ANO
13 |
AGENDA 2 0 1 9
www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
3408
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Depois de 33 dias (12 em Marabá +7 em Manaus + 10 no Rio de Janeiro + 4
em Marabá) retornei esta tarde à Porto Alegre. Nas três edições anteriores deste
blogue se comentou os três primeiros segmentos. Hoje trago uma amostra de uma
das produções do quarto segmento.
Durante nove semanas, com 2x4 horas em dois dias, a Profa. Alessandra
Rezende e eu desenvolvemos no Programa de Pós Graduação de Educação em Ciências
e Matemática da UNiFESSPA o componente Curricular: História e Filosofia da
Ciência.
Na tarde de ontem, os mestrandos trouxeram uma análise crítica de um dos
capítulos de livro {Decolonialidades na educação em ciências / Bruno A. P.
Monteiro... [et al.]. – 1. ed. – São Paulo : Editora Livraria da Física} lançado
nesta semana no ENPEC, em Natal, RN.
A trazida da análise crítica, no último encontro do seminário
oportunizou um profícuo debate de encerramento do componente curricular. Como
amostra se traz a seguir, devidamente autorizado por escrito pela autora, um
dos 17 textos produzidos.
ANÁLISE CRÍTICA DO CAPÍTULO “O OCIDENTE ‘CONSTRÓI’ O ORIENTE PARA
COLONIZÁ-LO”, Attico Chassot.
Eude Léia Gonçalves Ramos Mendes – Mestranda PPGECM/UNIFESSPA
RELATÓRIO DE LEITURA
O autor amplia a discussão acerca da colonização europeia abordando a
relação entre o Ocidente e o Oriente, o que é inovador, pelo menos do ponto de
vista latino americano. Para isso, parte do pressuposto de que o Oriente é uma
‘criação’ do Ocidente que delimita não apenas o espaço geográfico, mas também a
noção de“externo”e, portanto, passível de dominação.
Com a intenção de responder à pergunta ‘por que não houve revoluções
científicas no Oriente?’, o autor faz um apanhado na história da Ciência
ocidental e cita as principais mudanças paradigmáticas ocorridas nos últimos
cinco séculos. Ao longo do texto, constrói e desenvolve a hipótese de que a
influência da ortodoxia das religiões monoteístas dominantes no Ocidente
exigiram da Ciência uma postura também dogmática para garantir seu espaço. Por
outro lado, “as filosofias orientais moldaram um pensamento que não necessitava
buscar explicações (mecanicistas) para o mundo natural”, o que justificaria a
ausência de revoluções científicas no Oriente.
CONSIDERAÇÕES
1. As auto-citações estão bastantes presentes no texto e, no Referencial
Teórico, há mais títulos do próprio autor que de outros autores. Explica-se que
as citações estão devidamente datadas e identificadas, o que não caracterizaria
auto-plágio. No final do resumo está posto: “Este capítulo, por ser escrito
quando seu autor inicia sua octogésima volta em redor do sol, se reveste de uma
mirada crítica a uma parte da produção intelectual do mesmo”...Sugere-se
reforçar essa afirmação no corpo do texto como forma de apresentar a utilização
de referenciais já publicados pelo autor, demostrando o contínuo aprofundamento
de ideias.
2. Embora não seja o foco principal da discussão o autor aponta a
Reforma Luterana como um evento crucial para o surgimento da escola tal como
conhecemos hoje e cita outros benefícios dela decorrentes: “Talvez outra dádiva
da reforma foi fazer a igreja abandonar muito de suas posturas monacais e
assumir-se mais inserta no mundo, preocupada com a realidade terrena, e não
sonhar expectante com a futura vida celestial”. Diante da afirmação destacada,
sugere-se considerar que tais mudanças talvez não tenham tido tamanha
proporção, visto que o objetivo da educação proposta, em princípio, seria
justamente possibilitar o acesso à vida eterna através do conhecimento das
Escrituras.
3. O título sugere o processo pelo qual o Ocidente impôs sua dominação
ao Oriente. Numa tentativa de responder a pergunta “Por que no Oriente não
houve revoluções científicas?”, aponta-se a ausência dos textos sagrados que
garantem a ortodoxia às religiões e a própria filosofia oriental que não busca
explicações para os fenômenos naturais. O autor esclarece, inclusive, que esta
pergunta “tem sido respondida, há cerca de um século”. Assim, a dominação do
Ocidente parece não se evidenciar, pelo menos no que se refere à religiosidade
oriental, o que configura a ideia como um paradoxo ao título.
4. O texto impressiona pela erudição da escrita, com destaque para o
vocabulário que remete à ideia de uma composição musical. Além disso, a
temática envolvente e instigante deve, sem dúvida, fazer parte dos processos
formativos de quem se envolve com educação em Ciências. Observo a amplitude da
discussão acerca dos processos de colonização que, para nós, latino-americanos,
muitas vezes, restringe-se à relação Europa/Continente Americano. O texto
também aborda, de forma bastante pertinente, as discussões sobre a
“decolonialidade na Educação em Ciências”, por destacar as relações de poder
presentes nos processos de aculturação, seja por meio da imposição da língua,
da religião ou da ciência dominantes.
A ilustração de Joaquín Torres-García
(1874-1949) pintor, desenhista, escultor, escritor e professor uruguaio, não está
inserida no livro referido. Sua presença aqui é provisória.
👏👏👏👏😻😻😻😻😻
ResponderExcluirIlustração e reflexões importantes para a educação em ciências. Meu abraço àquele que está na sua enésima volta ao redor deste país, suleando transformações na educação, e na octogésima volta ao redor do sol.
ResponderExcluirConceição muito querida, obrigado pelo privilégio de tê-la como leitora no blogue.
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