ANO
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Com
o surpreendente anúncio do sexto dos prêmios Nobeis anuais, registra-se que em 2016 há
11 homens premiados. Nenhuma mulher foi laureada com o Prêmio Nobel este ano.
A
surpresa desta manhã de quinta, dia 13, chama-se Bob Dylan. Ele é o vencedor do
prêmio Nobel da Literatura 2016, “por ter
criado novas expressões poéticas na tradição da canção americana” como
justificou nesta quinta-feira a Academia Sueca, em Estocolmo. “É um poeta
maravilhoso”, afirmou, ainda, a secretária da Academia. É a primeira vez que o
Nobel é entregue a um compositor.
A
escolha de Bob Dylan parece ser polêmica, sobretudo porque a carreira de Robert
Allen Zimmerman,— verdadeiro nome de Dylan — oriundo de família de tradição
judaica de Minnesota é sobretudo musical, mesmo que seja autor de cerca de 30
livros. O estadunidense de 75 anos segundo o Comitê sueco merece o Nobel porque
“é um grande poeta”, e se antecipa críticas à escolha dizendo: “Talvez the
times they are a changing“, numa alusão à música de Dylan com o mesmo nome.
O
anúncio dos laureados começou no dia 3: Medicina e Fisiologia de 2016 foi para
o cientista Yoshinori Ohsumi, por suas descobertas importantes sobre os
mecanismos de autofagia, processo pelo qual as células "digerem"
partes de si mesmas. Os achados de Ohsumi abriram as portas para a compreensão
do papel da autofagia em doenças neurodegenerativas, câncer, diabetes tipo 2,
entre outras.
No
dia 4, soubemos que os pesquisadores estadunidenses: David J. Thouless, da
Universidade de Washington, (que recebeu a metade do quase 3 milhões de reais);
e F. Duncan M. Haldane e J. Michael Kosterlitz, das universidades de Princeton
e Brown, dividiram a outra. O motivo do prêmio foram as descobertas sobre as
fases de transição da matéria.
No
dia 5 foi anunciado o Prêmio Nobel de Química de 2016 para o francês Jean-Pierre
Sauvage, o britânico Sir J. Fraser Stoddart e o holandês Bernard L. Feringa
pelo desenvolvimento de máquinas moleculares. Os cientistas desenvolveram
moléculas com movimentos controlados que podem realizar tarefas com a adição de
energia, uma grande evolução no campo da nanotecnologia.
No
dia 7 foi anunciado prêmio Nobel da Paz: Comitê Nobel norueguês atribuiu seu
influente prêmio ao presidente colombiano, Juan Manuel Santos, de 65 anos, que apostou
todo o seu capital político para tentar colocar fim a meio século de guerra
interna na Colômbia, um sonho inacabado, pois o acordo com as Farc não foi
aprovado em referendo no dia 2 de outubro.
O
Banco da Suécia concedeu o prêmio Nobel de Economia 2016 — que não patrocinado
pela fundação Nobel —, a Oliver Hart, do Reino Unido e Bengt Holmström, nascido
na Finlândia, por sua contribuição à Teoria dos Contratos, que analisa os
comportamentos da contratação no mundo empresarial e seus diversos efeitos.
mestre, "the answer my friend is blowin'in the wind"....
ResponderExcluirMeu querido amigo, mestre e quase guru Attico Chassot me deu a notícia pelo seu blogue: Bob Dylan laureado com o Nobel de Literatura de 2016. Robert Allen Zimmerman, 75 aninhos, de origem russo-judaica, nascido no estado de Minnesota, autor de 30 livros, ícone da contracultura e dono de uma musicografia que influencia e influenciou gerações (ou porque vocês acham que a banda do titio Mick Jagger tem o nome que tem?), recebeu o prêmio por ser um grande poeta, e pelo conjunto de sua obra.
ResponderExcluirQuando a gente pensa em Bob Dylan pensa logo em "Blowin' in the wind". A letra, de 1963, quase profética (no sentido verdadeiro da palavra, claro), teve diferentes versões, em vários idiomas, inclusive português, pelas vozes de Zé Ramalho e Diana Pequeno, em momentos diferentes. Outras canções do bardo também foram gravadas por brasileiros, como "Jokerman", pela voz de Caetano Veloso (aliás, amigo de Bob), "Negro Amor", por Gal Costa e "Knockin' On Heaven's Door", gravada por Evandro Mesquita e por Zé Ramalho, com levadas bem distintas.
Bob começou a escrever aos dez anos de idade e, ainda adolescente, aprendeu como autodidata piano e guitarra. Começou cantando em grupos de rock, imitando Little Richard e Buddy Holly, mas quando foi para a Universidade de Mineapolis em 1959, voltou-se para a folk music, impressionado com a obra musical do lendário Woody Guthrie, a quem conheceu em New York em 1961.
O cunho de reflexão social de sua obra, em especial nos anos 60, rotulou-o como "cantor de protesto". Nessas canções, abordava, de fato, temas sociais e políticos numa linguagem poética. Isso o tornou um fenômeno entre os jovens artistas folk da época, levando-o ao estrelato folk, principalmente após sua participação no Newport Folk Festival de 1963, pelas interpretações da grande cantora Joan Baez. Logo Dylan mudou de rumos artísticos, afastando-se do folk de protesto e voltando-se para canções introspectivas, ligadas a uma visão muito particular de mundo. As questões sociopolíticas de seu tempo, como racismo, guerra fria, guerra do Vietnã e injustiça social, cedem espaço para a temática das desilusões amorosas, amores perdidos, vagabundos errantes, liberdade pessoal, viagens oníricas e surrealistas, na levada contracultural da poesia beatnik.
