sábado, 15 de novembro de 2014

15.- UM FERIADO PARA COMEMORAR UM GOLPE


ANO
 9
LIVRARIA VIRTUAL em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2958

Hoje é mais um daqueles feriados em que somos hemi-extorquidos. Quando a coincidência do feriado com dia de sábado, diferentemente do domingo, parece que a extorsão é menor (justificado o hemi). Do feriado de hoje, mesmo que reconheça as monarquias como abjetas — não entendo o direito divino de uma família à sucessão ‘ad aethernum’ — há que reconhecer que estamos celebrando um golpe militar com destronamento de uma monarquia constitucional de quase 70 anos. Curtamos, então, a celebração de um golpe, ou para sermos menos masoquista, a curtamos o sábado.
Depois de uma extensa semana esse sábado, por muito esperado, merece ser curtido. Há dias, a Gelsa e eu temos planejado duas atividades culturais que não só estão quase na mesma geografia, como se encerram este fim de semanas. Nossa agenda de hoje contempla: Feira do Livro e Moacyr Scliar, o Centauro do Bonfim.
Realizada de forma ininterrupta há 60 anos — primeira edição ocorreu em 1955 —, a Feira do Livro de Porto Alegre oferece obras de todos os gêneros. Também promove centenas de atividades gratuitas para públicos de todas as faixas etárias por meio da programação cultural, que envolve escritores, ilustradores, mediadores da leitura e contadores de histórias, entre outros convidados.
O objetivo dos fundadores era popularizar o livro e leitura, uma vez que as livrarias eram consideradas ambientes elitistas na época, quando a cidade contava com apenas 400 mil habitantes. Com o slogan “Se o povo não vem à livraria, vamos levar a livraria ao povo”, nascia na Praça da Alfândega, no centro histórico da capital gaúcha, a Feira do Livro de Porto Alegre. Na primeira edição, o evento contou com apenas com 14 barracas de madeira.
Na segunda edição, iniciaram as sessões de autógrafos na Praça. Um dos incentivadores foi o escritor Erico Verissimo. Nos anos 1970, o evento assumiu o status de evento popular, com o início da programação cultural realizada paralelamente à feira de livros.
Em 2005, foi declarada integrante do patrimônio histórico e cultural do Estado do Rio Grande do Sul. Em 2010, a Feira do Livro de Porto Alegre foi reconhecida como o primeiro Patrimônio Imaterial da cidade pela Secretaria Municipal da Cultura. Mesmo que se diga que a Feira não seja mais aquela marcada por reencontro, a cada ano e precisa ir a Praça da Alfandega e para ver as flores de jacarandás caírem sobre os livros.
Desde 17 de setembro, até este domingo, acontece a exposição. "Moacyr Scliar, o Centauro do Bom Fim", sobre um dos homens mais notáveis do Rio Grande do Sul.
Com um ritmo de produção ímpar, o médico, escritor e jornalista gaúcho deixou um legado de obras importantes em todas as áreas em que atuou. Com curadoria de Carlos Gerbase, no Santander Cultural o público poderá percorrer a mostra e conhecer os mundos de Scliar e ver como ele conseguiu, de forma harmônica e sensível, reuni-los nos seus textos e na sua vida.
Integrante da Academia Brasileira de Letras, vencedor de três prêmios Jabuti e de um prêmio Casa de Las Americas, Moacyr Scliar nunca perdeu o contato com os estudantes. Em inúmeras palestras em escolas, ele respondeu pacientemente às dúvidas e curiosidades de crianças e adolescentes.
Pouco mais de três anos após a morte, o escritor Moacyr Scliar ganha um tributo à altura de sua versatilidade. Autor de mais de 80 livros, entre romances, contos, ensaios e crônicas, e traduzido para 12 idiomas.
O ponto alto da homenagem é a exposição, que ocupa o andar térreo do centro cultural. Dividida em cinco ambientes, conta toda a trajetória da família, desde a migração dos avós de Scliar da antiga Bessarábia (atual Moldávia) até a aventura literária que o levou a ser um dos escritores mais produtivos do Brasil. O curador da mostra, Carlos Gerbase, conta que a roteirização, feita com a consultoria da professora de literatura Regina Zilbermann, tentou privilegiar a rotina pessoal de Scliar.
A mostra também coteja os originais de cinco romances de Scliar, todos da era pré-computador, como salienta Gerbase, com as apresentações finais eternizadas em livro. “A Guerra do Bom Fim”, por exemplo, teve ao menos três versões antes de ir a prelo. Scliar, porém, não alterava significativamente seus contos e romances.
Também aparecem na mostra algumas das anotações do autor para sua ficção, fixadas em guardanapos de bar, receituários médicos e papéis avulsos. Os originais, doados pela família para o acervo da PUC-RS, nunca foram mostrados. Além dos manuscritos, os leitores poderão acessar a obra do escritor por meio de tablets. Também há totens com a dramatização eletrônica, com atores, de trechos de romances de Scliar.

Um comentário:

  1. Soneto-acróstico
    Livros

    Flanando em Porto Alegre na Praça
    Eu encontro uma espécie de paraíso
    Impossível pois ignorar como grassa
    Repleta de livros me trouxe o sorriso.

    Andei fissurado por entre as bancas
    Deleitei-me e comprei uma biblioteca
    Onde existe livros a vontade é franca
    Saltar sobre, adquirir até ficar careca.

    Livros comprei em anos posteriores
    Inventário que me deixou muito feliz
    Voltei e voltarei a eles meus amores.

    Rio as gargalhadas com sempre quis
    O Feira de Livros vou para onde fores
    Sou o leitor compulsório como se diz.

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