ANO
12 |
Livraria
virtual
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EDIÇÃO
3348
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Parece
que até as
sextas-feiras 13 estão
hoje desprestigiadas como dias de sorte ou de azar. Os golpistas que se
apoderaram do Brasil provocam tantas desilusões que tornam quase todos os dias
aziagos. Vejamos por exemplo os argumentos para fazer um sistema de saúde
elitista: o SUS atual é muito católico e comunista. Antes trazer reflexões brasileiras adito um parágrafo para comentar a
semana que termina e outro para comentar a próxima.
Ontem vivi uma gostosa experiência de
um retorno à sala de aula. Fazer palestra é
algo que me revitaliza, porém não abranda
minha abstinência de sala de aula. A convite da Professora Danila Mendonça,
discuti com alunos da Licenciatura do Instituto Federal Goiás, campus
Inhumas um texto que escrevera a muito. E... por falar em modelos atômicos! QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Modelos de Átomos N° 3, MAIO 1996 http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc03/ensino.pdf
Na próxima segunda-feira, estarei na Universidade
Federal de Santa Maria para a defesa da tese doutoral do Antônio Valmor de
Campos (que foi meu orientando no Mestrado) que apresenta no Programa de
Pós-Graduação em Geografia e Geociências tese TERRITÓRIO DO MILHO CRIOULO: A
PROPRIEDADE INTELECTUAL COLETIVA E O MELHORAMENTO DE SEMENTES COMO ESTRATÉGIA DE
REPRODUÇÃO SOCIAL. Tenho o privilégio de ser o co-orientador juntamente a orientadora:
Prof.ª Dr.ª Carmen R. Flores Wizniewsky. Vibro no acompanhar o trabalho do Antônio
há mais de 10 anos. Nesta terça viajo a Marabá PA para atender convite do Programa
de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática (PPGECM) para proferir neste
dia 18 a primeira aula do mestrado que se inicia na Universidade Federal do Sul
e Sudeste do Pará UNIFESSPA. Na quinta terei atividades com professores da
educação básica da região.
Agora, as
prometidas reflexões brasileiras: Em uma semana na qual a mídia nacional e
internacional noticiou incessantemente o que está ocorrendo no Brasil, decidi
transcrever aqui uma parte daquela que considerei uma das mais lúcidas análises
sobre a situação que vive o país. Sua autora é Eliane Brum, escritora gaúcha, repórter
e documentarista, cujos artigos, publicados semanalmente no El País, têm se destacado pela qualidade
de sua reflexão. O texto completo encontra-se em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04/09/politica/1523288070_346855.html.
7 de abril de 2018 é talvez o dia
mais triste da história recente. Para Lula, o humano, e para todos os
brasileiros. Qualquer pessoa que não teve seus neurônios infectados pelo ódio – e uma das características do ódio é ser burro – é capaz
de perceber a gravidade representada por um político que encarnava o projeto de
pelo menos duas gerações de brasileiros, um projeto que de forma nenhuma
pertencia apenas a ele, ser acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
E ser preso por isso sem provas convincentes no momento em que está em primeiro lugar nas pesquisas para a eleição de 2018.
Qualquer brasileiro sério é capaz de
perceber o abismo que isso representa para o Brasil. A dureza desse momento não
para Lula, mas para o que chamamos “nós”, o que de fato não existe, ou só
existe em alguns momentos de síntese.
As panelas batendo com fúria nas
janelas dos bairros “nobres” de São Paulo é o som da nossa vergonha como país.
A de que as pessoas que tiveram o privilégio de estudar, num Brasil tão
desigual, sejam incapazes de compreender a gravidade do momento histórico. Esse
ódio mascarado de alegria é o rosto contorcido de uma distorção. Esse ódio
mascarado de alegria é obsceno.
Mas estas são as pessoas do alto, as
pessoas que podem olhar e interferino mundo sem sair da janelinha. O fato de
que batam panelas nos edifícios, em vez de irem às ruas lutar pelo Estado de
Direito, num país tomado pelo Cotidiano de Exceção, é a expressão do fracasso do
projeto de conciliação que Lula representou na prática, embora não tenha sido
este o projeto que muitos que o elegeram acreditavam.
Perdemos muito no 7 de abril de
2018. Perdemos bem mais do que de 7 x 1. A forma como correu o processo de Lula, muito mais rápido do
que a maioria, instalou dúvidas sobre a justiça. O julgamento do habeas corpus de Lula pelo Supremo Tribunal Federal, votando um caso particular em vez de decidir sobre a prisão
após a segunda instância, instalou dúvidas sobre a justiça. A clara cisão do
STF durante o julgamento instalou dúvidas sobre a justiça. A rapidez com que
Sérgio Moro decretou a prisão instalou dúvidas sobre a justiça.
As instituições fracassaram. Não para
os interesses privados de alguns, mas para o que deveriam representar para o
conjunto dos brasileiros, o que deveriam ser para além do “sentimento social”.
O STF, afogado em vaidades e convertido em palanque, se apequenou (um pouco
mais). A maldição do protagonismo sem formação política, uma das mazelas dos
dias atuais que atinge também juízes e procuradores, encolheu ainda mais a
sensação de justiça. E tudo o que o Brasil não precisava neste momento tão
delicado era de mais dúvidas sobre a justiça.
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