Agradeçamos as lições de vida que
Dom Mauro Moreli
nos obsequiou nos seus 88 anos de vida!
RIP
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13/10/2023 Se diz que essa guerra já tem mais de 5 mil anos! Sim e não. Mostro. Há duas perguntas que usualmente me envolvem:
Por que não houve revoluções científicas no Oriente?
Por que houve revoluções científicas no Ocidente?
Há uma terceira pergunta acerca de nossas leituras do Ocidente e do Oriente: Quem é quem? Selvagens terroristas ou Pessoas de cultura
Destas três perguntas, a terceira é de resposta óbvia: Quem são os Selvagens terroristas? Eles! E quem são Pessoas de cultura? Nós, é claro!
É por causa deles (= os tolos selvagens terroristas) que se bate boca numa reunião de condomínio pois os tolos não entendem que pintar os vasos de verde é mais bonito que pintá-los de azul. É por causa dos selvagens, que não sabem dirigir direito, que se bate boca no trânsito. É tambem por causa de terroristas que se fazem as guerras.
Poderíamos ficar horas tergiversando acerca de respostas à terceira pergunta. Mesmo que, não raro, hesitássemos, sabemos quem somos nós (= os sábios) e quem são os ignorantes (eles).
Seria muito mais aprazível se aqui e agora, amealhássemos respostas às duas significativas primeiras perguntas. Fica um débito, para uma outra edição deste blogue, de algumas prováveis respostas à situação — talvez, (des)vantagens — no que tange a presença ou não de Revoluções científicas no Ocidente e no Oriente.
Já, no último abril em quatro sextas-feiras, sorvemos quatro contos acerca dos quatro elementos alquímicos que eu redigi para a Seleta contendo quatro ensaios nos quais cada um deles está imbricado em tentativas de relações entre o sagrado*** e o profano: 1) Terra (Lilith no paraíso endêmico); 2) Água (os distintos dilúvios universais); 3) Ar (a respiração e nossa continuada produção de carbono, como CO2) e o 4) Fogo e a milenar interrogação: quem Abraão leva ao sacrifício: Isaque ou Ismael? Qual dos dois filhos: ISMAEL, o filho com escrava Agar ou ISAQUE seu filho gerado com Sara. Qual das duas narrativa sagradas vamos optar: a torá judaica ou o corão islâmico? O que tudo isso tem a ver com esta guerra dolorosa?
E o filho disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto? E disse Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho. Assim caminharam ambos juntos (Gn 22:7e8).
Antes de apresentar o quarto conto, uma informação em 2 paragrafos:
Ter estado em janeiro de 2014 nos territórios ocupados Palestina e visto uma dolorosa realidade que parece quase insolúvel foi/é muito doloroso, ou mais, revoltante. Na Palestina em resumo vi: construção de milhares de moradias de muito boa qualidade para colonos israelis (aqui a expressão 'colonos israelis' deve ser vista como cidadãos urbanos, profissionais liberais e trabalhadores de diferentes ramos, sem nenhuma conotação com trabalhadores rurais); erguimento de quilômetros de muros, separando palestinos e os fazendo viver em guetos em territórios que ocupam há milênios.
Há situações no Oriente Médio: dois países: um israeli e outro palestino. Ou um único país co-gestionado por israelis e palestinos. Uma e outra das alternativas, agora, parecem utópicas. Gostaria apenas de dizer aos meus leitores que a cada dia os palestinos veem seus territórios usurpados pelo aumento de ‘colonos’ que são implantados por Israel, para assegurar maiores territórios que aqueles que foram definidos pela ONU em 1948.
Deus disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi. Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus servos e Isaque seu filho; e cortou lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera. Ao terceiro dia levantou Abraão os seus olhos, e viu o lugar de longe. E disse Abraão a seus servos: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o meu filho iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós.
E tomou Abraão a lenha do holocausto, e pô-la sobre Isaque seu filho; e ele tomou o fogo e o cutelo na sua mão, e foram ambos juntos. Então falou Isaque a Abraão seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui, meu filho! E ele disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto? E disse Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho. Assim caminharam ambos juntos (Gn 22:2-8).
Nos versículos de Gênesis 22, Deus ordena Abraão sacrificar seu único filho. Todos os estudiosos do Islã, e também, do judaísmo e do cristianismo concordam que Ismael nasceu antes de Isaque. Não faz sentido chamar Isaque de único filho de Abraão, ele tinha um (meio-)irmão: Ismael, filho de Abraão, gerado por Agar, a escrava de Sara.
É verdade que os estudiosos judaico-cristãos argumentam com frequência que como Ismael nasceu de uma concubina, não era filho legítimo. Entretanto, de acordo com o próprio judaísmo era uma ocorrência comum, válida e aceitável: esposas estéreis darem concubinas a seus maridos para gerarem descendência, e a criança produzida pela concubina era reivindicada pela esposa do pai, desfrutando todos os direitos como se fosse filho da própria esposa, incluindo herança. Em acréscimo a tudo isso, é inferido na Bíblia que a própria Sara considerava um filho nascido de Agar como seu herdeiro de direito. Sabendo que havia sido prometido por Deus a Abraão que sua semente encheria a terra entre o Nilo e o Eufrates (Gn 15:18) de seu próprio corpo (Gn 15:4), ela ofereceu Agar a Abraão para que ela fosse o meio do cumprimento dessa profecia. Ela disse: “Eis que o Senhor me tem impedido de ter filhos; toma, pois, a minha serva; por ventura terei filhos por meio dela” (Gn 16:2). Não foi diferente o acontecido à Léa e Raquel, as esposas de Jacó, filho de Isaque, darem suas servas a Jacó para gerarem descendência (Gn 30:3, 6-7, 9-13). Seus filhos foram Dan, Neftali, Gad e Asher, que eram dos doze filhos de Jacó, os pais das doze tribos dos israelitas e, consequentemente, herdeiros legítimos.
