ANO 15 |
Agenda de Lives em página |
EDIÇÃO 3699 |
Há que dizer, com confessa religiosidade, que
esta já é a edição que circulará no terceiro domingo do advento. Não falta
muito para ardorosamente cantarmos “Adeus, ano velho!”
Narro dois momentos da semana que se esvai.
Parece que um e outro não se conectam. Mas, ambos se tecem fazendo esta blogada
pré-natalina.
Deixo de comentar, mais extensamente, duas
lives desta semana e também a festa de natal no Laboratório indisciplinar.
No dia 8, terça-feira, vivi uma reedição de ‘Diálogo de aprendentes’ onde os
participantes recebem com antecipação o texto homônimo e então dialogam comigo.
Numa promoção da FFCLRP USP foram cerca de 100 minutos de sumarentas trocas de
saberes.
O dia seguinte, na UFS, dialoguei com o Prof.
Dr. Bernard Charlot; quando conheci seu currículo, que dá de dez a zero no meu, tremi. Nas duas horas
de conversação reanimei-me.
Agora os dois momentos já anunciados. Um dos
momentos preencheu meu fim de semana e ainda se espraia pelos dias que fluem. O
outro ainda me interroga. É irrespondível.
No sábado, um passarinho, ainda implume, caiu
no foyer pela chaminé da lareira, de provável ninho no piso superior. Não voa
ainda, mas se adonou e marcou sua presença em peças da casa. No domingo, com orientações
de distante pontos do país recebi orientações para hidratá-lo e alimentá-lo.
Não tive muito sucesso. Acolchoei lhe uma caminha. Na manhã de segunda-feira,
anunciei aos meus parceiros salvacionistas que o frágil passarinho fora a
óbito. Engano meu. Ao ascender para dar-lhe sepultura no jardim, manifestou-se
piando a doer. Então, de vez em vez, ofertei-lhe uma solução hidratante, leite
morno, pirão... Não fui hábil. Penso que a oferta não foi aceita. À tarde, na
expectativa que seu piar chamasse sua mãe (depois me disseram que as mãe não
reconhecem filhotes que foram tocados por humanos e os deserdam), levei-o a um
tomar um sol, entre nuvens, nada intenso. Foi fatal. Ele morreu. Dei-lhe
sepultura sob uma lápide, onde penso que vejo escrito este memorial. Sofri.
Sofro. Eu não mato uma das milhares de drosophilas que se apossaram de minha
cozinha, ajudei a matar um passarinho ainda emplume (levando-o ao sol).
Agora, o segundo momento a narrar. Na minha biblioteca seria merecido houvesse um Recanto Jairo Brasil. Cada ano, no meu aniversário, sou agraciado, pelo meu ex-orientando de mestrado, com um livro sempre muito especial. Este ano, deixou na Portaria de meu prédio A Bibliotecária de Auschwitz, um romance baseado numa história real. Não vou fazer resenha. O título diz muito. Mesmo que já faça um mês do ofertório, não terminei. Nestes dias, múltiplos interrogantes sequenciam minhas leituras diversas. O livro é dolorosamente saboroso. Exige leituras à pequenas doses. Estas me fazem retornar a Auschwitz, onde estive há não muito. Um dos personagens do livro é o macabro Doutor Mengele. Fazia (e se comprazia) experiências com crianças que qualquer um de nós não permitiria fazer nem em ratos de laboratórios ou em drosophilas. Se quisesse experimentar, por exemplo, mudar a cor dos olhos das crianças para azul, injetava no globo ocular um corante azul, mesmo que isso cegasse os inocentes para sempre. Este é apenas um exemplo ‘simples’.
Agora um interrogante fulcral: como o episódio do frágil filhote e os cruéis crimes contra a humanidade em centros de extermínios se entretecem. Parece que não preciso responder. Até a vindoura sexta-feira!
