sexta-feira, 8 de maio de 2015

08.- UM CATALISADOR MUITO ORIGINAL


ANO
 9
EDIÇÃO
 3037

Uma edição (quase) especial. Há um tempo, silenciara acerca de minhas aulas, que podem parecer ‘rotineiras’. Não são. Narrava, na última edição, das gratificações intelectuais que recebo da escrita. Assim, preciso compartilhar um fazer acadêmico especial, desta sexta, no Centro Universitário Metodista do IPA. Aliás, se quero ser mais rigoroso na trazida de excertos do diário de mestre-escola, devo dizer que são dois os momentos especiais desta sexta no IPA. Eles sucedem as aulas desta semana nas turmas da manhã (segundas) e da noite (terças) da Licenciatura em Música e aula das tardes de segunda na Universidade do Adulto Maior. Aliás, esta, de per si, valeria uma edição do blogue. Não posso deixar a aula da UAM só em um aceno.
Nos últimos dias, preparando-me para a palestra de Richard Dawkins, no próximo dia 25, em Porto Alegre, tenho lido (e relido) algumas de suas obras. Foi muito significativo trabalhar com a turma da UAM a carta que Dawkins escreveu para sua filha Juliete: Boas e más razões para acreditar [in O Capelão do Diabo. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, 462p. ISBN 978-95-359-0654-7 p. 427-437. Preâmbulo 425/426] onde renomado biólogo discute o que e como aprendemos com a Tradição, com a Autoridade e com a Revelação. Foi uma aula memorável. O uso desta carta na aula se converteu nem excelente catalisador no preparo da atividade que comento mais adiante.
Ainda outro registro lateral: na tarde de quarta estive por três horas no museu da UFRGS para assistir a primeira sessão do Seminário Grandes Mestres dos Mestres da UFRGS evocando Irajá Damiani Pinto, geólogo (1919-2014) e Alarich Schultz, botânico (1912-1976). Registro, que como professor, durante a semana, preparei bem esta sexta, na qual no começo da tarde participo da banca de qualificação de minha aluna no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão Iara Cecília da Rosa Ribeiro, que apresenta seu projeto de dissertação: “Desafios e barreiras na aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais para ouvintes”. A proposta é orientada pelo prof. Dr. José Clovis de Azevedo; participa também da avaliação a Profa. Dra. Patrícia Mendes Calixto (do IFSUL).
Mas o cêntrico para mim hoje é a aula que ministro no Seminário dos Mestrados. Cada um dos professores dos dois mestrados do IPA, em uma sexta, desenvolve um tema de sua escolha. Hoje, sou eu. Elegi: Quase 400 anos do Método científico de Bacon ao Contra o Método de Feyerabend. Quando propus este tema em fevereiro, talvez não tenha avaliado bem a extensão de dificuldades que me propusera.
Quando se tem um número significativo de palestras (no ano passado, 74) há muitas repetições. Não podemos ser originais sempre. Quando vamos discorrer acerca de tema inédito, os desafios nos levam a mares quase ignotos. Foi muito bom buscar entender Bacon e Descartes no século 17, reler algo de Claude Bernard e Lorde Kelvin, com seu aforisma “Só podemos falar daquilo que podemos medir” no século 19 ou recordar os livros de Ciência nos mostrando que os cientistas seguem o método científico — apresentado como OHERIC Observação - Hipótese - Experiência - Resultado - Interpretação – Conclusão. Então, depois chegar no século 20 com o saudável anarquismo feyerabendiano.
Este é um pouco do meu desafio no entardecer desta sexta, sucedida pelo seminário sabático de amanhã no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão, quando por estas bandas já temos aperitivos invernais. 

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