segunda-feira, 7 de julho de 2014

07.- GUERRA, DOENÇA E EVOLUÇÃO,


ANO
 8
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EDIÇÃO
 2827


Na semana que passou em três dias — quinta, sexta e sábado — olhei o ‘nosso Século 20’. Fi-lo então com os óculos há História e Filosofia da Ciência. Hoje trago algo que fez do Século 20 singular. Ele teve duas cruentas grandes guerras mundiais. Em uma e outra a ciência mudou a dolorosa fisionomia das guerras.
 Na Segunda Guerra Mundial foi a toda poderosa bomba atômica que acelerou com genocídio o fim de genocídios. Hiroshima e Nagasaki constituíram-se em ícones novos indicadores do poderio bélico de potências.
A Primeira Guerra, cujo centenário de início evocamos em junho, merece considerações, usualmente não expedidas. Neste domingo o jornalista e filósofo Hélio Schwartsman publicou na p. A-2 da Folha de S. Paulo o texto Guerra, doença e evolução que merece ser compartido aqui. O autor de ‘Aventura no Afeganistão' entre outros livros, traz uma olhada não muito usual da Guerra Mundial de 1914-18.
Guerra, doença e evolução — Por ocasião dos 100 anos da Primeira Guerra Mundial, pude ler interessantes textos sobre a dimensão militar e política do conflito. Lamentavelmente, não vi destacado seu aspecto sanitário.
A Primeira Guerra Mundial, mais especificamente seu front ocidental, foi o primeiro grande conflito em que os generais lograram fazer com que morressem mais soldados em combate do que por causa de doenças.
A principal arma aqui não foram gases químicos nem metralhadoras, mas brigadas sanitárias, barbeiros e o pessoal de lavanderia, que, jogando na defesa, faziam o possível e o impossível para exterminar os piolhos que se escondiam nos pelos e roupas dos combatentes e são responsáveis pela transmissão do tifo.
Embora poucos se deem conta, o tifo e outras moléstias que têm ectoparasitas como vetor já dizimaram mais soldados do que qualquer artefato bélico. Como mostra Jeffrey Lockwood, não foi o general Inverno o principal responsável pela derrota de Napoleão na Rússia, mas insetos. Estima-se que, para cada homem do grande estrategista corso morto no campo de batalha, quatro tenham sucumbido a patógenos transmitidos por guerreiros de seis patas.
Na Guerra Civil americana, a situação não era muito melhor. Dois terços dos 500 mil soldados mortos foram vítimas primárias de doenças.
A grande verdade é que nós, que nascemos depois do saneamento básico, das vacinas e dos antibióticos, perdemos um pouco a dimensão do verdadeiro flagelo que é a doença. Mas ela está tão entranhada em nossa história que é um das principais forças a moldar a evolução, não só da nossa espécie, mas de toda a vida.
Ectoparasitas são a principal hipótese para explicar por que o homem perdeu seus pelos. Parasitas também constituem a melhor explicação para o grande mistério da biologia, que é saber por que os eucariontes trocaram a segurança da reprodução por clonagem pelas incertezas do sexo. 

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