quarta-feira, 3 de setembro de 2014

3.- OUVIR A VOZ DO PASTOR.... É PRECISO

ANO
 9
Para que(m) é útil o ensino?
em circulação novamente
EDIÇÃO
 2885

Na última sexta-feira, quando trouxe aqui um excerto de “O Tempo e o Vento” de Érico Veríssimo, onde o genial romancista narra a leitura fundamentalista de um texto bíblico, encerrei a blogada assim: “Mesmo que possamos assumir a tese luterana [de acesso às escrituras], há que convir que o fundamentalismo recrudesce forte entre nós e por tal há como nos assustarmos com a possibilidade de Marina vir tornar-se presidente. Bisar uma Rosinha Garotinho em termos de criacionismo x evolucionismo, não está descartado”. Aliás, no dia 19AGO2014, para quase 1500 participantes do ENEQ, fiz o mesmo alerta.
Vale ver o que está na revista Veja: Nas escolas evangélicas, os alunos aprendem que o evolucionismo existe, mas que a razão está com a Bíblia Quando governava o Rio de Janeiro [2003/2006], Rosinha Garotinho tentou implantar aulas de religião com viés criacionista nas escolas do estado. O projeto causou polêmica, principalmente entre a comunidade científica, e foi oficialmente implantado, mas não vingou. Em abril de 2004, a governadora chegou a declarar publicamente que não acreditava na teoria da evolução. [veja.abril.com.br/110209/p_084.shtml]. 
É preciso lembrar que quando ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, participou de um evento criacionista e, em seguida, defendeu o ensino de teorias “alternativas” ao darwinismo [http://ateus.net/artigos/ceticismo/ciencia-sob-ataque/]. 
Àquela blogada de sexta, um sempre atencioso e sempre muito presente comentarista escreveu: Amigo Mestre Chassot, realmente a leitura do seu blog suscita a divagações. Confesso que vejo na Marina um voto de protesto da atual sociedade brasileira. Vivemos um cenário de desconforto, atalho estreito para anomia. Reflito muito como diante de um mesmo problema podemos ter opiniões tão díspares. Gostaria que quando oportuno o Mestre discorresse sobre essa temática. 
No último findi, pensei em mais de um momento, como responder ao querido amigo Antônio Jorge. Antes ser ajudado, por ninguém mais que, pelo pastor Silas Malafaia, diria da preciosidade de vivermos em tempos que possamos ter opinião dispares e nos continuar nos querendo bem. Ainda na sexta, comentava ao almoço, com um médico amigo, que o Tarso Genro e sua filha Luciana, em posições políticas opostas, têm uma relação pai e filha amorosa. Em nenhum momento minha amizade pelo Antônio Jorge diminuiu por saber que, provavelmente, vamos votar diferente. Nem todos meus filhos me acompanham nas minhas opções políticas.
Mas surge agora um fato novo. Adepto da mesma igreja Assembleia de Deus que Marina Silva frequenta, Malafaia criticou duramente as propostas da candidata para o movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis). “O que trata da questão dos direitos dos homossexuais e prever casamento homossexual, adoção de crianças é uma vergonha”. “O programa de governo do partido de Marina é pior que o PT e o PSDB, no que tange aos direitos dos gays. Apoia descaradamente o casamento gay e pede, inclusive, a aprovação do extinto PLC 122 (que equipara os crimes de discriminação de gênero com os crimes de racismo), que, entre outras coisas, pode por pastor na cadeia”.
O que acontece de imediato: Menos de 24 horas depois de lançar o plano de governo na presença de vários apoiadores e de todo o staf de campanha do PSB e da Rede Sustentabilidade, a presidenciável Marina Silva voltou atrás sobre o tema do casamento gay e divulgou uma nota pública corrigindo o programa publicado na internet.
“Em razão de falha processual na editoração, a versão do Programa de Governo divulgada pela internet até então e a que consta em alguns exemplares impressos distribuídos aos veículos de comunicação incorporou uma redação do referido capítulo que não contempla a mediação entre os diversos pensamentos que se dispuseram a contribuir para sua formulação e os posicionamentos de Eduardo Campos e Marina Silva a respeito da definição de políticas para a população LGBT”, diz a nota distribuída pela campanha da candidata.
A nova proposta é bem mais amena aos ouvidos evangélicos e elimina muitos pontos polêmicos. Segundo a equipe de comunicação de Marina Silva, o recuo se deve a um erro cometido pela equipe responsável pela impressão do documento da campanha na hora da fabricação e publicação das propostas: Coincidência ou não, os itens usurpados do documento ou que ganharam nova redação são exatamente aqueles que foram alvo da critica do Pastor Silas Malafaia.
Logo ouvir a voz do pastor... é preciso. E imaginemos se o pastor for o Chefe da Casa Civil da presumida presidente.

