sábado, 5 de julho de 2014

05.- OLHARES SOBRE O SÉCULO 20 Alfa e Ômega


ANO
 8
Livraria virtual em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2825


Nas duas últimas edições deste blogue lançamos olhares sobre século 20. Justificava isso, pois quase todos os leitores deste texto, muito provavelmente, sejam mulheres e homens do 20.
A proposta, então ensaiada, foi fazer esta mirada de nosso século 20 em dois tempos: o seu começo (alfa) e o seu término (ômega). Aproprio-me, por parecer pertinente, de metáfora religiosa (e de uso corrente em distintos brasões, especialmente naqueles de universidades): Alfa e Ômega.
Alfa e Ômega são primeira e última letras do alfabeto grego clássico (ônico) (α e ω, dito como «το 'Αλφα και το Ωμέγα»). A tradição cristã correlaciona Alfa e Ômega, com frequência, a Cristo ou a Deus. Este conjunto simboliza a eternidade de Deus ou Cristo, que está no começo de tudo, referência no primeiro capítulo do Evangelho segundo São João; tudo acompanha até ao fim do mundo (como relata o último livro da Bíblia, o Apocalipse do mesmo evangelista).
O jesuíta Pierre Teilhard de Chardin — planejara fazer aqui uma nota de rodapé; mas o incompreendido paleontólogo francês merecerá uma blogada especial — tomou esta metáfora na sua apresentação do ω como final da evolução humana, associado ao α da criação.
Dou-me conta que as edições de quinta e sexta feiras comportam ainda significativas ampliações. Pretendo voltar com uma e outra. Por ora, podemos sintetizar assim nossas duas olhadas panorâmicas:
O Alfa: Vivia-se, no entorno de 1900, o auge de descobertas significativas e estas, então, pareciam definitivas. Se quiséssemos sintetizar a virada do 19 para o 20, poderia se dizer que, ante as maravilhas da Ciência, e até a dar crédito às profecias ousadas e exultantes de Berthelot, a marca não apenas da Ciência, mas do viver a contemplação do conhecimento, é a certeza.
O Ômega: Hoje, a Ciência nos fala da história do Universo ou da matéria e nos propõe sempre novos desafios que precisam ser investigados. Este é o Universo das probabilidades e não das certezas. Então, se quiséssemos sintetizar a virada do 20 para o 21, ante as incapacidades da Ciência, e ouvir o comedimento de Prigogine, a marca é a incerteza.
Olhando a síntese que está na figura ao lado: cabe interrogações:
# ¿O quanto nós acompanhamos esta transição?
# ¿Como nós exercitamos em nossos diálogos (principalmente enquanto professores) posturas de incertezas [pode ser // talvez // é possível // é provável // é algo tido com verdade...] ou de certezas [é assim // com certeza // é a Verdade...]?
Outra interrogação é como a Universidade (herança do medievo) e a Escola (presente da modernidade) — uma e outra tendo como matriz a Igreja, ainda vivem, no século 21 tempos de certeza e de dogmatismo. Isto é assunto para uma próxima blogada.

2 comentários:

  1. As escolas perderam o seu encanto mágico do conhecer para dar lugar ao preparatorio insano para uma disputa de mercado.

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  2. Vive-se tempos onde o uso das TICS em nosso cotidiano é, talvez, a única certeza, facilitando o acesso a informações, conhecimentos, enfim, à ciência. No mais, são as incertezas que imperam. Com isso é possível se ter certeza de que são inúmeras as possibilidades. Eis o maior respeito à diversidade. Em muito se pode diversificar os caminhos, as certezas, o que demonstra estarmos vivendo momentos de incertezas.

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