ANO
12 |
LIVRARIA VIRTUAL em
Www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
3316
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Preparo o texto para
a edição que circula neste fim de semana, nesta sexta-feira, durante o primeiro
trecho dos voos Cuiabá/Congonhas/Porto Alegre. Na viagem de vinda, na terça-feira,
o trecho Congonhas / Cuiabá se fez fugaz pala ‘muito útil’ conversa com o
advogado porto-alegrense Aquiles Nuñes. Nestas quarta e quinta feiras vivi dois
dias sumarentos em Cuiabá, no Campus Boa Vista do IFMT na IV Jornada de Ensino,
Pesquisa e Extensão. Na noite de quarta, fiz a palestra ‘Acerca da utilidade
dos saberes inúteis’ muito inspirado no que relato na blogada anterior. Foi
emocionante ser aplaudido longamente por mais de 500 pessoas que se puseram de
pé — dentre as quais muitos alunos ensino médio.
Na tarde de ontem
houve uma enriquecedora Roda de Conversa com mestrando do Programa de
Pós-Graduação UniC/UFMT acerca de alfabetização científica.
Na noite de ontem,
ne mesmo cenário da noite de quarta, para o mesmo público e com mesmo brado
‘fora Temer’ com o punho esquerdo cerrado e levantado fiz a palestra ‘Para
formar jardineiros para cuidar do Planeta’ que foi tão ou mais aplaudida como a
da noite anterior.
Nas três falas houve
autógrafos em livros, muitas fotografias e gostosa confraternização com alunos,
funcionários e professores do IFMT. Valeu ter estado já a quarta vez no Mato Grosso
este ano e aguardar estar, uma vez mais, na primeira semana de outubro.
Depois deste preâmbulo
o assunto que está na manchete.
Quando criança, no
grupo de amigos e especialmente entre os irmãos havia um não explicito ‘código
de ética’. Claro que não conhecíamos tão imponente denominação. Um dos pontos
que vigia solene e irrefutável era: “Promessa é dívida! ”
Nas duas últimas edições acenei promessa de
comentar aqui o excelente Tio Petros e a Conjectura de Goldbach do escritor grego Apostolos Doxiadis. Hoje,
desejo honrar minha dívida.
Quando leio livro,
uma pergunta recorrente é acerca da eleição de minha leitura. Agora estou
lendo, o massudo e instigante Sapiens: uma breve história
da humanidade. Atualmente é livro
de não ficção mais vendido no Brasil. A primeira edição brasileira é de 2015, a
minha é a 25ª. De vez em vez estou
agradecendo a indicação da Carla.
Tio Petros e a Conjectura de Goldbach foi uma excelente sugestão de Luís Rafael
Santos, chefe do Departamento de Matemática da UFSC Campus de Blumenau, quando
no aeroporto de Navegantes comentava minha preferência por números primos.
A história começa em 1742, na correspondência entre Christian Goldbach e o famoso
matemático suíço Leonhard Euler, foi formulada a seguinte questão: "Todo número inteiro par, maior que 2, pode ser representado
como a soma de dois números primos".
Hoje, mais de 250 anos depois, a
Conjectura de Goldbach tornou-se um dos problemas mais intrigantes da
Matemática. Mesmo já tendo sido testada empiricamente até 1014,
ninguém jamais conseguiu provar que a afirmação é válida para todos os números
inteiros maiores que 2 e, recentemente, até um prêmio de 1 milhão de dólares
foi oferecido a quem for capaz de demonstrá-la.
DOXIADIS, Apostolos, Tio Petros e a Conjectura de Goldbach – um romance sobre a história da Matemática. (Tradução de Cristiane Gomes de Riba) São Paulo, Editora 34,168 p. 14 x 21 cm, 2001 - 1ª edição; 2010 - 2ª edição ISBN 978-85-7326-197-4
Este romance é a história de Petros
Papachristos, um genial matemático grego, que dedicou sua vida a desafiar o
enigma. Olivier Sacks, muitas vezes presente neste blogue, fez uma admirável
síntese, que está na quarta capa do livro: "Uma conjectura matemática
insolúvel por dois séculos; um tio gênio que enlouqueceu tentando resolvê-la;
uma relação ambígua com seu sobrinho aspirante a discípulo; e uma acurada
observação do ser humano fazem de Tio Petros um romance
engraçado, encantador e, para mim, irresistível."
Sir Michael Atiyah, matemático
vencedor da Fields Medal (equivalente ao Prêmio Nobel da Matemática) assim
sintetizou o livro na mesma quarta capa: "Um livro brilhantemente escrito,
uma história de detetive de grande charme, que realmente capta o espírito da
pesquisa matemática." Já John Nash, Prêmio Nobel de Economia bem define
Tio Petros: "Um retrato fascinante de como um matemático pode cair numa
armadilha mental ao devotar seus esforços a um problema demasiadamente difícil."Quando
leio algo da biografia de Apostolos Doxiadis — um escritor grego nascido em 1953 (64 anos)
em Brisbane, na Austrália mas criado na Grécia. Aos 15 anos, com um trabalho original de
Matemática, foi aceito na University de Nova York — dou me conta da validade de minha
defesa que a ‘história dos autores dá vida aos
seus textos’. Fez pós-graduação na École Pratique des Hautes Études; mais tarde
voltou-se para o cinema e a literatura.
Outro detalhe que
influi em mim é ter conhecido pessoalmente os cenários descritos. Assim,
Doxiadis com
sua sumarenta narrativa, me fez voltar gostosamente à Grécia,
pela segunda vez, no último abril.
Avalizado por estas experiências arvoro-me
fazer sugestão a meus leitores: conheçam tio Petros, chamem o sonho com a busca
dos dois números primos da conjectura de Goldbach. Desrecomendo buscar prova-la.
Muito bom dia, amigo Chassot! Se é tua a recomenda de não provar tal conjectura de Goldbach, o que, permita-me traduzir para os campos literários e de vínculos como sendo a genuína e boa provocação, não o farei, até pela razão de sequer ser da área. Mas, lendo tua blogada, alimento meu acompanhar tuas viagens pelos cantos da Terra, aqui já o disse mais de uma vez. Que os aplausos e os autógrafos sejam fartos, sustentando tua fala tão necessária, particularmente, em tempos "Temer-ossos" (osso duro para roer), aterrorizantes e pouco esperançosos. Que o teu braço erguido represente a insatisfação e a indignação, também, dos que lá não estão presentes, mas que se unem no brado, no sentimento e na disposição de acreditar: um dia, o monstro de pés de barro também ruirá em meio à própria sujeira que criou. Desta quente Sorocaba, hoje, um glorioso sábado que aguarda novas chuvas, nosso abraço carinhoso e de vínculos sólidos, porque aqueles líquidos já se fazem em profusão por aí. Mas, daqui, receba o aperto da amizade e da admiração! Élcio e Adriana.
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