CONTINUAÇÃO
ResponderExcluirEssa transição se dá entre 1964 e 1966, quando Dylan eletrifica a sua música, passa a tocar com uma banda de blues-rock como apoio e choca a plateia folk, com sua aproximação ao rock. Bob sempre teve um lado roqueiro, e, entre seus ídolos, estavam o cantor country Johnny Cash, que já trabalhava com instrumentos elétricos desde os anos 50. O sucesso dos Beatles e demais roqueiros britânicos na releitura do rock americano também chamaram-lhe a atenção.Foi aclamado pela crítica, ampliou o seu público, tornando-se cada vez mais influente entre artistas contemporâneos.
Em maio de 1966, após uma tumultuada turnê pela Inglaterra, Dylan sofreu um grave acidente de moto que o afastou dos palcos e gravações até 1968. Em seu retorno, surpreendeu o público e a crítica com o álbum "John Wesling Hardin", fortemente influenciado pelo country, tendência que acentuou-se no trabalho seguinte, "Nashville Skyline", que trouxe o clássico "Lay Lady Lay" para as paradas. Dylan só voltaria a realizar turnês em 1974, apesar de ter feito participações esporádicas, como no lendário Concerto para Bangladesh de 1971.
Ao voltar as turnês, acompanhado pela The Band, retorna a evidência e ao sucesso. Na retomada da carreira de forma mais ativa, Dylan produz "Blood On Tracks" (1975) e "Desire" (1976), seus melhores discos nos anos 70, aclamados pela crítica. Deste último, a canção "Hurricane", baseado na história de Rubin Carter, um boxeador negro preso injustamente, foi um sucesso espetacular, ao mesmo tempo que a turnê Roling Thunder Revue (75/76) era aclamada por crítica e público.
CONCLUSãO
ResponderExcluirDivorciou-se em 1977, e afundou em uma pesada crise pessoal, que refletiu-se em seu trabalho artístico. A despeito do berço judeu, converteu-se ao Cristianismo em 1978, investindo em canções com temáticas cristãs. Motivado por sua nova espiritualidade, Dylan gravou três álbuns: "Slow Train Coming" (1979) considerado o mais inspirado dos três, deu a Dylan um Grammy de melhor vocal masculino, pela canção "Gotta Serve Somebody". O segundo álbum, "Saved" (1980), teve uma recepção menos entusiasmada. "Shot of Love" (1981) encerra a fase cristã de Dylan. Com "Infidels", de 1983, Dylan afasta-se da fé cristã, retomando suas raízes judaicas e seu equilíbrio artístico. As apresentações ao vivo, em que volta a interpretar suas canções clássicas, marcam uma reconciliação com seu público.
Um momento especial se deu em 1985, quando participa do especial "We are the world" com outros 40 grandes nomes pela campanha contra a fome na África. Outro momento lendário se deu depois de uma turnê com a lendária banda californiana Grateful Dead, quando ele lança o álbum "Oh Mercy" (1989), elogiado pela qualidade inesperada das canções. Nessa mesma época, volta às paradas com o supergrupo "Traveling Wilburys", formado com os amigos George Harrison, Tom Petty, Jeff Lynne e Roy Orbison. A morte de Roy Orbinson fez o grupo sair da cena...
Nos anos 90, Bob Dylan volta a gravar folk tradicional, acústico, sem importar-se com o pouco apelo comercial deste gênero nos dias atuais. Em 1992 é realizado um show tributo em grande estilo, com a participação de vários nomes do rock, country e do soul cantando suas músicas: Eric Clapton, Stevie Wonder, Neil Young, Willie Nelson, Lou Reed, entre outros. Lançou um acústico pela MTV em 1994, lançou um trabalho com inéditas em 1997. Esse álbum, "Time Out Of Mind" ganhou vários prêmios Grammy e foi considerado por muitos uma nova ressurreição artística, confirmada pela qualidade de "Love and Theft" (2001).
Atualmente registra-se um novo interesse pela vida e obra de Dylan, com o lançamento oficial de várias gravações piratas, além do lançamento do documentário "No Direction Home", de Martin Scorsese, que flagra os anos iniciais de sua carreira (1961-1966) e, mais recentemente, com "Modern Times", seu novo álbum lançado em 2006, com o qual, pela quarta vez na carreira, Dylan conquistou a liderança do ranking dos mais vendidos dos Estados Unidos, vendendo 192.000 cópias na primeira semana. No dia 3 de maio de 2012, Bob Dylan foi condecorado com a Medalha da Liberdade, a maior honra civil dos Estados Unidos. Na cerimônia, Dylan foi condecorado pelo presidente Barack Obama, que não poupou elogios ao cantor, que entrou mudo e saiu calado, ao seu estilo.
Além de escrever muito, Bob Dylan também pinta e desenha tendo lançado um livro de desenhos "Drawn Blank" em 1994. Fez a sua primeira exposição denominada "The Drawn Blank Series" no Museu Kunstsammlungen em Chemnitz (Alemanha) (onde há obras de Munch e Picasso) entre Outubro de 2007 e 3 de Fevereiro de 2008 com 175 aquarelas e guaches.
Bob Dylan recebendo o Nobel é algo de extrema importância para os músicos e compositores de todo o mundo. A consagração do discurso das letras como Literatura era algo necessário para as artes como um todo. A importância de suas canções, ao longo da turbulenta história da segunda metade do século XX, é reconhecida pela comissão do Prêmio Nobel.
Parece que a ciência continua sendo masculina, sim senhora!
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