terça-feira, 23 de dezembro de 2014

23.- MARGARET LUCAS CAVENDISH (1623-1673)


ANO
 9
LIVRARIA VIRTUAL em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2996

Quando em 22NOV2014 falava na II Mostra Científica do Instituto Estadual de Educação Paulo da Gama, em Porto Alegre, destacava que estávamos em um evento marcado por homenagear mulheres. Recordava Hipátia do século 4º como a homenageada da 1ª edição e agora, na edição de 2014, Marie Curie, do século 20, Dizia que há uma vacuidade de mulheres nos 16 séculos que medeiam a presença das duas.
Hoje este blogue revela uma figura excepcional: MARGARET LUCAS CAVENDISH, Ela uma das figuras mais excepcionais do século 17, Com muito orgulho trago aqui, talvez, o primeiro texto em língua portuguesa sobre a primeira cientista do Reino Unido.
Margaret Lucas Cavendish (1623-1673) foi uma das primeiras mulheres autora de obras científicas. Cientista e escritora prolífica escreveu aproximadamente 14 livros científicos. Ajudou a popularizar algumas das ideias mais importantes da revolução científica, incluindo as filosofias naturais vitalistas e mecanicistas concorrentes e atomismo. Foi uma das figuras mais importantes do Século 17.
Margaret Lucas nasceu em uma família abastada, perto de Colchester, Inglaterra, em 1623, como a caçula de oito filhos de Sir Thomas Lucas. Ela foi educada informalmente em casa. Com a idade de dezoito anos, ela deixou a casa paterna para se tornar dama de honra de rainha Henrietta Maria, esposa de Charles I. Acompanha, então, a rainha para o exílio na França, após a derrota dos monarquistas na guerra civil. Lá, ela se apaixonou e se casou com William Cavendish, o Duque de Newcastle, um viúvo de 52 anos, que tinha sido comandante das forças monarquistas, no norte da Inglaterra. Reunindo-se a outros monarquistas exilados em Antuérpia, o casal alugou a mansão do artista Rubens.
Margaret Cavendish organizou, pela primeira vez, uma reunião cientifica informal do "The Newcastle Circle," que incluía os filósofos Thomas Hobbes, René Descartes e Pierre Gassendi. Foi nessa época que Cavendish ganhou reputação por vestir-se de maneira exótica, bem como por sua beleza e sua poesia bizarra. Cavendish se orgulhava de sua originalidade, destacando que suas ideias foram os produtos de sua própria imaginação, e não derivado dos escritos de outros.
A primeira antologia de Cavendish, Poems, and Fancies (Poemas, e fantasias), de 1653, incluía a versão mais antiga de sua filosofia natural. Embora a teoria atômica inglesa no século 17 estivesse em seus primórdios, ela tentou explicar todos os fenômenos naturais como matéria em movimento e em sua proposta filosófica todos os átomos continham a mesma quantidade de matéria, mas diferiam em tamanho e forma; assim, os átomos de terra eram quadrados, os da água de água redondos, os átomos do ar eram longos e os oo fogo eram como lâminas afiadas. Isso a levou a propor uma teoria humoral da doença, em que esta era devida a combates entre átomos ou uma superabundância de uma forma atômica.
No entanto, em um segundo volume, Philosophical Fancies (Fantasias filosóficas), publicado no mesmo ano, Cavendish já havia repudiado a sua própria teoria atômica. Em 1663, quando publicou Philosophical and Physical Opinions, (Opiniões filosóficas e físicas), ela propôs que os átomos fossem ‘matéria inanimada’ para em seguida afirmar que eles teriam ‘o livre-arbítrio e liberdade’ e, portanto, estariam sempre em guerra uns com os outros e incapazes de cooperar na criação de organismos complexos e minerais. No entanto, Cavendish continuou a ver toda a matéria como sendo composta por algo inanimado inteligente, em contraste com a visão cartesiana de um universo mecanicista.
Em 1660, Cavendish e seu marido voltam para a Inglaterra com a restauração da monarquia e, pela primeira vez, ela começou a estudar os trabalhos de outros cientistas. Encontrando-se em desacordo com a maioria deles, ela escreveu, em 1664, Philosophical Letters: or, Modest Reflections upon some Opinions in Natural Philosophy, maintained by several Famous and Learned Authors of this Age, Expressed by way of Letters (Cartas Filosóficas ou, modestas reflexões sobre algumas opiniões em Filosofia Natural, mantida por vários famosos e estudados autores destes tempos, expressa por meio de cartas). Cavendish enviou cópias deste trabalho, juntamente com o livro Philosophical and Physical Opinions, por mensageiro especial para os cientistas mais famosos e celebridades as época. Em 1666 e novamente em 1668, ela publicou Observations upon Experimental Philosophy (Observações sobre Filosofia Experimental), como uma resposta a livro Micrographia de Robert Hooke, no qual ela ataca o uso de microscópios e telescópios desenvolvidos recentemente assegurando levara falsas observações e interpretações do mundo natural. Incluído no mesmo volume com observações foi The Blazing World (O mundo ardente) um romance utópico semi-científico, no qual Cavendish declarou-se "Margaret, Primeira".
Convidada para a Royal Society Mais do que qualquer outra coisa, Cavendish ansiava em ter o reconhecimento da comunidade científica. Ela se apresentou às universidades de Oxford e Cambridge, com cada uma de suas publicações e também apresentou seus escritos à Universidade de Leyden, esperando assim que seu trabalho seria utilizado por estudiosos europeus.
Depois de muito debate entre os membros da Royal Society de Londres, Cavendish tornou-se a primeira mulher a ser convidada a visitar a prestigiosa instituição, embora a controvérsia tenha se dividido entre a sua notoriedade e o fato de ser mulher. Em 30 de maio de 1667, Cavendish chegou com um grande séquito de assistentes à Royal Society. Ela viu como Robert Boyle e Robert Hooke pesavam ar, demostravam a corrosividade de ácido sulfúrico e realizavam várias outras experiências. Foi um grande avanço para uma mulher envolvida com a Ciência e um triunfo pessoal para Cavendish.
Cavendish publicou, em 1668 a revisão final de seu já mencionado Philosophical and Physical Opinions, agora intitulado Grounds of Natural Philosophy ((Fundamentos da Filosofia Natural). Significativamente mais modesta do que seus trabalhos anteriores, neste volume Cavendish apresentou seus pontos de vista um tanto tímida e retraída em relação a algumas de suas propostas anteriores, agora menos extravagantes. Cavendish atuou como sua própria médica, e suas prescrições auto-impostas, como purgações e sangramentos determinaram numa rápida deterioração de sua saúde. Ela morreu em 1673 e foi enterrada na Abadia de Westminster, onde posteriormente foram sepultados Newton, Darwin, Rutherford e outros nomes da Ciência.
Embora seus escritos se mantivessem bem fora da corrente principal da ciência do século 17, os esforços da Cavendish foram de grande importância. Ela ajudou a popularizar muitas das ideias da revolução científica e ela foi uma das primeiras filósofas naturais para argumentar que a teologia estava fora dos parâmetros da pesquisa científica. Além disso, seu trabalho e sua proeminência recebeu reconhecimento como primeira cientista mulher da Inglaterra, que contribuiu muito fortemente para a educação das mulheres e o envolvimento das mesmas em atividades científicas. Além de seus escritos científicos, Cavendish publicou um livro de discursos, um volume de poesia, e um grande número de peças de teatro. Vários destes últimos, particularmente The Female Academy (A Academia Feminina), incluído mulheres e argumentos em favor da educação feminina. Um de seus trabalhos mais laboriosos foi uma biografia de seu marido, incluída como um apêndice de seu livro de memórias de 24 páginas, foi publicado pela primeira vez em 1656. Este livro de memórias é considerado como a primeira grande autobiografia secular escrito por uma mulher.

