ANO
13 |
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EDIÇÃO
3371
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Setembro quase
termina. Chegado outubro, em uma semana teremos eleições. Não são poucos os que
têm estas eleições, ainda prenhes de interrogantes, como aquelas mais decisivas
(talvez, as mais temidas...) da história do Brasil. Já escrevi aqui que é
emblemático o cenário: líder inconteste nas aspirações do povo para presidente
está preso, por presumível crime ainda não provado e o primeiro colocado dentre
os candidatos homologados está hospitalizado por ter sido esfaqueado em uma
manifestação eleitoral, no começo deste mês. Hospitalização que o afasta dos
debate e assim não mostra que é apenas de extrema direita, mas também de
extrema burrice.
Ontem lia na
imprensa uma notícia tida como trivial: o
General Mourão, candidato a vice-presidente da república recebeu de presente em
Bagé um dos relhos usados em março para chicotear manifestantes pró-Lula. Ganhou
outro presente uma foto do chicoteamento. Na imagem o
candidato com os dois presentes.
Naquele março, uma
senadora — agora candidata também a vice-presidente — assim se manifestava,
vomitando ódio: “Quero parabenizar Bagé, Santa Maria, Passo Fundo, São Borja.
Botaram a correr aquele povo que foi lá levando um condenado se queixando da
democracia. Atirar ovo, levantar o relho, mostra onde estão os gaúchos”, disse
Ana Amélia (PP-RS).
Nesta semana, em ato
pró-Bolsonaro em Recife houve música que compara feministas a cadelas "Dou
para CUT pão com mortadela e para as feministas, ração na tigela. As minas de
direita são as top mais belas enquanto as de esquerda têm mais pelos que as
cadelas", diz o principal verso de uma paródia ofensiva da música
"Baile de Favela" que vem sendo cantadas por apoiadores de Bolsonaro.
Declarações de
Bolsonaro contra negros, mulheres e população LGBT são “genuinamente
aterrorizantes. Vão resultar em mais cabeças quebradas nas calçadas. Mais
sangue derramado, mais tortura, mais morte. Mais infelicidade, menos aceitação,
mais pais chorando...” disse o ator, cineasta e ativista inglês, Stephen Fry,
que entrevistou o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) e gravou vídeo
divulgado nessa terça-feira (25) falando sobre as ameaças representadas pelo
atual candidato à presidência.
As agressões de Bagé
ou de Recife são dois dolorosos exemplos do panorama eleitoral. Diria minha
mãe: são de confranger o coração.
Há, afortunadamente,
alguns momentos que fazem contrapontos. Na noite de quarta-feira assisti pela
primeira (e única vez) um debate entre os presidenciáveis. O ódio aos recentes
governos do PT faz alguns presidenciáveis espumar de raiva. A esta virulência,
Haddad, com muita competência (e não sem elegância), mostrou como diferentes
programas sociais e com a expansões das universidades e dos institutos federais
até “o filho do pedreiro pode virar
doutor!” Por exemplo, o Prouni concedeu já 2,5 milhões de bolsas, sendo que
enquanto Haddad foi ministro (2005/2012) foram quase 1,6 milhão de bolsas. Ao
final da gestão Haddad, o Brasil havia aumentado o investimento público em
educação de 3,9% para 5,1% do produto interno bruto. Só isto bastaria para
votar no 13, sonhando em voltar a viver em país mais feliz que inexiste nestes
tempos temerosos.