de rarear as blogada não ia escrever nesta terça-feira. Mas, à tarde lera um texto na contracapa do caderno TEC da Folha de S. Paulo que esteve transversal às discussões na aula que encerrei há pouco. Assim, transcrevo, sem aditar comentários, As novas mentes da Renascença de Luli Radfahrer, Ph.D. em comunicação digital pela ECA-USP, de onde também é professor há mais de dez anos.  
Você já deve tê-los visto por aí. Jovens criativos, cujos talentos distribuídos entre áreas tão diversas quanto música e sociologia não parecem se encaixar nas gavetinhas reservadas para a arte.
Eles são vistos com desconfiança e desprezo pelos mais velhos. Quem se diz cineasta e bailarino precisa ser medíocre em ao menos uma das áreas, para conforto dos egos alheios.
No entanto, florescem. Criados livres de um aprendizado restrito, compartimentalizado e unidisciplinar, jovens que cresceram com a internet tiveram, pela primeira vez na história, tutores incansáveis, de capacidades infinitas, oscilando entre canais quando necessário.
Não é fácil ser polivalente hoje em dia. O conhecimento necessário para ser especialista em uma área é formidável, a ponto de praticamente não sobrar tempo para outros interesses. Para piorar, quanto mais sofisticado é o conhecimento, mais difíceis são os conceitos e os jargões.
Nada de novo para a geração Pokémon, que enfrenta desafios com o empenho dedicado a games. Curiosos e incansáveis, esses monstrinhos crescidos rodeados de estímulos e opções têm em si um pouco de médico e de louco.
Sua forma de pensar é chamada de "mente da Renascença", em referência a um período em que, depois de séculos isoladas, as pessoas voltaram a compartilhar conhecimento.
A visão multimídia não é exclusiva da Renascença. Pitágoras, na Grécia antiga, cresceu na ilha de Samos entre tutores e navios, e sua curiosidade e formação vasta o ajudaram a influenciar áreas tão diversas quanto filosofia, ética, política, matemática, religião e música.
No século 18, Goethe teve aulas de diversas línguas ainda na infância. Bom desenhista e leitor ávido, virou poeta, novelista, dramaturgo, cientista, filósofo e diplomata. Sua teoria sobre a natureza das cores, seus textos científicos e obras literárias, como "Fausto" e "Werther", encantaram o mundo e inspiraram composições de Mozart, Beethoven, Schubert, Mahler e tantos outros. Seus ensaios filosóficos influenciaram Hegel, Schopenhauer, Nietzsche, Jung e Wittgenstein. Até Darwin se deixou levar por suas ideias.
O símbolo do raciocínio da Renascença é, naturalmente, Leonardo da Vinci. Pintor, escultor, arquiteto, músico, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, geólogo, cartógrafo, botânico e escritor, ele imaginou helicópteros, tanques, calculadoras e baterias solares em seus cadernos, sem se preocupar em publicá-los, ou mesmo se os protótipos poderiam ser executados.
Exceções em suas épocas, esses tipos são cada vez mais comuns. Munidos de pensamento crítico, multidisciplinar e inquisitivo, falando um créole multimídia que impressionaria James Joyce, são eles que construirão novas formas de arte, ciência e entretenimento, cada vez mais integradas, humanas.
Parte cientistas, parte humanistas, parte artistas e parte empresários, eles retratam uma geração desconfortável por não se adequar a modelos arcaicos de aprendizado e prática profissional.
Seu desconforto alerta para uma realidade em que ninguém pode mais se dar ao luxo de se isolar em sua especialidade. Como na vida, o aprendizado surge da colisão de ideias, por mais disparatadas que pareçam ser no início.

2 comentários:

  1. Na realidade cada vez mais a visão dogmática dá lugar a um raciocínio zetético. Não podemos nos acorrentar as velhas idéias usando antolhos que limitam nossos rumos. E essa juventude, muito bem adjetivada pelo cronista como geração pokemon, convive com as mudanças de uma forma natural e sem "pecado". Ousar é descobrir, ouvir é prudente, agir é evoluir.
    abraços
    Antonio Jorge

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  2. limerique

    Estático era o conhecimento
    No conteúdo e no pensamento
    Mas pókemon surgiu
    Novos modos sugeriu
    E na velharia deu um casquento.

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