segunda-feira, 2 de agosto de 2010

2.- Transtorno de Déficit de Natureza

Porto Alegre Ano 5 # 1460

Madrugada gelada (Porto Alegre 7ºC) esta que inaugura o segundo semestre letivo de 2010. Antes de apresentar o que já foi pautado ao final da edição de ontem: O que é: ¿Transtorno de Déficit de Natureza? Há rescaldos do domingo ensolarado e frio de ontem que sucedeu a sábado chuvoso.

Primeiro uma surpresa da repercussão que teve o assunto acerca do mês de agosto. O texto desencadeou 16 comentários, em sua maioria aditando novas percepções acerca do quanto o oitavo mês do ano está (ainda) fortemente marcado por leituras onde o óculo é o pensamento mágico. Concluí, em vista do destaque, que o assunto precisa ser, uma vez mais, trazido aqui.

Também agradeço as continuadas manifestações pelos 4º aniversário deste blogue, celebrado na última sexta-feira. Nesta direção, esta manhã, recebi de Indiamara Passos: Olá professor, venho com um pouco de atraso, pois não consegui acessar no dia 30...mas não podia deixar de parabenizar esse blog que conheci esse ano e que me ajuda muito em minha formação enquanto futura docente de química [algo que cada vez mais me fascina e me encanta] e cidadã.....um prazer e uma honra todos os dias poder ler seus escritos...abraço professor e longos anos ao blog..^.^

Ontem pela manhã recebemos a visita do Bernardo e à tarde do trio MCCC (Maria Clara, Clarissa e Carlos). É muito gostoso receber visita dos filhos e netos. Trazem suas histórias e aditam outras referências que buscam com a gente. Foram dois momentos muito queridos.

Mas o destaque dominical que esse blogue encanta em registrar chegou dos Estados Unidos. Nasceu no sábado a Amélia, neta do Marlo e da Waly – médicos brasileiros há muito radicados no exterior; Marlo Libel, (às vezes leitor deste blogue nos Estados Unido, para matar saudades de sua Porto Alegre) é assessor da área de Prevenção e Controle de Enfermidades Transmissíveis da Organização Pan-Americana de Saúde em Washington, DC e a Wally é psiquiatra. Um e outro são amigos da Gelsa há décadas (meus cerca de 20 anos). Ainda no final de junho o Marlo esteve na Morada dos Afagos. A Amélia é filha da Camila, também médica. Os pais, que ingressam no avonado, escrevem emocionados: Queridos: é a glória. Amélia chegou com toda a força e presença. Ela é bela e forte; Estamos apaixonados por ela e pela mãe. O pai está encantado; e mais é o retrato dele em nova edição. Beijos. Vô Marlo e vó Wally. Aqui de Porto Alegre, onde a Amélia tem raízes, a começar por sua bisavó, nos enviamos votos de muitas alegrias à Amélia, aos pais e aos felizes pais. A baixa qualidade da foto deve-se a inabilidade de editor ao retirar uma das 20 fotos do álbum enviado pelo avô.

O Jornal ZERO HORA do dia 12JUL10, publicou em seu caderno de meio ambiente- Nosso mundo sustentávelparadoxalmente patrocinado por uma das maiores indústrias do tabaco do mundo; esta tem o desplante de dizer que há 107 anos contribui para um Planeta sustentável – um excelente onde o autor estadunidense Richard Louv explica o que o "Transtorno de Déficit de Natureza" causa às crianças. Pareceu-me oportuno inaugurar o semestre letivo que inicia hoje – o meu 100º como professor – repartindo o texto com meus leitores.

