sexta-feira, 13 de abril de 2018

13.—Reflexões em uma sexta-feira 13



ANO
 12
Livraria virtual
Www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
3348


Parece que até as sextas-feiras 13 estão hoje desprestigiadas como dias de sorte ou de azar. Os golpistas que se apoderaram do Brasil provocam tantas desilusões que tornam quase todos os dias aziagos. Vejamos por exemplo os argumentos para fazer um sistema de saúde elitista: o SUS atual é muito católico e comunista. Antes trazer reflexões brasileiras adito um parágrafo para comentar a semana que termina e outro para comentar a próxima.
Ontem vivi uma gostosa experiência de um retorno à sala de aula. Fazer palestra é
algo que me revitaliza, porém não abranda minha abstinência de sala de aula. A convite da Professora Danila Mendonça, discuti com alunos da Licenciatura do Instituto Federal Goiás, campus Inhumas um texto que escrevera a muito. E... por falar em modelos atômicos! QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Modelos de Átomos N° 3, MAIO 1996 http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc03/ensino.pdf
Na próxima segunda-feira, estarei na Universidade Federal de Santa Maria para a defesa da tese doutoral do Antônio Valmor de Campos (que foi meu orientando no Mestrado) que apresenta no Programa de Pós-Graduação em Geografia e Geociências tese TERRITÓRIO DO MILHO CRIOULO: A PROPRIEDADE INTELECTUAL COLETIVA E O MELHORAMENTO DE SEMENTES COMO ESTRATÉGIA DE REPRODUÇÃO SOCIAL. Tenho o privilégio de ser o co-orientador juntamente a orientadora: Prof.ª Dr.ª Carmen R. Flores Wizniewsky. Vibro no acompanhar o trabalho do Antônio há mais de 10 anos. Nesta terça viajo a Marabá PA para atender convite do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática (PPGECM) para proferir neste dia 18 a primeira aula do mestrado que se inicia na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará UNIFESSPA. Na quinta terei atividades com professores da educação básica da região.
Agora, as prometidas reflexões brasileiras: Em uma semana na qual a mídia nacional e internacional noticiou incessantemente o que está ocorrendo no Brasil, decidi transcrever aqui uma parte daquela que considerei uma das mais lúcidas análises sobre a situação que vive o país. Sua autora é Eliane Brum, escritora gaúcha, repórter e documentarista, cujos artigos, publicados semanalmente no El País, têm se destacado pela qualidade de sua reflexão. O texto completo encontra-se em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04/09/politica/1523288070_346855.html.
7 de abril de 2018 é talvez o dia mais triste da história recente. Para Lula, o humano, e para todos os brasileiros. Qualquer pessoa que não teve seus neurônios infectados pelo ódio – e uma das características do ódio é ser burro – é capaz de perceber a gravidade representada por um político que encarnava o projeto de pelo menos duas gerações de brasileiros, um projeto que de forma nenhuma pertencia apenas a ele, ser acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. E ser preso por isso sem provas convincentes no momento em que está em primeiro lugar nas pesquisas para a eleição de 2018.
Qualquer brasileiro sério é capaz de perceber o abismo que isso representa para o Brasil. A dureza desse momento não para Lula, mas para o que chamamos “nós”, o que de fato não existe, ou só existe em alguns momentos de síntese.
As panelas batendo com fúria nas janelas dos bairros “nobres” de São Paulo é o som da nossa vergonha como país. A de que as pessoas que tiveram o privilégio de estudar, num Brasil tão desigual, sejam incapazes de compreender a gravidade do momento histórico. Esse ódio mascarado de alegria é o rosto contorcido de uma distorção. Esse ódio mascarado de alegria é obsceno.
Mas estas são as pessoas do alto, as pessoas que podem olhar e interferino mundo sem sair da janelinha. O fato de que batam panelas nos edifícios, em vez de irem às ruas lutar pelo Estado de Direito, num país tomado pelo Cotidiano de Exceção, é a expressão do fracasso do projeto de conciliação que Lula representou na prática, embora não tenha sido este o projeto que muitos que o elegeram acreditavam.
Perdemos muito no 7 de abril de 2018. Perdemos bem mais do que de 7 x 1. A forma como correu o processo de Lula, muito mais rápido do que a maioria, instalou dúvidas sobre a justiça. julgamento do habeas corpus de Lula pelo Supremo Tribunal Federal, votando um caso particular em vez de decidir sobre a prisão após a segunda instância, instalou dúvidas sobre a justiça. A clara cisão do STF durante o julgamento instalou dúvidas sobre a justiça. A rapidez com que Sérgio Moro decretou a prisão instalou dúvidas sobre a justiça.
As instituições fracassaram. Não para os interesses privados de alguns, mas para o que deveriam representar para o conjunto dos brasileiros, o que deveriam ser para além do “sentimento social”. O STF, afogado em vaidades e convertido em palanque, se apequenou (um pouco mais). A maldição do protagonismo sem formação política, uma das mazelas dos dias atuais que atinge também juízes e procuradores, encolheu ainda mais a sensação de justiça. E tudo o que o Brasil não precisava neste momento tão delicado era de mais dúvidas sobre a justiça.

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