ANO 16***25/03/2022***EDIÇÃO 2040
Por razões técnicas os blogares dos dias 18 e 25 de março são excertos de edições passadas. A edição de hoje é de setembro de 2012.
Trago algo da imprensa desta semana, que tem como manchete: DESCOBERTA POLÊMICA. A tese trazida não é nova. A hipótese é muito provável, se nos dermos conta como as mulheres foram apagadas na história do cristianismo. Eis a notícia:
Um fragmento de papiro que provavelmente data do ano 350 da Era Cristã retrata Jesus usando a expressão “minha mulher”. Segundo a historiadora da Universidade de Harvard (EUA) Karen King, responsável pela análise do texto antigo, que ela apelidou de “Evangelho da Mulher de Jesus”, o fragmento não traz informações confiáveis sobre a figura histórica de Cristo, já que a narrativa quase certamente teria sido composta séculos depois da morte dele.
O que o texto mostra, no entanto, é o intenso debate sobre os prós e contras do sexo e do casamento nos primeiros séculos do cristianismo – uma controvérsia que ainda deixa marcas em temas como o celibato dos padres ou a ordenação de mulheres, por exemplo.
O “Evangelho da Mulher de Jesus” vem a público com uma aura de mistério, além da inevitável polêmica que o tema do fragmento traz. Sua procedência exata é desconhecida. Sabe-se apenas que, em 2010, um colecionador de antiguidades (cuja identidade está sendo preservada) mandou um e-mail para Karen King, especialista em cristianismo antigo da Escola de Teologia de Harvard.
O colecionador queria ajuda para traduzir o fragmento – uma única folha de papiro, medindo oito centímetros de largura por quatro centímetros de comprimento. O texto foi escrito em copta, idioma descendente da língua dos faraós que era falado pela maioria dos egípcios na época do Império Romano (e ainda é usado na liturgia dos cristãos do Egito).
A pesquisadora pediu a ajuda de outros especialistas em papiros e na língua copta e acabou por decifrar o que restou do texto. A descoberta foi anunciada pelo jornal The New York Times. Os fragmentos dizem, entre outras coisas, “Maria (Madalena?) é digna disso” e, logo depois da menção a “minha esposa”, “ela será capaz de ser minha discípula” e “eu habito com ela”. Dá para esperar um debate acadêmico feroz em torno do manuscrito. Entre os especialistas que revisaram o artigo da revista especializada The Harvard Theological Review no qual está a análise do manuscrito, dois chegaram a questionar a autenticidade do material.
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