Cheguei, há não
muito da terceira sessão do Fronteiras do Pensamento. Ouvi com cerca de 2 mil
pessoas Amós Oz (nascido Amos Klausner), (Jerusalém, 4 de maio de 1939). É o
escritor israelense de maior prestigio na atualidade que a cada ano está entre
os possíveis laureados com o Nobel de literatura.
É autor de uma
extensa obra literária formada por romances, ensaios e críticas e publicada em
40 países, sendo um dos escritores israelenses mais traduzidos no mundo.
Fundador e principal representante do Movimento
Paz Agora, defende a solução de dois Estados para o conflito entre Israel e
Palestina. Isso lhe granjeia o reconhecimento de ‘espião no seu próprio país.
Esta noite destaco o quanto terroristas existem não apenas entre os islâmicos.
Já li muitas obras (ainda esta noite comprei: Mais de uma luz -- seu último livro, agora lançado no Brasil), mas se tivesse destacar apenas um, meu voto iria para De Amor e Trevas (Companhia das Letras, 2005) onde entre autobiografia e o romance o livro é uma
extraordinária recriação dos caminhos percorridos por Israel no século XX - da
diáspora à fundação de uma nação e de uma língua - o hebraico moderno. É também
uma reflexão sobre a história do sionismo e a criação de Israel como
necessidade histórica de um povo confrontado com a ameaça de extinção. Ganhador
do Prêmio France Culture de 2004 e do Prêmio Goethe do mesmo ano, 'De amor e trevas' extrai sua grandeza
da simplicidade de um gesto narrativo, que faz do olhar de um menino o fio
condutor de uma história vigorosa e bela - a constituição da identidade de dois
sujeitos, um garoto e uma nação. Essa confluência é sintetizada em cenas que
marcaram a memória do escritor, como a da multidão que ouve pelo rádio, numa praça
de Jerusalém, a votação da ONU que determinou a criação do Estado de Israel -
cenas que se imprimem na mente do leitor com uma notável força narrativa.
Assim valeram os
esforços daqueles que se envolveram postergar a minha passagem, mesmo que viaje
à madrugada, pude ouvir o meu coetâneo Amós Oz.
Nesta quinta ocorre
a minha quarta e última palestra desta árdua jornada junina. Iniciei por Macaé
no I
ENCONTRO DA REDE RIO DE ENSINO DE QUÍMICA. Após vivi uma jornada
mato-grossense na qual fui pela primeira vez à São José dos Quatro Marcos e à Araputanga.
Na terceira semana estive de segunda-feira a sábado em Manaus em atividades na Rede
Amazônica de Educação em Ciências e Matemática que detalhei na edição anterior.
Na noite desta quinta-feira faço a conferência “Das disciplinas à indisciplina” no I Simpósio de
Pesquisa em Educação em Ciências do Estado do Espírito Santo em Vitória, uma realização do IFES e da UFES.
Viajo apreensivo:
tenho retorno marcado para a tarde de sexta-feira. A meu juízo o corrupto e
ilícito Presidente colocou na tarde de terça-feira gasolina na fogueira e
acredito que a greve geral marcada para dia 30 deverá mostrar que o ‘fora Temer’
é irreversível.
Na terça, quando
mais uma vez esperávamos a renúncia vimos um bufão mentiroso dizer não saber
como deus (leia-se Eduardo Cunha) o colocou na Presidência.
Vivo essa anunciada
greve numa situação de ambivalência. Torço para que mesma seja mais paralisante
possível. Sou ciente que se tal ocorrer, muitos brasileiros e eu seremos
prejudicados. Eu certamente ficarei retido em Vitória. Sempre se diz que numa
greve há que suportar ônus. Prefiro essa alteração em minha agenda a um mal infinitamente
maior que prolongar ainda mais esses dias tão temerosos.