sexta-feira, 28 de outubro de 2022

ANO 17*** 28/10/2022***EDIÇÃO 2058

 De um outubro histórico


No meu imaginário, outubro sempre é um mês muito especial. Ele precede a novembro onde a partir de minha DN já há um sabor de Natal, fim de ano… Outubro parece ser o mês mais prenhe de comemorações: Dia do Professor, do Médico, do Dentista, do Funcionário Público,  do Ferroviário… e a lista poderia se ampliar. Há ainda o Halloween que os anticolonialistas transformam, timidamente, em Dia do Saci. 

Outubro termina com um feriado que é, por ora, celebrado apenas em comunidades com predominância de luteranos. O dia 31 de outubro é feriado em alguns municípios brasileiros: exemplo Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Não sei acerca de outros estados. Isto ocorre em municípios onde há um número expressivo de fiéis da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB, sínodo alemão) e da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB, sínodo missouriano). São municípios onde há significativa presença de descendentes de colonos alemães que chegaram ao Brasil na primeira metade do Século 19.

Qual o significado da data? Em 31 de outubro de 1517, o então padre católico alemão Martinho Lutero afixou na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha as suas 95 teses denunciando a cobrança de indulgências pela igreja de Roma. Esta data, que extrapola em significados sua consequência: um dos mais extensos cismas na igreja cristã é de tamanha importância que por muitos pode ser considerada como o fim da Idade Média e início dos tempos modernos. 

Neste outubro de 2022 os brasileiros (quase) obliteram todas as celebrações antes referidas e vivem este mês marcados pela ansiedade. Esta, vez ou outra, se transmuta em violência pois tudo -- não apenas os dias de votação 02 e 30 --  se bi-polarisa: bem e mal / céu e inferno / católico e evangélico / amor e ódio / paz e guerra / …... Grêmio e Internacional. Esta ansiedade, em algumas situações, se vandaliza gerando agressões e até mortes.

Parece que há três momentos marcadamente bipolares. Há que fazer posicionamentos: mesmo que sonhe que no entardecer do próximo domingo todos brasileiros -- vençam bolsonaristas ou vençam lulistas -- confraternizem pelo encerramento de uma eleição presidencial democrática e republicana este texto tem autoria e esta tem posição.

Entre os três momentos anunciados não vou considerar os prós e os contras vacinas. Há quase 120 anos dois grupos já se digladiavam na recém nascida República. Hoje o Presidente não apenas fez campanha contra a vacina, mas obstaculizou a sua importação. No Rio Grande do Sul, um dos candidatos a governador na eleição deste domingo faz do não se vacinar um apanágio. As primeiras tentativas de melar (= fazer fracassar; anular; interromper) a eleição presidencial de 2022 são bastante remotas e muito recorrentes: Estas tentativas podem ser marcadas pelo descrédito nas urnas eletrônicas. O Presidente não precisa de gatilho para detonar a possibilidade do processo eleitoral, já usual desde o século passado, ser passível de fraudar. Os militares acompanharam com óculos privilegiados as eleições de 02 de outubro; ainda não opinaram. 

A segunda etapa foi desacreditar os institutos de pesquisa, fazendo deles bodes expiatórios com frustrações de resultados nas urnas. Talvez valha lembrar minha resposta quando mestrandos ou doutorandos me informam: “Isso eu tenho certeza!” Respondo: “Ótimo. Isto não precisamos mais estudar!” Se as pesquisas eleitorais laborassem com certezas não precisaria haver eleições. Veja o quanto se economizaria! Os institutos escolheriam os ungidos.

No terceiro momento, à indicação de uma provável derrota, a não publicização de propagandas obrigatórias por algumas emissoras radiofônicas (parece ser seis inexpressivas emissoras do Norte e Nordeste) surge como o último quebra-galho [(= Pessoa ou recurso que permite a resolução rápida e improvisada de um problema ou de uma situação difícil) para trampear (este verbo pode ser lido na acepção dicionarizada pelo Priberam: Fazer tramoias ou trampolinas;  enganar; trapacear ou com o neologismo: agir autoritariamente como Donald Trump)] à eleição prevista para o esperado domingo. A qualquer pessoa de bom senso deve parecer uma  inconsequência adiar as eleições deste domingo. Sem parecer que laboro em preconceito: se a rádio Chão de estrelas FM de Itapinguaçu da Bahia deixar de apresentar algumas inserções é diferente se isso ocorrer durante uma transmissão da CBN, presente em quase todo território nacional. Haja ansiedade para viver este outubro esperando trocar a folhinha logo. Que o saboroso Novembro embale os melhores sabores! 

      


3 comentários:

  1. Meu querido professor de vida. Obrigada pela aula de História e de política. Sempre aprendo contigo, mesmo sendo uma aluna mirim de 85 anos. Abraços saudosos.

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    1. A autora deste querido comentário -- por equívoco não identificado -- é a Alice que no meu referir é sogra da querida Clóvia, professora da UPF, A Alice é uma mulher feita por livros e por tal uma polímata que aguardo oportunidade para ir à Passo Fundo para tecer conversas que sabem ser sumarentas, Expectante.

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