sexta-feira, 25 de maio de 2018

18.- Promessa é dívida



ANO
 12
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EDIÇÃO
3354
Minha mãe foi uma continuada juíza. Evocação muito recorrente que tenho dela é mediando brigas entre irmãos e isso devia ser muito frequente para quem tinha de julgar pleitos de sete crianças quando estas tinham desavenças entre si.
“Mãe! O Sirne disse que se eu fizesse isso ele me daria aquilo!” A sentença era salomônica: promessa é dívida!
Na última edição deste blogue, comentei a publicação de O legado de José Lutzenberger: uma leitura contextualizada dos escritos do maior ambientalista brasileiro e encerrei assim a edição de 18 de maio: ratifico a promessa de voltar aqui com uma resenha do livro hoje celebrado.
Nesta semana, nas quatro longas viagens Porto Alegre / Lima / Bogotá / Lima / Porto Alegre tive oportunidade de entrar mais no livro de meu ex-mestrando Jairo Brasil. Assim, parece significativo aditar (permito-me sublinhar duas acepções que Priberam registra para esta ação verbal: 1. Acrescentar para completar; adscrever. // 2. Causar a dita de, tornar feliz.) ao que escrevi na edição anterior mais algumas observações do livro que faz uma muito adequada releitura de legados escritos de um dos mais importantes ambientalistas brasileiros.
BRASIL, Jairo. O legado de José Lutzenberger: uma leitura contextualizada dos escritos do maior ambientalista brasileiro
São Paulo: Book Express. 292 p. 2017 ISBN 978-95-9540-034-4

A releitura de grandes pensadores é um gênero discursivo muito presente na Academia e tem diferentes matizes. Quando José Luiz de Andrade Franco, Professor Adjunto do Departamento de História e do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB –- Universidade de Brasília, prefacia o livro que heliocêntrico neste texto destaca:
“O livro [ ] obra de um historiador, mas também de um educador, e por isso assume além do exercício de contar a história e interpretar a produção literária do ambientalista, (assume) a tarefa de fazê-lo de forma bastante didática, com o intuito de interessar o leitor e facilitar o conteúdo apresentado.” Parece que aqui reside a admirável sacação do livro do Jairo. Quando faz tessituras dos textos fundante de José Lutzenberger (1926 / 2002) o faz matizado no cenário histórico (brasileiro) do último quartel do nosso Século 20. O Jairo e certamente a maioria dos leitores deste blogue assistimos, mas não vimos com a perspicácia do historiador que soube tramar os textos de Lutz, como carinhosamente o chamávamos, com a História.
O  Prof. Jairo não apenas visita capitulo por capítulo a principal obra de Lutzenberger (Manifesto Ecológico Brasileiro) e outras obras do autor como faz um embricamento com obras de outros autores, em geral polemizando com o ambientalista revisitado. A polêmica é marca do pensamento de Lutzenberger, por tal não sem razão que sempre para mim perecia um Dom Quixote querendo com sua lança destruir castelos.
O autor nos leva a reconhecer que foi este quixotesco polemista que lançou a semente de dos primeiros movimentos ecológicos de protestos do Brasil: a AGAPAN: Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, que Lutz coordenou por mais de duas décadas e que é célula mater da história do ambientalismo brasileiro.
Assim, mesmo que de uma apresentação muito panorâmica busco com este texto entusiasmar cada uma e cada um de meus leitores a se abeberarem em O legado de José Lutzenberger que vale a pena. É uma obra sumarenta. É um livro que recomendo a aqueles que se envolvem com a na formação de jardineiros para cuidar do Planeta.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