4 comentários:

  1. Mestre Chassot, sinto-me honrado em fazer parte da blogada de hoje. Porém inicio meu comentário retrocedendo ao assunto de ontem com um breve questionamento. Será que não exageramos na cobrança de uma manifestação equivocada feita no clamor de um evento esportivo? Explico; nem sempre o que bradamos no entusiasmo de uma competição reflete nossas opiniões, ou seja, talvez aquela infeliz torcedora ao ofender o goleiro pretendia apenas cobrar mais eficiência. Não façamos aqui apologia ao racismo, mas também não tomemos atitudes fundamentalistas como a que fizeram ao apedrejar a casa da moçoila.
    Quanto a minha amiga a Marina, a linha de raciocínio é parecida. Ela como evangélica tem uma opinião sobre determinados temas, já como candidata é obrigada a seguir a corrente evolucionista da sociedade. As raposas políticas obviamente sempre aproveitarão qualquer deslize em seus pronunciamentos. Penso como Paul Singer declarou por ocasião de seus 80 anos, "O PT hoje vive o impasse de ter nos seus quadros políticos profissionais". Ratifico minha opinião, sou pelo voto nulo, a Marina será meu único voto de protesto.
    Abraços

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  2. A volta da inquisição

    Confesso, política nunca foi meu forte
    Embora assunto sério de vida e morte
    Meus comentários poderão não valer
    Porém sou brasileiro, tenho que dizer:

    Se e quando elegermos pra presidente
    Marina criacionista ultra intransigente,
    Será deste Pindorama a maior besteira
    E não digam: não é isso que se queira

    Marina uma religiosa fundamentalista
    Prega aos ventos um avançado atraso
    E seu objetivo da modernidade dista,
    E do sol da liberdade será um ocaso.

    Se obscurantismo vencer, faço a pista
    Pra República do Uruguai então eu vazo.

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  3. Caro Attico, eu tenho os mesmos receios com Marina, aos que adiciono receios pela proposta econômica que, cada vez mais claramente, a mostra uma neoliberal de carteirinha nesse campo. Sua insistência no "tripé" clássico neoliberal me preocupa porque com essas recitas não é possível manter os programas sociais que, com todos os erros e problemas, tem reduzido a desigualdade e incluído muita gente no Brasil. A sugestão de alguns dos seus colaboradores sobre taxar as universidades públicas, o apoio manifesto dos dois bancos que mais lucraram neste tempo, mas que evidentemente acham pouco e sua aproximação recente aos "super-ricos" paulistanos não concordam com um país inclusivo. Os detentores do poder econômico se importam pouco se ela é fundamentalista no religioso com tanto que os deixe controlar o mercado.

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    1. Muito querido Mario,
      primeiro celebro teu retorno aqui. Vou dizer-te que fizeste falta.
      Concordo contigo: não sei o que mais temer o fundamentalismo de Marina ou o comprometimento da mesma com grandes (itau) grupos econômicos.
      Obrigada e bom retorno.
      Com admiração
      ac

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