sexta-feira, 20 de março de 2020

20.— E ... o março de 2020 terminou dia 17




 ANO 14
AGENDA 2 0 2 0
EDIÇÃO
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Minha agenda está derruída. A minha e a de meio mundo. Dia 17 de março, talvez passe para história como dia mundial de tentar refazer agendas. Março está vazio e (oh paradoxo!) nele nada mais é passível de agendamento. Talvez reste o dia de São Jose no dia 19. Nada mais... Nem a simpática capicua 30:03 subsiste.
Março terminou! Há iludidos que veem a quarentena decretada terminar em 1º abril. Só se seria no abril de 2021? Em 2020, numa situação otimista, torçamos para maio..., talvez, junho.
Cheguei a pensar em nominar esta blogada de Memórias do cárcere. Seria desqualificar, entre tantos, Graciliano Ramos (1892-1953) que com propriedade viveu e escreveu este título.
Para mim ficar enclausurado não é problema... estou acostumado, já que moro sozinho!!! Claro que a atual abstinência de viagens é bastante difícil para mim!
Desde que cheguei de Manaus, no limiar de sexta-feira, 13/03, algo que muito ouvi/ouço são interferências (amorosas) para que abandonasse as viagens. Os argumentos mais usados: o alerta que pertenço a grupo de risco. Houve quem afirmasse: “Minha probabilidade de óbito por coronavírus é 1,27%. A tua é de 14,29%!” Isto me chateia. Ser continuadamente posicionado como idoso me desagrada. Ser discriminado. 
Pior... ser excluído. Eis a quarta de nove recomendações da Prefeitura de Marabá PA. Convenhamos quem a cada mês, vai de Porto Alegre à Marabá por uma semana, não merecia esta afirmação de distanciamento físico. Por tal me chateei. Lembrei de tempos remotos quando os leprosos tinham que sinalizar sua chegada a um grupo saudável.   
Não foi sem dificuldade que posterguei a ida à Marabá de março. Transferida a viagem, vem as mais heterodoxas recomendação originada de profissionais de respeitadas universidades brasileiras e do exterior. Se eu tivesse que seguir um cagagésimo dos protocolos para sair e/ou para chegar em casa eu preferiria ser mantido em casa para sempre.
Para estes tempos de experimentação de uma quase prisão domiciliar tenho planos de colocar em dia fazeres atrasados (Lattes, IRPF, atualizar a catalogação em minha Biblioteca…). Estou oferecendo uma maior disponibilidade ao meus SEIS orientandos (4 mestrandos, 1 doutoranda e 1 pós-doutorando).
Se terminada a quarentena, estiver com muita saúde e ainda sem dívidas profissionais... terei bons motivos para festejamentos.
Ler e escrever ficção é mais meta muito saborosa. Já li nestes dois primeiros dias de recesso o livro da TAG/março: Um homem bom é difícil de encontrar e outras histórias. O primoroso exemplar reúne dez contos da estadunidense Flanery O’Connor (1925-1965). Ensaiei uma leitura comparativa dos contos. Não preciso justificar porquê deixo a ficção de lado para retomar: A História da humanidade contada pelos vírus do brasileiro Stefan Cunha Ujvari, presente do Jairo há quase 5 anos.
Desejo aprender a viver mais offline>menos online. Quero escutar menos notícias. Deseja o cada uma e cada um dos meus leitores uma semana muito saudável.

3 comentários:

  1. Meu Caro CHASSOT! Concordo que o alerta de que somos idosos e, por isso, estamos no Grupo de Riscos é tremendamente chato. Na Escola já tive de ouvir esta semana esse AVISO, para que depois fosse dispensado para atividades In Home. Mas eu também já há muito faço trabalhos solitários, e me acostumei com as tarefas autônomas. Posso afirmar que estou preparado para as Quarentenas.
    Também já ouvi uma centena de orientações sobre o lava-mãos e as características do Corona. Mas eu que trabalhei em industrias de alimentos por muitos anos, estou pós-doutorado nestas teses microbiológicas.
    Espero que em breve possamos retomar nossas vidas normais, onde as bactérias e vírus fazem festa e convivem conosco nos mais diversificados ambientes, sem máscara e álcool gel. (Aliás, ontem fui ao supermercado e fiquei espantado com a idiotice de alguns indivíduos remexendo as prateleiras, amealhando os últimos pacotes de papel higiênico e papel toalha, como se fossem para o Tibete em viagem sem volta).

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  2. Muito querido amigo Jairo! Excelente o teu comentário!
    me vejo acolhendo tua solidariedade! Sonhando com tempos de saúde para todos!

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  3. Tinha que ser justamente no dia 17?
    Fora tal detalhe, vale lembrar que a crise que seguirá não será biológica, mas SOCIAL. Fica a reflexão: Nosso modo de vida anarco capitalista, anarco liberal, dará conta de resolver as questões que se apresentarão? Quem tem maior chance de óbito, por necessidade em ter de se ausentar de reclusão para buscar sustento??? Abraços....tempos de reflexão sobre a Sociedade que construímos.

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