ANO
10 |
EDIÇÃO
3174
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Dimitrius Gonçalves, meu
ex-aluno no Centro Universitário Metodista do IPA, e eu escrevemos um texto “Arte & Ciências indisciplinares” que
deverá ser capitulo de livro organizado por Jose Clovis de Azevedo e Jonas
Tarcisio Reis. A momentosa situação da Educação no Brasil nos obriga antecipar
algo do mesmo. Por tal, se transcreve a última das 14 páginas do capítulo antes referido.
Passados mais de dois séculos aquele
considerado por muitos o maior filósofo moderno ainda precisa nos
alertar: não precisamos de tutores para
pensar! É Kant quem nos diz acerca do Iluminismo: “Sapere aude! Tem coragem de usar seu próprio entendimento”. Assim,
Kant define o Iluminismo do Século 18 com atualidade para estes turbulentos
dias do Século 21: é permitido às mulheres e aos homens pensarem por si mesmo e
repensar as decisões dos outros. Tem
coragem de pensar e pensa! Repete Kant, quando nos incita a protestar
contra propostas de uma Escola sem Partido.
O Projeto Escola sem Partido
(Projeto de lei n.º 867, de 2015, a ser incluído
entre as diretrizes e bases da educação nacional),
que tramita há meses na Câmara dos
Deputados e agora (maio de 2016) assumido pelo governo interino, é o programa
mais abjeto que já se acenou para a educação no Brasil. Naturalizar a desigualdade,
a opressão e pretender aulas “neutras” vai na contramão de tudo que propôs
neste texto.
Em uma aula de Ciências (não! deverá ser uma
aula de Química na qual não se poderá falar de Física ou Biologia, e muito
menos de História ou Geografia e jamais de Economia e muito menos de Filosofia),
pois será preciso silenciar vozes e criar espaços de um conformismo asséptico e
de uma penitencial resignação às injustiças.
Temas transversais como meio ambiente,
sexualidade, feminismo, relações homoafetivas serão vedados, pois podem dar azo
a doutrinação. Isto poderá macular o entendimento do quanto o capitalismo é
algo salutar e o socialismo é uma doutrina espúria que quer fazer dos alunos
comunistas bagunceiros.
Quando sonhávamos, olhando uma arte
indisciplinar, como aquela que nos encanta na Eurovisão* catalisando
o fazer Ciência e acreditávamos que a Ciência, inspirada nas artes poderia
fazer aulas com mais arte, parece haver retrocessos. Trazemos proposta que se
reconhece quase utópicas, pois pretendemos chegar à indisciplinaridade. Parece
que as artes são um exemplo inspirador. Esta também é uma estratégia de
ouvirmos Kant e ter coragem de pensar diferente do que querem nos impor em
projetos como o da Escola sem Partido. Sonhar é preciso! · Conexão com a edição de 17/MAIO/2016 17.- UMA EUROVISION INDISCIPLINAR.
a tal neutralidade que é referida pelo pessoal coxinha é, nas palavras de Freire, "lavar as mãos no conflito entre poderosos e despossuídos não significa ser neutro, mas colocar-se ao lado dos poderosos." Essa neutralidade significa abaixar a cabeça e as calças para os poderosos de plantão. A Educação não pode ser "imparcial". Essa imparcialidade só interessa aos donos da bola...
ResponderExcluirUM SONORO NÃO À ESCOLA SEM PARTIDO!
ResponderExcluir"Escola sem partido" é retórica sem profundidade. Uma maneira esdrúxula de dizer que não se pode mexer na ordem estabelecida pelos mais aquinhoados. Demonstra o medo do esclarecimento proporcionado pela teoria crítica, perpetuando a naturalização das desigualdades. Conseguirão sem militares postados nas portas das salas de aula???
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