3 comentários:

  1. Uma característica da jovem Cavendish certamente era a determinação, qualidade alias muito presente na maioria das mulheres.

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  2. Chassot,
    fiquei encantado pela Margaret. Fascinante pensadora, provocadora e revolucionária... Deu-me pena do pobre Hooke ao saber que não era mal quisto somente por Newton. Invejei-a ao ver a época e o local onde viveu. Certa ou errada em muitos aspectos, era alguém que pensava, que agitava as sinapses e que produziu muito. O mundo precisa de pessoas assim. Lamento que não possamos viajar no tempo para conviver com essa hárpia. Adorei a história. A raiva dela pelos microscópios fez-me pensar em nossa raiva por e-books… Já leste sobre Mary Anning? Vale uma blogada. Abraços

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  3. Meu Caríssimo Guy,
    por tua indicação leio sobre Mary Anning que não conhecia. Significativa a dimensão de 'vendedora' em geral não referida em biografias de cientistas. Conta-se que Galileu vendeu telescópios aos mercadores de Veneza e Kepler vendia horóscopos.
    O posto de musa inspiradora da III Mostra do IEEPG será disputado entre Margareth Cavendish e Mary Anning,
    Bom inverno no Hemisfério Norte e desejo, também, muita alegria pelas festas natalinas que têm a magia de congregar, sem distinção, crentes e não crentes

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