terça-feira, 13 de janeiro de 2015

13.- UM DIA DE PARTIDA


ANO
 9
Porto Alegre / Guarulhos / Paris / Berlin
EDIÇÃO
 3004

Nesta terça-feira a Gelsa e eu estamos partindo para uma viagem internacional. Vamos mais uma vez cruzar o Atlântico, rumo à Europa, destino mais usual de nossas viagens. Primeiro vamos a Berlin, aonde a Gelsa tem, por três dias, compromissos acadêmicos. Depois estaremos em férias, ainda em Berlin e depois uma semana na Polônia (nossa primeira vez neste país) e a seguir alguns dias na França. Voltamos em 04 de fevereiro.
Em blogada anterior (07JAN2015) acatei sugestão — mesmo que o blogue não seja mais diário —, contar um pouco destes dias de viagens, em pelo menos cinco blogadas. Uma genérica (e preliminar) acerca de viagens — é esta de hoje — e quatro outras, uma de cada uma das quatro cidades que visitaremos. Assim, as emoções serão socializadas com excertos do conhecido diário de um viajor.
Quando em 2012, publiquei Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto, reservei um dos cinquenta capítulos para falar de minhas viagens internacionais. Hoje, pelos meus registros começo a minha 30ª viagem internacional. Comecei tardiamente, mas depois que tomei o gosto, quase a cada ano fiz uma viagem internacional.
Comecei apenas em 1989. Fiz, então, a minha primeira viagem a Europa. Entusiasmado pela Gelsa, presenteei-me, pelo meu 50º aniversário, com uma primeira viagem ao exterior. Estou subtraindo deste computo alguns cruzares de fronteiras, anteriores a 1989, em breves incursões a quatro países vizinhos (Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia). Se computadas tais, a rigor, minha primeira viagem internacional, foi — ainda menino — nos começo dos anos 50s: fui com minha mãe e meu irmão Sirne, de trem desde Montenegro à Uruguaiana (como filho de ferroviário, quando meu pai estava de férias tínhamos passe livre nos trens da VFRGS), e então cruzamos a ponte internacional e fomos a Paso de los Libres, na Argentina. Recordo da conversão cambial, que exigia multiplicar por 1,80, e eu logo vi a facilidade de multiplicar por dois e subtrair dois décimos. Compramos alfajores e passas de uva, também farinha de trigo (que se dizia ser mais pura que nossa) e azeite de oliva.
As narrativas de viagens foram, em priscas eras, instrumentos para mostrar aos outros aquelas terras conhecidas pelos poucos que se aventuravam em “arrostar mares nunca dantes navegados”. Entre estas são famosas as narrativas de Marco Polo, segundo alguns um personagem ficcional. Há, em muitas culturas, ainda em tempos hodiernos, o hábito de se valorizar esse gênero literário. Parece que, entre nós, esse nicho de escrituras de viagens ainda não goza de muita aceitação. Há alguns títulos publicados que nos levam a devaneios e viajar com o autor.
Eis um informe da 1ª viagem: jul/ago de 1989: Entre 1º de julho e 7 de agosto fizemos aquilo que faz um marinheiro de primeira viagem (eu, no caso, pois a Gelsa já havia morado na Europa): estivemos em nove países viajando de trem. Começamos em Paris, fomos a Bruxelas, Amsterdam, Berlin (ainda dividida entre a República Federal da Alemanha e a República Democrática Alemã), Colônia, Munique, Bonn, Heidelberg, Luxembourg, Salzburgo, Viena, Praga (na então, Checoslováquia, antes da separação desta em dois países) Lucerna, Veneza, Florença, Roma, Vaticano e Paris. Foi maravilhoso ver ‘ao vivo’ muito do que havia conhecido em minhas leituras e estudos de geografia. A França, que foi ponto de chegada e de partida, festejava então o Bicentenário da Revolução Francesa. O primeiro contato com Paris se deu na rue Gay-Lussac, que para um professor de Química era significativo. Foram dias de emoções muito fortes.
As outras 28 que medeiam aquela primeira e a 30ª que começa hoje foram muito diversas. Mesmo que a Europa tenha sido a preferida houve outras memoráveis. Assim na América já estive doze países: Argentina (várias vezes), Uruguai, Paraguai, Chile, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana Inglesa, México (três vezes) e Estados Unidos. Na Europa já amealho além dos nove países da 1ª viagem outros treze: Portugal, Espanha, Reino Unido,  Grécia, Turquia, Bulgária, Croácia, Eslovênia, Dinamarca, Suécia e Rússia. Na Ásia estive 8 países: Tailândia, Cingapura, Malásia, China, Hong Kong (em 1997, ainda não pertencente à China), Israel, Palestina e Jordânia. Na África, em quatro: Marrocos, África do Sul, Tunísia e Egito.
A Polônia onde devemos estar na próxima semana deverá ser meu 47º país que visitarei. Sobre esta viagem que começa nesta terça, quero compartilhar quatro edições nos próximos dias, iniciando com Berlin. Obrigado pela companhia. Encerro lembrando que o
"Bom viajante não é o que não sabe para onde vai, mas o que sabe de onde veio!"
Lin Yutang [(1895-1976) Escritor e filologista chinês nascido em Changzhou. Estudou nas Universidades de Shanghai, de Harvard e de Leipzig. Foi professor na Universidade de Beijing. Viveu quase meio século nos Estados Unidos e sua significativa obra literária significou uma ponte entre vazio cultural existente entre o Ocidente e o Oriente].

