quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

COP-15: Dez perguntas e respostas

Edições de 30JUL2006 a 30NOV2009 em achassot.blog.uol.com.br/

Porto Alegre Ano 4 # 1224

A marca mais significativa da data de hoje em mim é o 41º aniversário do Bernardo. Muito evoco aquele nove de dezembro de 1968 – época de AI5 – quando nasceu meu primeiro filho. Como hoje, então a cidade se fazia bonita com lindas floradas de flamboyants. É muito bom tê-lo hoje tão próximo e tão querido se alternando profissionalmente entre São Paulo e Porto Alegre. Tanto lá como aqui sempre afetuoso e dedicado comigo. Não sem razão estou hoje muito emocionado.

Na foto – quando da celebração de quando me fiz 70tinha – estou com um dos meus trios muito querido: o Bernardo com a Carla e Maria Antônia; essa minha primeira querida neta.

Na noite de ontem, participei como professor convidado, da avaliação de Relatórios de Conclusão de Curso de três alunos da Música do Centro Universitário Metodista - IPA: Alexsander Lopes, Diego Prestes de Almeida e Felipe Mano todos orientados pela Prof. Me. Cristina Bertoni dos Santos. Tive como parceiro nesse trabalho o Prof. Me. Paulo Dorfman. Essa já é a terceira edição de avaliação de RCC da Música que participo por convite da Profª Cláudia Maria Freitas Leal coordenadora do Curso de Licenciatura em Música. Credito esse destaque a minha a passagem por semestre em 2008/1 como professor de didática no curso de Música. Assistimos a três excelentes trabalhos. Entre várias referências específicas que mereceriam cada um dos trabalhos, fiz, então, um destaque comum: como os agora formandos como ‘Educadores Musicais’ chegam à Universidade já como músicos com significativa formação e tem numa Licenciatura um momento muito denso na sua formação e o quanto os três destacaram a contribuição importante do Centro Universitário Metodista - IPA.

Reitero, uma vez mais, o convite para conhecer a proposta de desafio trazida aqui na edição dominical. Foram oferecidos 20 exemplares de “A Ciência é masculina” autografados. Até o momento dois leitores já têm direito ao prêmio. Restam 18.

O assunto não poderia ser outro hoje. A COP–15. Para a blogada de hoje trago dez perguntas e respostas coletadas da imprensa. Vale conhecê-las.


PERGUNTAS E RESPOSTAS

1 - O QUE É COP-15? A 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas, que vai desta segunda-feira ao dia 18 em Copenhague, Dinamarca; É o encontro internacional que visa avançar na produção de um novo acordo de proteção ao clima global, que leve a humanidade a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, em especial o gás carbônico (CO2). Um acordo internacional de 2007, o Plano de Ação de Bali, determinou que o novo tratado fosse concluído em dezembro de 2009.

2 - O QUE HÁ DE ERRADO COM O ACORDO ATUAL? O Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, tem metas muito modestas. Por ele, um grupo de 36 países industrializados precisa reduzir suas emissões em 5,2% em relação aos níveis de 1990 até 2012. Os EUA, o principal poluidor do planeta, rejeitaram Kyoto, e as economias emergentes (Brasil, Índia e China) são desobrigadas de metas. Além disso, o primeiro período de Kyoto expira em 2012 e não há nada para pôr no lugar dele ainda.

3 - MAS PRECISAMOS MESMO DE UM ACORDO? O AQUECIMENTO GLOBAL NÃO PAROU EM 1998? Não. O que aconteceu foi que 1998 foi o ano mais quente registrado desde o início das medições com termômetros, e os anos seguintes foram mais frios que ele. Apesar de o clima ser extremamente variável, todas as séries históricas de dados dos anos 1990 para cá indicam um aquecimento de 0,2ºC por década. E todos os anos do século 21 estão entre os dez mais quentes desde que as medições começaram, como mostra o gráfico abaixo.

4 - MESMO ASSIM, AS INCERTEZAS CIENTÍFICAS SÃO GRANDES E OS CUSTOS SÃO ALTOS. NÃO É MELHOR ESPERAR? Sim, há incertezas. E os custos não são desprezíveis: só no setor de energia, até 2030, será preciso gastar mais US$ 10,8 trilhões de dólares para cortar emissões de carbono, segundo a Agência Internacional de Energia. O problema é que a incerteza corta dos dois lados, e o custo de um aquecimento global descontrolado (tempestades, secas, inundações, fome) pode chegar a 20% do PIB mundial até o fim deste século. No Brasil, até 2030, esse custo pode ser de até R$ 3,6 trilhões.

5 - EM QUANTO É PRECISO, ENTÃO, REDUZIR AS EMISSÕES? O IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (da ONU) – tem sugerido que as concentrações de gás carbônico na atmosfera precisam ser estabilizadas em 450 ppm (partes por milhão) se quisermos ter uma chance de evitar um aquecimento de mais de 2ºC até o fim deste século. (Hoje, estamos em 385 partes por milhão.) Este é o limite considerado "seguro", além do qual a humanidade e os ecossistemas teriam muita dificuldade em se adaptar às mudanças climáticas. Para isso, as emissões dos países desenvolvidos precisam cair entre 20% e 45% em relação a 1990 até 2020.