Falta de contato com ambientes naturais estaria prejudicando as novas gerações

O autor americano [sic] Richard Louv cunhou o termo Transtorno do Déficit de Natureza para descrever o dano causado a crianças que não experimentam o mundo natural. Quando menino, crescendo na ponta do subúrbio de Kansas City, nos Estados Unidos, Louv podia passar da porta dos fundos da casa de seus pais diretamente para uma plantação de milho e, de lá, para um bosque. E ele o fez. E muito. Como resultado, diz, meio século depois:
– Tenho lugares para ir em meu coração, a plantação de milho e o bosque.
Já faz cinco anos desde que Louv publicou Last Child in the Woods (A Última Criança nos Campos, em tradução livre), best-seller nos EUA que explora o que acontece, aos indivíduos e à sociedade, quando as novas gerações param de brincar em meio à natureza. Transtorno do Déficit de Natureza, como chamou. Muitas coisas ocorreram desde então, mas a pergunta é a mesma: as crianças de hoje terão um "lugar para ir" em suas lembranças?
– Para elas, a natureza é mais uma abstração do que uma realidade física. As crianças de hoje podem falar a você da Amazônia, mas não da última vez em que entraram em um bosque sozinhas. Algo muito profundo aconteceu com a relação delas com a natureza – diz.
É uma síndrome que Louv encontrou pela primeira vez ao pesquisar outro livro no final da década de 80. Obra que é melhor resumida pelas palavras do pré-adolescente anônimo de San Diego que disse a ele na época:
– Gosto mais de brincar dentro de casa, porque é onde estão as tomadas elétricas.
Há também, fatores como a noção moderna de que o tempo de uma criança deve ser usado de forma construtiva - sem espaço para apenas passear em um bosque. Por uma série de razões, não se deixa os jovens chegarem nem perto da natureza por conta própria.
Uma enquete feita pela Children's Society, em 2007, mostra que 43% dos adultos acreditam que elas não deveriam ter autorização para sair de casa sem supervisão antes de completarem 14 anos. Mais crianças, ao que parece, dão entrada em hospitais depois de cair da cama do que por cair de árvores.
– Ossos quebrados costumavam ser um rito de passagem. Agora, tudo o que os pediatras veem são casos de obesidade e lesão por esforço repetitivo – afirma Louv.
A obesidade, porém, é apenas o mais visível dos problemas, mas há um corpo crescente de pesquisa mostrando que o tempo gasto no mundo natural tem um impacto significativo mais amplo do que o bem-estar físico.
Crianças podem crescer bem sem a natureza, mas, com isso, há um aumento notável em distúrbio de déficit de atenção, habilidade de aprendizado, criatividade e saúde mental, psicológica e espiritual. Louv destaca que, em algumas escolas dos EUA, mais de 30% dos alunos usam ritalina.
– Perdi a conta do número de professores que me contaram o quão diferentes eles se tornam quando você os deixa saírem para explorar a natureza. A natureza é a ritalina deles – conta.
E mais, quem vai se chatear em cuidar do planeta se não há mais ninguém com qualquer entendimento, interesse ou conexão com seu ambiente natural?
– O que estamos fazendo, em vez disso, é instaurando nas crianças um tipo de ecofobia. Estamos sobrecarregando-as com cenários de medo e desastre – argumenta o autor.

Com votos de uma muito boa segunda-feira. E que a inauguração deste 2010/2 prenuncie um bom novo semestre letivo. Academicamente inauguro o meu semestre letivo com aulas na UAM - Universidade do Adulto Maior esta tarde. Amanhã nos lemos uma vez mais, queiram assim os anjos que cuidam dos blogues.

8 comentários:

  1. Em uma época na qual a preocupação com o meio ambiente está tão em voga, este texto de Richard Louv apenas confirma o quanto a sociedade está deixando de lado nossos bens naturais. Nós professores temos um papel importante para reverter essa situação, afinal, a Química está diretamente envolvida nisso.

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  2. CRISTHIANE CUNHA FLÔR escreveu:

    Querido mestre Chassot! Quem sabe nós, formadores de professores, não devamos levar nossos estudantes para aulas nos bosques de nossas Universidades? Talvez os adultos também sofram desse mal, não é mesmo? Um forte abraço e saudades: Cristhiane Cunha Flôr

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  3. Meu caro Leo,
    ~~ lamentavelmente não tenho teu endereço eletrônico ~~
    realmente a Química. e por extensão a área de Ciências tem muito a ver com isso. Talvez algo central é mostrar que ‘terra’ não é sujeira e que as crianças podem/devem se sujar.
    Obrigado por teu comentário.
    A admiração do
    attico chassot

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  4. Muito querida colega Cristhiane,
    que bom tua presença aqui neste blogue. Há algumas semanas um aluno teu fez um trabalho para uma disciplina contigo aqui,
    Acho tua ideia genial. Voltarmos a ser peripatéticos.
    Um afago com saudade

    attico chassot

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  5. Mestre Chassot.
    Meu e-mail é leofdr@gmail.com
    Abraços

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  6. Meu caro Leo,
    há algo que não entendo: por que alguns comentários vem com o endereço e a maioria vem como o teu [noreply-comment@blogger.com].Tu tendo endereço do gmail, deveria vir nos teus comentários teu endereço.
    Vi já desde primeiro de janeiro essa situação.
    Obrigado por me enviares teu endereço e obrigado por visitares este blogue.
    Com estima
    attico chassot

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  7. Boa noite Professor!
    Me encantou a foto!E, claro, mexeu comigo né!
    ^^!
    Fiquei mais ansiosa ainda agora!
    Rssss!
    Parabéns aos novos avós!
    =]
    Quanto a tua referência à falta de contato das crianças de hoje com a natureza, só tenho a concordar com os fatos expostos, mas digo também que sou uma privilegiada!Sou rodeada, em frente por um hipódromo, do outro lado uma praça enooooorme, com um pequeno bosque já se manifestando, e meu filho se auto denomina:"protetor da natureza"!
    Acho que terei um Biólogo em casa futuramente!
    hehehehehe!
    Uma doce e suave noite de segunda-feira, já com sabor de retorno às correrias do dia-a-dia!

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  8. Muito querida colega Thaiza,
    privilegiadas são as crianças que tem pátios em casa e como tu com muito verde. Eu lembro da horta de minha casa quando era menino e meus filhos terão lembranças do mesmo quando eram pequenos. Espero que os teus fruam a natureza.
    Quanto à foto foi preciso fotografá-la na tela. Faço ideia o quanto ela te envolve.
    Uma muito boa noite e foi dada a largada do 2010/2.
    Uma muito suave noite para ti e para os teus
    attico chassot

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