ANO
10 |
EDIÇÃO
3152
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Para celebrar este sábado outonal aproprio-me de
excelente análise-notícia feita por Luiz Antônio Araujo, publicada ontem em
Zero Hora. O texto que transcrevo é um excelente catalisador para fugarmos
desta xaroposa grenalização: coxinhas versus petralhas.
Roma, Lesbos, Constantinopla Desde
o início da atual crise migratória na Europa, Jorge Mario Bergoglio esteve
entre os que denunciaram em termos duros o descaso dos governos do continente
com os refugiados da África e da Ásia. Em 2014, o argentino escolheu a primeira
visita ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo, para lançar uma advertência que,
dois anos depois, continua sem paralelo em contundência: Não se pode tolerar que o Mediterrâneo se converta em um grande
cemitério.
O
Papa fazia referência aos naufrágios de barcos apinhados de migrantes na costa
italiana. Ele também escolheu a ilha mediterrânea de Lampedusa, que se tornara
um dos primeiros centros de acolhimento de refugiados, como destino em sua
primeira viagem como pontífice.
Agora,
porém, Francisco planeja um gesto mais ousado a fim de chamar atenção do mundo
para uma das maiores tragédias humanitárias do século 21. Ele pretende visitar
na próxima sexta-feira a ilha grega de Lesbos, onde centenas de milhares de
refugiados do Oriente Médio aportaram no ano passado, procedentes da Turquia. A
ilha está no centro de um polêmico programa de deportações de migrantes ilegais
da Grécia de volta para a Turquia, acertado há alguns dias entre autoridades
europeias e turcas. O Vaticano e a Organização das Nações Unidas (ONU) criticaram
o programa.
Como
Lesbos é território formalmente sob autoridade da Igreja Ortodoxa, a Santa Sé
considerou apropriado acertar o roteiro da viagem com a cúpula ortodoxa. Nesse
ponto, surgiu um problema: num reflexo de uma longa história de conflitos nacionais,
o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla (o equivalente ortodoxo do Papado,
com sede em Istambul) e o Santo Sínodo de Atenas (sede da Igreja Ortodoxa
Grega) têm relações difíceis e disputam a primazia apostólica sobre partes da
Grécia. Lesbos é uma dessas partes.
Por
isso, Roma fez questão de informar que Francisco foi convidado a Lesbos pelo
patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, e pelo presidente grego, Prokopis
Pavlopoulos. Na visita à ilha, o Papa será acompanhado de Bartolomeu. Para a
sorte dos refugiados, controvérsias religiosas têm pouco interesse. A presença
do argentino e do grego em Lesbos, por outro lado, constituirá por si só um
potente sinal de alarme.
Assim, nesta semana temos algo bem maior a torcer. Poderemos desacompanhar aquele ringue em que se transformou a votação do parecer acerca do impeachment. Somos mais Francisco — Paz e Bem — esta semana. Assestemos
nossos holofotes na ilha de Lesbos.
Caro Mestre, na disciplina de Ensino Religioso tenho abordado frequentemente as mensagens humanitárias deste destemido argentino. O considero mais que papa, um homem verdadeiramente cristão e humano. Ele não acusa, nem esconde, apenas aponta para percebermos os erros da trajetória social...
ResponderExcluirGrande abraço