Ano
11 |
Em
www.professorchassot.pro.br Livraria Virtual está
Das disciplinas à
indisciplina
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EDIÇÃO
3227
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Ainda não
assimilei, em sua essência a estada em Boa Vista, objeto da edição anterior e
amanhã já viajo à Manaus. Para, ainda fruir Roraima, faço esta edição com dez
pingos e respingos roraimenses.
1.-
Venezuela: O que mais me impressionou nesta
estada (talvez a sétima ou oitava) desde a primeira há seis anos é o êxodo de
venezuelanos de seu país e a afluência a Roraima em busca de alimentos e de
emprego. São cerca de 30 mil, nos últimos seis meses, os venezuelanos que
chegaram a Roraima. Há casos dramáticos. Um estudante de medicina que agora
passa até 15 horas por dia em sinaleiras vendendo água e limpando para-brisas
de carros. Um colega que me levou a uma escola, contou que sua empregada
doméstica era professora universitária na área de Direito na Venezuela. Nos
restaurantes em que estive em quatro dias, em sua maioria fui atendido por
venezuelanos. Há muitos indígenas entre os migrantes e o aumento da prostituição
é significativo.
2.- XXIV Feira Estadual de Ciências de Roraima foi a atividade que me levou à Boa Vista que aconteceu de 17 a 19 de novembro de 2016, no
muito bonito Parque Anauá. Nesta edição a Feira teve o mote da Semana Nacional de
Ciências e Tecnologia: "Ciência alimentando o Brasil”. Por questão de
agenda tive que resumir a uma pequena visita, conhecendo apenas alguns das
quase duas centenas trabalhos apresentados por estudantes da educação básica
roraimense, da rede privada e, principalmente, rede pública, tanto da capital
Boa Vista como do interior do Estado, inclusive de
comunidades indígenas, da educação infantil ao EJA. O mais significativo para
mim foi ter aprendido uma proposta para jardim/horta, explorando o
fototropismo, que já me apresso a realizar em minha casa.
3.- Escola de Ensino Médio Diva Pinto. Na
manhã de quinta-feira fui a uma escola em um bairro distante cerca 20 km do
centro. Lá fiz a palestra “Assestando
óculos para ver o mundo” a significativo grupo de professoras e professores
e a alguns estudantes. Esta escola entra ternamente em minha história por outro
motivo. Levara a Roraima um único exemplar do Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto, pois o
mesmo está quase esgotado e este foi adquirido pela merendeira da escola. Comovo-me.
4.- Instituto Insikiran
de Formação Superior Indígena da UFRR
foi uma das significativas visitas que fiz na manhã de sexta catalisada pelo Alexandre,
mestrando da UERR. Fiz então uma palestra envolvendo discussões acerca da
comparação de religião e Ciência, para docentes e discentes. Fiquei surpreso
com a qualidade das instalações e com os significativos cursos que se oferece
as diferentes etnias indígenas. Sou muito grato ao Prof. Dr. Jonildo Viana dos Santos pelo almoço e também por me brindar com uma
coletânea de livros produzidos pela instituição, incluindo um dicionário macuxi.
5.- Minicurso: A Arte de escrever Ciência com arte
foi a atividade mais extensa que me envolveu nesta estada em Boa Vista. Nas
tardes de quarta e quinta ministrei mais de seis horas de curso no qual
participaram cerca de meia centena de docentes e discentes. O significativo que
na abordagem dos tópicos previsto fiz muitas notas de rodapé e estas, segundo
alguns participantes foram tidas como o mais apreciado da atividade.
6.- Para formar Jardineiros para cuidar do Planeta
foi a palestra que proferi na tarde de sexta-feira na UERR inserida nas
atividades da Feira de Ciências. Ao lado da trazida de aspectos acerca de uma
educação ambiental, usei partes da Encíclica Laudato si’ do papa Francisco,
adequadamente contextualizada em tempos em que alguns cardeais conservadores
contestam as posturas do ‘papa comunista’.
7.- Entrevista na Rádio Tropical FM de Boa
Vista à
Jornalista Consuelo Oliveira no começo da tarde de quarta, em um programa muito
descontraído onde reavivei sonhos de minha infância onde gostava de ‘brincar de
rádio’. Surpreendeu-me a beleza dos estúdios e encantou-me as atenções da
professora Elena Fioretti em ciceronear-me.
8.- Uma roda viva de amigos se monta em cada uma destas
muitas viagens. Desta vez, por nos encontramos enquanto visitantes, a cada
almoço e cada janta, com os locais parece que se adensavam mais o benquerer. Colegas
que conhecêramos ali, na despedida pareciam que estávamos junto há muito e hoje
são saudade. Só destaco três entre tantos, pois me ensinaram muito e
encantaram-me com suas ações em busca de um mundo mais justo: Jonas, com sua prometeica
barca das letras e a dupla fraterna formada
pelo querido Diretor Anderson Quack e a Produtora Liz Oliveira. Obrigado à
Ivanise Rizzatti, a catarinense que se fazendo roraimense sabe catalisar
amizades.
9.- Uma banca de esfrangalhar o coração foi aquela que ao final da
tarde me envolveu. Já participei de dezenas de bancas, mas a qualificação do
Ricardo Daniell Preste Jacaúna, um negro, cego e cadeirante propondo
tecnologias assistivas para ensinar Química a surdos certamente será insuperável
nas emoções que me ofereceu. Obrigado Ivanise por envolver nesta banca e
obrigado ao colega Hector por ser sempre parceiro.
10.- Quase exigindo adicional de
insalubridade.
Se já me ufanei de ter como vizinho
de apartamento um rei (o da Suécia) no mesmo hotel onde me hospedava, desta vez
cheguei a temer pela minha segurança, pois certo milico, candidato a presidente
da república, andava por lá e seus seguranças, com camisas pretas ostentando em
letras brancas apoio ao se candidato me assustaram, pois pareciam uma matilha
de buldogues. Afinal não há só flores em nossas caminhadas.
mestre, por acaso estavas com a vacina antirrábica em dia? Sabe como é, esse "vizinho" baba, espuma pela boca e vocifera coisas sem nexo, qual cão hidrófobo...Creio que os seguranças não pareciam buldogues, pelo jeito eram os próprios! Aquele abraço!
ResponderExcluirMeu querido Guto!
ResponderExcluirRealmente vivi perigo de morte.
Imagina aqueles truculentos contra alguém que só usa a palavra, inaudível a monstros.
Obrigado pela sugestão antirrabica
Degustando os "pingos e respingos" no momento em que relembro os ideais transformados em ações do mito Fidel me fortalece a possibilidade de um horizonte, em que um Outro Mundo (leia-se Modo de Vida ) é necessário!!!
ResponderExcluirSaudades
Seja sempre muito bem vindo ao extremo Norte do Brasil. Foi uma grande satisfação tê-lo por aqui. Volte sempre. Um abraço.
ResponderExcluirProf. Jonildo Viana - Insikiran / UFRR.