Disso entendemos que Sara acreditava que uma criança nascida de Agar seria um cumprimento da profecia dada a Abraão, — dito ‘o filho da promessa’ — e seria como se tivesse nascido dela própria. Assim, de acordo apenas com esse fato, Ismael não é ilegítimo, mas um herdeiro de direito.
O próprio Deus considera Ismael um herdeiro de direito porque, em várias passagens, a Bíblia menciona que Ismael é uma “semente” de Abraão. Por exemplo, em Gênesis 21:13: “Mas também do filho desta serva farei uma nação, porquanto ele é da tua linhagem”. Existem outras razões que provam que Ismael e não Isaque deveria ser sacrificado.
Voltemos ao relato, Abraão consultou seu filho para ver se ele compreendia o que lhe foi ordenado por Deus: “E lhe anunciamos o nascimento de uma criança (que seria) dócil”. E quando chegou à adolescência, seu pai lhe disse: Ó filho meu, sonhei que te oferecia em sacrifício; que opinas? Respondeu-lhe: Ó meu pai, faze o que te foi ordenado! Encontrar-me-ás, se Deus quiser, entre os perseverantes!” (Alcorão 37:101-102).
De fato, se o pai diz a uma pessoa que ela deverá ser morta por causa de um sonho, isso não será recebido da melhor maneira. Pode-se duvidar do sonho e também da sanidade da pessoa, mas Ismael conhecia a posição de seu pai. O filho virtuoso de um pai virtuoso estava determinado a se submeter a Deus. Abraão levou seu filho ao lugar onde deveria ser sacrificado e o deitou com o rosto para baixo. Por essa razão, Deus os descreveu com as mais belas palavras, pintando uma imagem da essência da submissão; uma que leva lágrimas aos olhos: “E quando ambos aceitaram o desígnio (de Deus) e (Abraão) preparava (seu filho) para o sacrifício” (Alcorão 37:103).
Quando a faca de Abraão estava descendo, uma voz o interrompeu: “Então o chamamos: Ó Abraão, Já realizaste a visão! Em verdade, assim recompensamos os benfeitores. Certamente que esta foi a verdadeira prova” (Alcorão 37:104-106).
De fato, foi o maior de todos os testes, sacrificar seu único filho, nascido depois de ter alcançado uma idade avançada e anos de espera por descendência. Aqui Abraão mostrou sua disposição de sacrificar tudo que tinha por Deus, e por essa razão, foi designado um líder de toda a humanidade, aquele a quem Deus abençoou com uma descendência de profetas.
“E quando o seu Senhor pôs à prova Abraão, com certos mandamentos, que ele observou, disse-lhe: Designar-te-ei Imam dos homens. (Abraão) perguntou: E também o serão os meus descendentes?” (Alcorão 2:124).
Ismael foi resgatado com um carneiro: “...E o resgatamos com outro sacrifício importante” (Alcorão 37:107).
É esse epítome (=Resumo e consubstanciação de uma obra ou doutrina) de submissão e confiança em Deus que centenas de milhões de muçulmanos reencenam todos anos durante os dias do Hajj, um dia chamado Yawm-un-Nahr – O Dia do Sacrifício, ou Eid-ul-Adhaa – ou a Celebração do Sacrifício. Sabemos do Alcorão que a criança a ser sacrificada era Ismael, já que Deus, ao dar as boas novas do nascimento de Isaaq a Abraão e Sara, também deu as boas novas de um neto, Jacó (Israel): “...alegremo-nos com o nascimento de Isaque e, depois deste, com o de Jacó.” (Alcorão 11:71) Da mesma forma, no verso bíblico Gênesis 17:19, foi prometido a Abraão: “Sara, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe chamarás Isaque; com ele estabelecerei o meu pacto como pacto perpétuo para a sua descendência depois dele.”
Como Deus prometeu dar a Sara um filho de Abraão e netos daquela criança, não era lógica e praticamente possível para Deus ordenar que Abraão sacrificasse Isaque, uma vez que Deus não quebra Sua promessa.
Quando os dois meninos crescem, mesmo sendo Ismael 14 anos mais velho que Isaque, havia disputas entre eles. Também os servos de um e outro tinham discussões por causa de terras, situação que se faz permanente até os dias atuais. Conflitos entre Agar e Sara se intensificam, ameaçando a paz de sua família. Abraão então resolve despedir sua serva junto com o seu filho Ismael. Por tal, Abraão ouvindo a Deus, leva Agar, Ismael e seus servos a um lugar distante, aonde crescerá a linhagem dos filhos de Ismael.
A seleta, com os 4 contos está na integra em dois livros:
Obrigada pela agradável e elucidante leitura! abraços Denise Rocco
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