01/12/2023 Já é dezembro. Este é o mais atípico dos 12 meses do ano. Também é o mês mais prenhe de nossas histórias (doces ou amargas) rememoradas nais densamente nesta época. Cada uma ou cada um dos que ora me lêem já amealha mais que uma dúzia de evocações natalinas, mas, talvez recorda quase nada de um mês de abril ou um outubro (apenas para referir, de maneira aleatória, dois meses que não sejam o natalino dezembro. Esta já cagagésima* porção deste célere 2023 que ora inauguramos e faz, tudo leve a crer — a ter como amostra: o fugaz novembro — que em termos de o tempus fugit tudo será no mínimo igual. Só imploramos que os gnomos e os duendes — dolorosamente ingratos nas ações climáticas no trimestre setembro/outubro/novembro — nos obsequeiam com aquela previsão do tempo sempre querida: agora e para as próximas horas: tempo bom com sol entre nuvens e chuvas esparsas à madrugada.
Muito atenciosas leitoras! / Muito atenciosos leitores! O recesso anunciado no título não deve ser inferido como ingresso em um tempo de deleites para um ‘não fazer nada’ ou como com sedução dicionariza o Priberam: Prazer suave e prolongado, moral ou físico. Ao contrário: nestes dias pré-natalinos ainda tenho duas bancas doutorais: uma onde sou coorientador no Educimat no IFES em Cariacica, na grande Vitória e a outra tese doutoral da UFAM em Parintins onde sou avaliador externo, enquando professor da REAMEC. Tenho, ainda, visitas queridas de duas colegas manauaras que registro em futura edição. Depois de já ter, recentemente, participado de uma banca em uma unidade hospitalar nada me surpreende.
Depois destes dois parágrafos, merecedores de serem peças do meu diário de neo-aposentando, narro como ocorreu este blogar. Pretendia já anunciar na edição passada com o sempre sonhado recesso, Dei-me conta que o dezembro tão incensado neste blogar ficaria sapateiro. Numa dicionarização, significados da locução verbal ficar sapateiro MAS não encontrei a origem deste significado. Aguardo ajuda, mesmo que esteja em desuso. Desapontado por não saber explicar porque sapateiros — e não marcineiros ou músicos ou filosofos… — são ferreteados como perdedores. Trago uma historieta para me recuperar. Ajuda-me a Wikipédia neste gostoso narrar.
O personagem principal no relato que inicio: APELES (em grego Ἀπελλῆς) de Cós (Século IV a.C.) foi um renomado pintor da Grécia Antiga. Plínio, o Velho, a quem se deve o conhecimento deste artista (Naturalis Historia) considerava Apeles mais importante que pintores que o antecederam e precederam. Pintou um retrato de Alexandre, o Grande (que morreu em 323 a.C.) e Plínio situou Apeles na 112ª Olimpíada (332–329 a.C.). Apeles viveu na Jônia no século IV a.C.. Não há certeza sobre os locais de nascimento e morte mas é possível que tenha sido Cólofon e Cós, respectivamente.,
Sutor, ne ultra crepidam (ou ne sutor ultra crepidam) é uma expressão em língua latina que significa, literalmente, "sapateiro, não [vá] além do sapato", usado para alertar as pessoas a evitarem emitir ou transmitir algum julgamento que comporte conhecimento além de sua especialização.
Visita de Alexandre, o Grande, ao atelier de Apeles (Wikipedia). Há narrativa que Apeles fazia de um mercado seu ateliê. Pintava uma modelo quando havia objetos usados pela modelo e público que admirava a obra. Um sapateiro comentou com o pintor que a fivela de uma das sandálias (do grego krepis), que Apeles, prontamente corrigiu pois estava trocada. O pintor agradece e pinta como o sugerido pelo sapateiro. No dia seguinte o sapateiro sugere que ondas de um véu ficaria melhor com uma outra direção e a julgar-se no direito de ampliar sua perspectiva e, assim, apontar outros [supostos] defeitos que ele também considerou presentes na pintura. Nessa ocasião, Apeles, em sua justa reserva (afinal, ele era o autor, era ele o pintor, a obra era dele) aconselhou-lhe que ne supra crepidam sutor iudicaret (um sapateiro não deve julgar além do sapato), conselho que, tendo Plínio observado, tornou-se um dito proverbial.
O ensaísta inglês William Hazlitt cunhou o termo "ultracrepidanismo", como usado pela primeira vez publicamente numa animosa carta para William Gifford, o editor de A Análise Trimestral. Vez ou outra, em sala de aula há situações que alunos (e também professores) dão azo a sua não sapiência assumem o "ultracrepidanismo".
O blogue retorna numa edição de fim de ano no dia 29/12
CAGAGÉSIMO
1.- substantivo masculino: Parte muito pequena de algo.
adjetivo e substantivo masculino . Que ou o que ocupa uma posição insignificante numa ordenação ou representa uma parte muito pequena de algo
"cagagésimo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2023,https://dicionario.priberam.org/cagag%C3%A9simo
Graziele UFMT: Campus Barra do Garça
ResponderExcluirAdorei o Blog dessa semana. Adorei descobrir palavras novas, "cagagésimo" e a expressão "ultracrepidanismo".Penso que o Brasil precisa urgentemente que as pessoas adotem o hábito do ultracrepidanismo. E que a gente, coloque as pessoas chatas e ruins na cagagésima posição. Bom final de semana Um abraço meu querido, Graziele