quinta-feira, 21 de agosto de 2014

21.- NO AFLORAR DE EVOCAÇÕES FERROVIÁRIAS


ANO
 9
OURO PRETO - MG
EDIÇÃO
 2872


A minha quarta-feira aqui em Ouro Preto ainda foi marcada pela continuação dos muitos acarinhamentos recebidos dos participantes do XVII ENEQ. Fui ao evento só pela metade da manhã. Antes, aqui no vetusto hotel Solar de Maria, uma construção preservada da época em que a então Vila Rica viveu o período do fausto da mineração do ouro (até 1750), no centro histórico de Ouro Preto, fiz um frutuoso ‘desayuno’ com o professor José Antonio Chamizo. Ele obsequiou-me com seu “Historia y Filosofía de la Química” com a dedicatória: “Para Attico, ejemplo de profesión docente y colega de futuro, jac”.
No evento, enquanto apreciava alguns pôsteres (tenho um dificuldade de curtir essa modalidade de comunicação científica) atendi a dezenas de pedidos de fotos (que fizeram o Facebook bombar#) e de vários autógrafos. Para um autor, esse contato com seus leitores, ouvindo especialmente o quanto alguns textos foram/são significativos, não apenas em monografias, dissertações e teses, mas influíram em decisão de escolhas profissionais, é muito estimulante.
O Carlos Feltrin, sempre dedicado livreiro da República do Saber, surpreendeu-se como alguns títulos se esgotaram rapidamente. Por exemplo, os 30 Alfabetização científica: Questões e desafios para a Educação foram adquiridos nas primeiras horas do evento. Uma análise rápida do perfil dos quase dois mil participantes permite inferir pelo amplo predomínio de jovens. Isso não poderia ser mais promissor para o ensino de Ciências.
Na tarde curti um pouco a cidade. Com meu colega soteropolitano Rodnei, que já me levou em visitação na mítica Salvador a terreiros do candomblé e a batizados evangélicos na lagoa do Abaeté, visitei o complexo de museus da estação ferroviária de Ouro Preto. Senti aflorar forte as evocações do filho de um ferroviário.
A Estação de Ouro Preto, uma das quatro estações do roteiro turístico sob os auspícios do Ministério da cultura e patrocinado pela Vale, é um complexo composto pelo antigo casarão que abrigava a estação ferroviária de Ouro Preto, por vagões fixos localizados nos arredores do prédio e pela Tenda Cultural da Estação.
O Hall de Entrada da Estação de Ouro Preto há uma exposição museográfica composta pelos totens Evolução Arquitetônica das Estações, com gavetas interativas que convidam o visitante a conhecer as características e singularidades arquitetônicas das estações. Além disso, há painéis videográficos que exibem fotografias antigas e recentes de Ouro Preto e Mariana.
O Espaço UFOP reúne parte do acervo do Setor Ferroviário do Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas da UFOP, com informações e objetos relacionados às máquinas a vapor e sua vinculação à extração do minério e ao desenvolvimento das locomotivas. Com isso, pude conhecer mais sobre a expansão da mineração no Brasil e obter informações sobre as antigas práticas de ensino adotadas na Escola de Minas.
Há uma sala com uma ampla Maquete Ferroviária, que reproduz, com detalhes, o trajeto do trem entre Ouro Preto e Mariana. Há, ainda, duas réplicas de locomotivas, além de painel com a linha do tempo da ferrovia no mundo e no Brasil e, particularmente, nas duas cidades mineiras. Nesse espaço há informações acerca da evolução urbana de Ouro Preto, com destaque para a chegada da locomotiva.
Visitamos ainda a Sala de Memórias projetada como um espaço museográfico contemporâneo, em que os visitantes são apresentados à produção acerca da história, da tradição, do conhecimento e da sabedoria popular registradas e exibidas por monitores e recursos multimídias variados. O acervo disponível na Sala de Memórias inclui 165 entrevistas de História Oral, sendo 117 entrevistas de Histórias Temáticas como Ferrovia e Tecelagem, e 48 entrevistas de História de Vida. O Rodnei e eu fomos orientados por duas competentes historiadoras: Maria Isabel e Keyla.
À noite participei do jantar de confraternização do evento. Foi bom poder conversar mais de perto com alguns colegas, nesta segunda das três noites aqui.

Um comentário:

  1. Nada é mais reconfortante do que fazer aquilo que se gosta. Ilustra bem a máxima bíblica, "Paz na terra aos homens de boa vontade." É quando vemos que o estudo também é uma forma de prazer.

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