18.- Uma blogada tecida com duas menções



ANO
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Esta blogada é tecida com duas menções. Em uma e outra vivo gratificações no meu ser professor. Tenho dito que são ações das quais trago dois exemplos que tonificam ou revitalizam meu ser professor. Metaforicamente é a dopamina que preciso para potencializar necessidades a um pleno funcionamento de meu cérebro.
Narrar distinções recebidas são respostas a perguntas do tipo: Como consegues essa ‘vitalidade’ quando estás no 58º ano de magistério?
A PRIMEIRA À madrugada deste domingo faço uma longa viagem de 5 + 3 horas: Porto Alegre / Lima (+ 2 horas de escala) / Bogotá. Na tarde de terça-feira, dia 22, faço o retorno para chegar às 5h de quarta-feira em Porto Alegre. Cabe a interrogação: Vais buscar fogo? Um interrogante usual para um ‘bate-volta’ como este. Vou participar como avaliador (ou jurado, como se diz no mundo hispânico) do projeto de tese doutoral de Quira Alejandra Sanabria Rojas que apresenta a tese “Rol cultural de la mujer en la ciencia y su enseñanza diversidad cultural: el caso de las concepciones de profesores y profesoras formadores de licenciado en ciencia de cinco universidades públicas de contextos culturalmente diferenciados” na qual o meu livro A Ciência é masculina? E, sim senhora! é uma referência. A Directora de Tesis é a Prof. Dra. Adela Molina Andrade  e doutoranda é aluna do Doctorado Interinstitucional en Educación da qual a Universidad Distrital Francisco José de Caldas, onde ocorre a defesa, é uma das universidades líderes.
  A SEGUNDA Na última quarta-feira Prof. Jairo Brasil, de quem fui orientador no Mestrado, veio almoçar em minha casa. Há um tempo, procuramos manter a frequência de um almoço mensal. Sempre temos ‘figurinhas’ para trocar.
Nesta semana o Jairo aquinhoou-me com presente muito especial. Seu último livro, recém-publicado: O legado de José Lutzenberger: uma leitura contextualizada dos escritos do maior ambientalista brasileiro. Encantou-me a dedicatória manuscrita: Ao meu querido orientador e eterno Mestre Attico Chassot pelas parcerias e pelos incentivos dedico uma parcela de minha produção, muito influenciada por seus conselhos. Abraços, Jairo Brasil, Porto Alegre, outono de 2018.
A emoção foi potencializada, quando nos agradecimentos, na página 10, leio um parágrafo que emocionado partilho: “Agradeço a um dos meus mentores, e que desde o primeiro contato desvelou-me um sem número de possibilidades, as quais eu sequer imaginava. Orientador e professor de meu mestrado em Educação, Attico Chassot, transformou meu pensamento em cada um daqueles encontros, que se tornaram imprescindíveis para troca de informações e aconselhamentos. Ele sempre com uma palavra amiga, foi capaz de me tornar um cidadão preocupado na formação de jardineiros para cuidar do Planeta. Isso modificou minha visão docente e catapultou minhas ações na direção de uma Educação mais transformadora e menos burocrática. Desde 2008, ao findar o Mestrado, me considero um ’chassotiano’, com muito orgulho.”

Não tenho condições de fazer uma resenha do livro. Fiz apenas vista d’olhos. Ainda vou trazer aqui algo do livro. Para que os leitores deste blogue possam prelibar a obra trago aqui e agora um excerto do prefácio de autoria de José Luiz de Andrade Franco, Professor Adjunto do Departamento de História e do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB –- Universidade de Brasília, que foi professor do Jairo: “O livro O legado de José Lutzenberger, do Professor Jairo Brasil, vem para cumprir um papel importante na divulgação da obra de José Lutzenberger e do contexto em que ele militou em prol da conservação da natureza e do uso sustentável dos recursos naturais. Trata-se de obra de um historiador, mas também de um educador, e por isso assume além do exercício de contar a história e interpretar a produção literária do ambientalista, a tarefa de fazê-lo de forma bastante didática, com o intuito de interessar o leitor e facilitar o conteúdo apresentado.”
Quando tomo conhecimento do texto do Jairo lembro da empolgação fruída, quando assisti em várias oportunidades José Lutzenberger (1926 / 2002). Lembro o Lutz, como carinhosamente o chamávamos, parecer um Dom Quixote. Desejoso de poder aprender mais com este texto, ratifico a promessa de voltar aqui com uma resenha do livro hoje celebrado.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