Meu querido Mestre, fico muito satisfeito que tenhas saboreado a oferta natalícia deste enigmático 2020, em que tivemos que nos adaptar a uma realidade totalmente avessa. Abraço e ótimo final de semana.
ResponderExcluirJairo, não muito querido amigo, este 2020 é exótico, porém as coisas boas não foram esquecidas. Muito obrigado pelos acarinhamentos,
ExcluirOi querido professor. Sinto muito pelo passarinho. Talvez tenha sido a queda, não o sol que tenha ceifado a vida dele. Para animá-lo contarei um acontecido. Meu pai encontrou, em uma estrada movimentadíssima, um periquito, estava prestes a morrer atropelado, tadinho. Ainda com a asa partida. Meu pai conseguiu levar para casa, ele sobreviveu, não voa mais. Mas está vivo. Não sei o que pode ser mais doloroso, viver sem voar, ou morrer. Vamos vivendo. Bom final de semana.
ResponderExcluirMuito querida Uiara! As histórias se repetem o cuidado com os animais que bom que estão distantes os tempos e cada menino tinha um bodoque ou estilingue para matar passarinhos agora temos uma uns generosa e os alimentos linda a história do periquito de teu pai
ExcluirAo mui, mui caro Chassot, Áttico, meu abraço sorocabano, já com ondas e energias de Taperoá-PB, que em 19/12/2020, sábado que vem, concederá a mim e à amada Adriana Rocha, minha esposa e parceira, a honrosa titulação de cidadania pela Câmara Municipal. Gostaria de apresentar-lhe, e aos que por aqui passarem, fato semelhante ao teu em relação ao passarinho, só que com final feliz e, uma questão que me desafia. Vamos lá! Também aqui, em Sorocaba, em nossa casa, eis que um filhote de sabiá-laranjeira apareceu. Não se sustentava em pé, ficando de barriga para cima. Dri e eu desesperados. Corríamos para mexer com o filhote até termos certeza: está vivo, vivas! Os dias passaram e a mãe vinha alimentá-lo. Não aceitava comida ou água que oferecíamos mas as frutas do bico da mãe, sempre! Numa telha apoiada no pé de pitanga do quintal abastecemos, todos os dias, com frutas: mamão, banana e abacate. Gostam mais desta última. Com duas semanas, eis que o filhote começou a voar baixo para, finalmente, ganhar a amplidão do espaço. Queremos acreditar que ele voltou hoje, mas não temos certeza. O problema devia ser de formação numa das patinhas. E a Natureza encontrou um meio... Quanto à questão, meu amigo, ei-la: em quanto tempo, cronológico, o Brasil se reerguerá depois que o ser abjeto deixar o Planalto?
ResponderExcluirQuerida Adriana e querido Élcio! A narrativa trazida tem um ponto de partida igual aquela que eu conto. Também não difere muito da história contada pela acreana Uiara que que eu tenho privilégio de orientar no seu doutorado. É muito bom saber dos amar osanimais e também as plantas
ResponderExcluirParabéns aos novos e queridos cidadãos honorários de Taperoá Paraíba cumprimentos plenos de emoção
ResponderExcluirCaro professor, cresci no interior do Estado e era muito comum que nós, ainda crianças, encontrássemos passarinhos caídos dos ninhos. Infelizmente nunca consegui que sobrevivessem mais do que alguns dias. Sinto muito pelo "seu" também. E obrigada pelo breve relato acerca do livro, entrou para a minha lista de leituras para 2021. Não esquecer para não permitir repetir. Um abraço e feliz Natal.
ResponderExcluirCaro mestre, dois fatos com uma distância significativa ilimitada e dentro de um tempo secular. Prova de que o homem é imprevisível, penso depender muito dos valores que hegemonizam o momento histórico. Claro, sempre orientado pela pergunta: Que mundo/sociedade quero para mim e aos que me rodeiam???
ResponderExcluirVida em abundância a todos os seres vivos que tanto nos felicitam com a simples presença...apesar do moderno Menguele, digo Jair Bozo...
Abraços!!!