6 comentários:

  1. Estaremos juntos, Mestre. Um excelente proveito. Grande abraço...

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  2. Soneto-acróstico
    À viagem

    Um dia nomadismo acode o homem
    Manda-lhe a vontade de deixar o solo
    Diante daquilo seus entraves somem
    Invade-o a síndrome de Marco Polo.

    Apenas suas malas arruma então
    Deixando seu lar assim como está
    Embarca rápido no próximo avião
    Partindo para longe, distante, acolá.

    Assim munido de vasta curiosidade
    Revela-se um observador viajante
    Trotando indene de cidade a cidade.

    Indo cada vez muito mais adiante
    Deleita-se com essa nova liberdade
    A cada dia num lugar mais distante.

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  3. boa viagem, mestre! Nesse ano que passou, pude fazer, a trabalho, minha primeira incursão fora do país (Libres e Rivera não contam!). A trabalho, fizemos uma girada pela Espanha, vendo sistemas de tratamento de esgoto sanitário que empregam plantas aquáticas (o bom e velho junco, aquele cujas sementes voadoras formam um charuto ao redor do caule). De Madrid a Burgos, passando rapidamente (demais pro meu gosto) por Salamanca, indo a Toledo (linda cidade, referências a Cervantes e El Greco a mil), Sevilla (me emocionei ouvindo "Sons de Carrilhões", de João Pernambuco, obra clássica para violão, tocada em frente à imensa catedral da parte antiga da cidade), várias cidadezinhas pequenas, encerrando em Madrid nas vésperas do jogo da Eurocopa entre os grandões espanhóis, aquele que se realizou em Lisboa. Uma hora vou colocar meu diário de bordo no blogue... Abração e excelente viagem!!!

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    1. Muito estimado colega e amigo Guto
      Leio teu saboroso comentário em Berlin, onde estou em evento no Max Planck Instute que precede minhas três semanas de férias na Europa. O Breve relato de tua estância na Espanha me evocou saudades. Destaco a tua passagem na Andalucia, onde vivi em 2002 uma memorável semana santa, Preciso aprender sobre alternativas ecológicas estudadas na Cataluña que referes.
      Dá gélida Berlin um abraço a tórrida Porto Alegre.

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  4. Chassot,

    estou expectante pelas tuas aventuras na Polônia. Abraços em ti e na Gelsa

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