quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

01.— Hoje, com outro diapasão

01.— Hoje, com outro diapasão

ANO
 11
Desde os Emirados Árabes Unidos
FÉRIAS 16/24
EDIÇÃO
 3263

Já é fevereiro... 2017 já não é mais ‘o ano novo’. Os relatos feriais se fazem rotinas a medida que a viagem vai se avizinhando de seu término. De vez em vez, os blogares se tornam fastidiosos.
Esse contexto enseja uma justificada quebra de rotina, aqui, inspirado nos versos de abertura de nosso poeta maior: “Cesse tudo o que a musa antiga canta, que outro valor maior alto se alevanta!
A advertência camoniana aconteceu para Gelsa e para mim aqui nos Emirados Árabes Unidos quando fazíamos nossa leitura diárias das notícias do Brasil e do Mundo e foi ratificada à noite por um ligeiro teclar de WhatsApp com meu colega e amigo Edni, que ainda em cinco de janeiro foi assuntado neste blogue, que escreveu:
Estou neste momento participando da posse do Deputado Edgar Pretto como Presidente da Assembleia Legislativa 2017/18. O Povo está Praça. O Sartori treme e a esquerda tem o seu tempo de reaquecimento político. No seu discurso coloca a Segurança Alimentar no destaque de prioridades. Vivas! E eu respondi: Meu querido amigo Edni! Tu não imaginas quanto a Gelsa e eu nos sentimos representados. Esta manhã, quando líamos notícias sobre a posse do "guri do Adão" nos emocionávamos e lamentávamos por não estar aí... Agora sabemos que estamos muito bem representados. Saudades com gratidão
A Gelsa e eu lemos extensa reportagem da pinço dois parágrafos de Zero Hora de Porto Alegre transcrevo: Na parede do gabinete do deputado Edegar Pretto (PT), no 12º andar do Palácio Farroupilha, com vista para o Palácio Piratini e a Praça da Matriz, dois detalhes chamam atenção: o retrato oficial de Dilma Rousseff com a faixa presidencial e um quadro com a foto desbotada de um menino magricela, trovando com um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), no acampamento da lendária Encruzilhada Natalino, em 1982. Sobre a foto, os versos cantados pela dupla naquele dia histórico. O homem é Adão Pretto, que em 1986 se elegeria deputado estadual, inaugurando a representação do MST no Legislativo gaúcho. O menino é "o guri do Adão", que nesta terça-feira assume a presidência da Assembleia.
Quarto dos nove filhos de Adão Pretto, João Edegar nasceu em Coxilha do Ouro, interior de Miraguaí, e cresceu sendo chamado assim: o guri do Adão. O pai, gaiteiro e trovador, compôs os versos que falam da preocupação com o futuro do filho, fadado a migrar para a cidade e trabalhar como empregado por falta de terra para exercer a vocação de agricultor. Embora a essência da trova seja o improviso, Adão Pretto escreveu os versos e Edegar decorou a parte que lhe cabia. Eram autobiográficos: a propriedade de 22 hectares não seria suficiente para tantos filhos. Ele trabalhou na roça até os 15 anos, quando trocou a enxada pela militância política.
Emocionamo-nos. Estamos numa porção do Planeta que quando falamos que somos brasileiros tudo que a maioria refere são nomes de jogadores de futebol. Lembramos então nossas andanças em escolas de formação em Braga, Palmeira das Missões, Veranópolis. Lembramos então o guri do Adão’ nas aulas e como motoristas levando a Gelsa a acampamentos e assentamentos do MST.
O novo Presidente da Assembleia Legislativa escreveu em artigo da imprensa de ontem:
Por indicação da minha bancada, assumo a presidência da Assembleia Legislativa do RS. Por obra do destino, 30 anos depois da posse do meu pai, Adão Pretto, como deputado estadual.
A posse marca mais um capítulo na democracia do Legislativo, resultante de um acordo que vem desde 2007, que estabeleceu o princípio da gestão compartilhada na mesa diretora da ALRS. A pluralidade assegurada neste acordo é o que garante a estabilidade e o comprometimento conjunto dos pares na condução dos trabalhos e ações do Parlamento.
Estou consciente de que assumo este importante cargo num dos períodos mais atribulados da política brasileira desde a sua redemocratização. Um momento de ataque aos partidos políticos, trabalhistas, sociais e à própria Constituição.
A ALRS está desafiada a assumir causas merecedoras de grandes debates, a dialogar e contribuir para superação dos problemas que afetam a sociedade gaúcha. E isto só será possível com a defesa e a reconstrução da democracia no nosso país.

Esta democracia, que precisa ser defendida, implica também Poderes fortes, harmônicos e independentes entre si. Sem transigir um milímetro, cumprirei os deveres constitucionais, legais e regimentais estabelecidos para a Assembleia Legislativa, e neste contexto destaco as funções de fiscalizar, mediar e de conciliar.
Quero abraçar causas que devem fazer parte dos grandes debates desta Casa: a Democracia e a Participação Popular; o Papel do Estado no Desenvolvimento; a Equidade de Gênero; a Agricultura e a Soberania Alimentar, sempre com o olhar nas dimensões de gênero, raça, etnia, geracional e de orientação sexual.
A ALRS muito se destacou na história do Rio Grande, sendo, por exemplo, espaço de resistência ao regime de exceção. Neste momento de tantas incertezas e de questionamento às instituições e à própria democracia, estaremos empenhados para que o Parlamento assuma grandes causas e dialogue com todos os setores da sociedade gaúcha.
De minha parte, sem esquecer minhas origens, seguirei com um pé na luta e outro no parlamento. Não medirei esforços para que a Assembleia seja, todos os dias, a Casa do Povo.
A advertência de Camões se fez em boa hora. Foi bom quebrar relatos de férias.

3 comentários:

  1. Mestre Chassot,
    seus relatos de viagem são encantadores. Aprendemos muito com eles, pois alguns são lido em família. Talvez, nunca poderemos fazer um cruzeiro, mas é como estivéssemos viajando com vocês.
    Mas a troca de diapasão hoje foi emocionante, Os gaúchos podem estar orgulhosos de e]erem este Presidente da Assembleia. Nós de Roraima temos por que invejá-los.
    Saudade de suas palestras aqui,
    Antonio Serrasso

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  2. Sempre haverá "réstias de luz" para reanimar a combalida democracia...

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  3. Meu querido colega Vanderlei,
    realmente a posse do Edegar Pretto é sopro em braseiro quase extinto.
    Obrigado por tua sensibilidade

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