11.- Remexendo em baú rotulado SAUDADES



ANO
 12
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3353

Recebera sugestão de assunto mais relevante para esta blogada. Não vou ignora-lo. Antes, para ser fiel a um dos propósitos de meu blogar, vou remexer num baú que está labelado (seja me relevado o neologismo) como saudades. Preciso historiar como cheguei a um sumarento remexer no escaninho de tempos mais distantes.
No dia 19 de março, recebi no WhatsApp algumas mensagens que agrupei e transcrevo: “Bom Dia, Prof. Attico! Sou aluna [Na foto comigo]do curso de Licenciatura
em Química do IFRS Campus Feliz.  Estou realizando estágio curricular em uma escola estadual rural, aonde eu moro, em São José do Sul, para alunos do ensino médio. A direção e os professores desta escola vêm se empenhando para oferecer as melhores condições de ensino para estes alunos, fazendo mutirões, organizando eventos para arrecadar fundos para serem investidos na escola, conseguindo inclusive montar uma estrutura de laboratório.
 No entanto, pode-se perceber que os alunos imaginam a química e a física como um "bicho de sete cabeças". Isso é algo cultural desta comunidade, bastante disseminado. Gostaria muito de contribuir desmistificando esses conceitos, trazendo uma nova perspectiva para estes estudantes; por isso, me identifico muito com o trabalho do Senhor. Assisti algumas de suas palestras e sou uma leitora encanta por seus livros. gostaria de saber se haveria a possibilidade de o Senhor poder conversar com estes alunos.” Não é fácil dizer não a mensagem como esta. Mas, eu disse.
Mas, Letícia Mosmmann foi persistente. Na verdade, ela foi até um pouco chatinha, às vezes. Mas na manhã de ontem, 10 de maio, depois de quase dois meses de marchas e contramarchas, eu falei para um pouco de mais meia centena de atenciosos ouvintes professores e alunos do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Médio São José do Maratá.
Ontem vi um pouco do que, de vez em vez, Leticia me contara. Ao chegar lanchei com professores liderados pelo Júlio, um diretor entusiasmado.
Ouvi relatos muito promissores e também vi realidade de uma finada política de Educação morta por aqueles que desde 2015 deveriam fazer propostas (ou continuar as propostas vigentes) para o Rio Grande do Sul. Nada fizeram em termos de uma proposta para Educação.
Lamentei ver uma indesejada história da Educação do ensino médio gaúcho. Houve, uma vez, uma política educacional construída conforme o Plano de Governo do Partido dos Trabalhadores para o Rio Grande do Sul no período 2011-2014.
Passados os quatro anos antes referidos, este plano está morto, pois o governo do MDB que sucedeu ao governo do PT simplesmente não apoiou nenhuma política de Educação, mais especialmente para o ensino médio.
Ao final de uma fala de quase duas horas recebi instigantes perguntas e uma cesta com frutos e produtos coloniais. Autografei livros, tirei muitas fotos e, que para mim foi o mais emocionante, almocei as comidas que os alunos têm no seu cotidiano. Foi também significativo ler na fachada da escola: 
AMAR SEM TEMER
E a evocação marcada por saudades? Conheço, em função de minhas andanças, bastante a geografia gaúcha. Não tinha nem ideia de onde era São José do Sul. Pesquiso. Duas surpresas:
#1) São José do Sul RS fica bem ao norte de São José do Norte RS. Uma boa questão para uma aula de geografia.
#2) São José do Sul é um município de 2 mil habitantes, emancipado em 1996, formado principalmente por área de São José do Maratá que já foi distrito de Montenegro, cidade de minha infância e adolescência e de meu primeiro ano de magistério.
Outro detalhe: a escola para qual fora convidado era próxima do Faxinal onde estava a casa de minha avó paterna e está o cemitério onde estão sepultados meus pais, meus avós paternos e minha ancestralidade Chassot.
Muitas histórias afloraram. Quantas vezes eu meus irmãos fomos e voltamos a pé a Montenegro levando aipim, laranjas e bergamotas. Lembrei do quanto implorávamos para a vovó Susana (que chamávamos vovó châsso) para podermos dar uma volta no Martelo, seu cavalo para vir do Faxinal a Montenegro para assistir missa.
Foram evocações emocionantes. Voltei gravido de mimos recebidos da escola e recordações. Lembrei muitos momentos emocionantes. Um obrigado especial a Leticia que soube ser chata com muita classe.
E o assunto postergado? Pretendia falar de uma história emocionante. Desejava homenagear o mítico Gino Bartali, o ciclista que salvou milhares de judeus dos nazistas enquanto vencia o Tour de France. Em Jerusalém, onde o Giro d’Italia começou nesta sexta-feira, se presta homenagem ao a Gino Bartali, Vale conferir em

sexta-feira, 4 de maio de 2018

04.- Vende-se tabaco, perfume importado, educação e camiseta de marcas



ANO
 12
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3351


Nesta blogada inauguro maio. Lamento não continuarmos vivendo o encantamento no falar em histórias de amor. A propósito, a apreciada edição anterior Era uma vez dois amorosos amantes... fez que dois leitores acolhessem desafios e se propusessem a partilhar mais acerca dos amores de Abelardo e Heloisa. Por ora, nós outros leitores somos encantados expectantes.
Hoje o assunto é Educação. Lamentavelmente há que denunciar a Educação feita mercadoria, já lembrada em Vende-se tabaco, perfume importado, educação e camiseta de marcas.
A Kroton Educacional, maior empresa de educação do mundo, vai se tornar ainda maior. Na terça-feira, 24 de abril, saiu o anúncio de que para muitos a quase ignota companhia (desconhecida até por professores) assumiu o controle da Somos Educação -– dona do sistema de ensino Anglo e de editoras como a Ática e Scipione, grandes produtoras de material didático. A compra, no valor de R$ 4,6 bilhões, ainda está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que regula a concorrência. É a segunda aquisição da Kroton – que controla grande parte do mercado privado de educação superior no país, com 877 mil matrículas em um universo de 6 milhões de vagas – na educação básica em menos de um mês.
A Kroton já havia anunciado em abril a compra do colégio Leonardo da Vinci, no Espírito Santo. Segundo a empresa, com a aquisição da Somos, a fatia de sua receita que vem do ensino básico deve aumentar de 3% para 28%, consolidando uma guinada em direção à educação básica.
Allan Kenji, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que estuda a atuação dos grupos empresariais na educação e sua vinculação com o capital financeiro, explica os fatores que determinaram essa mudança de prioridade da Kroton e fala sobre como esse movimento está relacionado às alterações na educação básica no Brasil, com a reforma do ensino médio e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e também com o processo de financeirização do capital na educação.
A entrevista que Allan Kenji concedeu ao portal EPSJV/Fiocruz está no IHU do Instituto Humanitas/Unisinos
 http://www.ihu.unisinos.br/578444-kroton-educacional-em-termos-de-educacao-publica-nunca-experimentamos-um-inimigo-com-uma-forca-social-tao-concentrada-como-esse