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EDIÇÃO
3397
Como anunciado na edição anterior esta blogada se
inclui num tríduo formado por três blogadas comemorativas a um aniversário que
para mim é muito significativo. No dia 13 de março de 1961 eu dei a minha primeira
aula. Desde então celebro
nesse dia o meu aniversário de ser professor. Assim, nesta semana completei 58
anos de professor, iniciei então a 59ª volta ao redor do sol enquanto professor,
isto é, desde quarta-feira vivo o meu 59º ano letivo e por tal mais um excerto
do primeiro capítulo do Memórias de um professor: hologramas desde
um trem misto.
1961 (parte dois) Trago minhas evocações do dia 29 de junho de 1958, um domingo.
Em 2008, nessa data, eu, como muitos brasileiros evoquei um 29 de junho de 50
anos passado, quando o Brasil ganhou pela primeira vez a Copa do Mundo na
Suécia. Não vou comentar esse assunto, pois mereceu, em alguns jornais de
então, suplementos especiais, com chamadas de capa, a meu juízo, tintadas de
exagero: ‘o dia que o Brasil foi inserido no mapa-múndi’.
Por ser dia de São Pedro, padroeiro do Estado, desde que o
Império conhecia suas terras mais ‘surenhas’ como Província de São Pedro do Rio
Grande do Sul, fora a data escolhida para inauguração do prédio do Colégio
Estadual Júlio de Castilhos na Praça Piratini. Desde março já tínhamos aulas
nesse local, ainda em fase de acabamento, desprovido de vidraças. Eu era aluno
do 1º Científico. Terminara o Ginásio em dezembro em Montenegro e vivia o meu
primeiro ano de Porto Alegre. As solenidades foram pela manhã, marcadas por
missa celebrada pelo arcebispo, entre dois magníficos leões de bronze, que eu
aprendera serem os únicos salvados do incêndio que consumira o antigo prédio do
Julinho que ficava na João Pessoa, onde é hoje a Faculdade de Economia da
UFRGS.
Após a missa voltei de bonde; primeiro da Azenha até a Riachuelo
e desta descia a Borges de Medeiros, para na Praça Parobé tomar o bonde São
João e chegar à rua São Pedro com a Eduardo (nome como era conhecida a avenida
Presidente Roosevelt), depois ir até a Rua Ernesto Fontoura onde ficava o Bar
Caçula, local onde eu morava e trabalhava. Então os rádios portáteis eram raros
e não lembro que na viajada de quase uma hora houvesse ouvido algo acerca do
que ocorria em Estocolmo.
Não recordo muito do jogo. Acompanhávamos por rádio. A Rádio
Guaíba, inaugurada no ano anterior, transmitia com esquema considerado
inovador. O som ia da Suécia para Suíça e desta para o Rio de Janeiro e daí
para Porto Alegre. O locutor era o Mendes Ribeiro que cunhara então um bordão:
“Deus não joga, mas fiscaliza!”
À época não havia
transmissão por televisão. Na Copa de 1966, no Chile, havia vídeo-taipes vindos
de avião, transmitidos 24 depois. Recordo que em 1958 ter pintado um dístico na
vitrine do Bar Caçula, ‘Brasil Campeão do Mundo’. A maior emoção era o
surgimento do “rei Pelé’ um ano mais jovem que eu.
No primeiro científico, estudei no turno da tarde, trabalhando
de manhã no Bar Caçula. No segundo e terceiro anos estudei a noite, trabalhando
de dia no Restaurante da Reitoria da UFRGS. Quem fazia o científico tinha
usualmente dois destinos: Engenharia ou Medicina. Quem fazia o Clássico,
destinava-se ao Direito. Mesmo estudando naquele que era considerado o Colégio
Padrão do Estado, não se falava em alternativas, como Agronomia ou mesmo uma
Licenciatura.
Terminado os três anos de científico, fiz em janeiro, vestibular
na UFRGS para Engenharia. Então se fazia vestibular unificado para a Escola de
Engenharia e a opção por uma modalidade (Civil, Minas, Química...) acontecia
durante o 1º ano. Fui reprovado em desenho. Não consegui desenhar uma parábola,
como o exigido, com tinta nanquim. Em fevereiro, na segunda chamada, se repetiu
o meu insucesso, pela mesma razão. Fiquei muito frustrado. Não sabia o que
fazer. Vi que não havia sentido ficar em Porto Alegre, pois meu emprego servia
para pagar o aluguel de um quarto de um apartamento que ficava na avenida
Getúlio Vargas, que eu compartia com o colega de Julinho Omilton Bonotto, que
fora aprovado na Medicina
Aos que por aqui passarem, saibam pois, que este livro de Chassot é uma verdadeira vida tornada letras! Sou seu fã, meu bom amigo, autor da preciosidade que faço questão de divulgar. Desta Sorocaba, após o início do outono, meu abraço!
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