6 - E SE NÃO REDUZIRMOS ATÉ 2020? Não existe uma data "mágica". O problema é que, quanto mais o tempo passa, mais caro fica reduzir as emissões. Hoje a humanidade joga ao ano na atmosfera quase 29 bilhões de toneladas de gás carbônico, contra 21 bilhões em 1990, o que ultrapassa as previsões mais pessimistas de emissão do IPCC. Caso as emissões não cheguem ao pico em 2020 e comecem a cair em seguida, o custo de redução ficará proibitivo. Ainda segundo a Agência Internacional de Energia, cada ano de atraso aumenta a conta da estabilização em US$ 500 bilhões.

7 - QUAIS SÃO OS ELEMENTOS DO NOVO ACORDO DO CLIMA? O tratado que está sendo negociado prevê dois grandes eixos, ou trilhos: o primeiro é o do Protocolo de Kyoto, que ganharia um segundo período de compromisso, com metas mais amplas dos 36 países signatários. O segundo é o do chamado LCA, que prevê compromissos voluntários (mas que podem ser cobrados pela comunidade internacional) dos países emergentes e dos EUA. Além disso, é preciso estabelecer como financiar o combate ao efeito estufa nos países pobres, como será a adaptação destes e a transferência de tecnologias de energia limpa, que ajudem o mundo a migrar para uma economia de baixo carbono.

8 - E QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS ENTRAVES A UM ACORDO EM COPENHAGUE? São dois: mitigação (redução de emissões) e financiamento. Os países ricos relutam em se comprometer com metas ambiciosas de corte de emissão, pois enxergam nelas prejuízos econômicos. Somadas, até agora, as propostas colocadas na mesa pelos países ricos variam entre 16% e 23% de redução em relação a 1990, muito menos do que o problema exige. A outra questão é que nenhum país rico disse quanto dinheiro dará para financiar os países pobres.

9 - OS EUA REJEITARAM KYOTO. ELES VÃO PARTICIPAR AGORA? O presidente Barack Obama assumiu o governo disposto a combater a mudança climática e a livrar os EUA de sua dependência em petróleo. Portanto, está disposto a um acordo. Mas, para agir em Copenhague, ele depende da aprovação, pelo Senado, da chamada lei Waxman-Markey, que estabelece a meta americana de redução de emissões. Como a lei não será aprovada neste ano, Obama não pode assinar nenhum acordo em "legalmente vinculante", quer dizer, que tenha valor de lei.

10 - ENTÃO NÃO HAVERÁ UM TRATADO LEGAL EM COPENHAGUE COMO HOUVE EM KYOTO? Dificilmente. O resultado mais provável será o que os diplomatas chamam de "decisão da COP", ou seja, um documento político que estabeleça linhas gerais de ação e dê um prazo para a assinatura de um tratado legal. Espera-se que esse acordo político, porém, contenha metas de redução de emissões para os países ricos e emergentes, um valor para financiamento e ações em adaptação e transferência de tecnologia.

Com os votos de uma muito boa quarta-feira adito o convite para nos lermos amanhã desde Santa Maria. Viajo, às 10h, mais uma vez àquela que em minha infância era minha cidade referência como a ‘metrópole ferroviária’ para participar na UFSM do 2º Simpósio de Biodiversidade onde na manhã de amanhã tenho uma palestra.

2 comentários:

  1. Mestre Chassot, a COP-15, embora vá tazer, provavelmente, apenas um "acordo de cavalheiros" ao invés de uma lei, é uma das esperanças que temos em despertar a consciência de outras nações para o cada vez mais grave problema ambiental. Ainda, Hopenhague se faz preferível a Copenhague.
    Tudo correu bem nas bancas de hoje. Além de mim, apresentaram. também, o Ben Hur Rezendo, Rafael de Lima e André Cezimbra, nessa mesma ordem. É um alívio ter essa pressão retirada de cima dos ombros. Repasse felicitações minhas ao seu filho Bernardo.
    Ótimo dia.

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  2. Meu caro Marcus Vinícius,
    vibro com as notícias do sucesso de teu trabalho ante a banca. Foi uma noite com um quarteto de peso. Obrigado pelos votos ao Bernardo.
    Cheguei ao Campus do Camobi da UFSM, quase 15h30min. Então, me foi solicitado ser estepe de um conferencista que faltou. Dei – mais uma vez – a palestra ‘A Ciência é masculina?’; Fi-lo das 15h30min às 18h. Amanhã faço a palestra prevista na programação.
    Espero o melhor de Hopenhague.
    Um agradável fim de quarta-feira, agora mais leve.
    attico chassot

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