terça-feira, 1 de julho de 2014

01.- AINDA ACERCA DE FRONTEIRAS...


ANO
 8
Livraria virtual em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2821


Saudáveis são as oportunidades de nos revisarmos. Às vezes, dizemos ou escrevemos algo que precisamos reconsiderar.
Claro que para os escritos a situação é mais significativa. A sabedoria popular consagra: “As palavras voam, mas os escritos permanecem”. Há, todavia, os que afirmam, colocando mais cautelas nas palavras orais, do que no texto escrito: “As palavras voam, só que não sabemos onde pousam!”
Então, o texto escrito parece mais fácil de ser reescrito, pois temos o que escrevemos e uma revisão pode ser mais objetiva. No texto oral, muitas vezes, objetamos: ‘Não foi isso que eu disse’ ou ainda, ‘não foi isso que quis dizer!’.
Estas elucubrações, sem pretensão de originalidade, ocorrem na esteira do que escrevi ontem. Aquela blogada foi cevada à amargura, e por tal, talvez, trouxesse laivos de ressentimentos. Esta é razão pela qual esposo, aqui e agora, o desejo de revisão. Devo reconhecer que fiz, então, comparações despropositadas.
Exemplifiquei três situações de embargos fronteiriços: a) o acesso de magrebinos à Europa; b) a passagem do México para os Estados Unidos; e c) o cercamento de colônias promovidas pelo governo de Israel, no território palestino. Mesmo que tivesse comentado as facilidades de trânsito de bytes entre fronteiras se comparado com as dificuldades de trânsito de pessoas, não poderia ter feito isonomia entre a obtenção do visto de entrada em um país com as situações que usei como exemplo.
A contenção que se faz, quando um país exige um visto de entrada de cidadãos de outro país (mesmo que se solicitem, então, muitos documentos) para justificar ingresso ou para avalizar a decisão, se compara, por exemplo, às exigências para ingressar como visitante em clube social ou em condomínio residencial.
Dirão uns: aqui se trata de propriedades privadas (clube ou condomínio). Tento ingressar então na esfera pública: um campus de uma universidade pública, um palácio legislativo ou a sede de um governo.
Nos dias atuais, não posso viajar em um avião que faça transporte público, sem apresentar um documento de identidade válido, mesmo que tenha comprado passagem. Hoje, não se ingressa, por exemplo, em certos conjuntos de consultórios médicos sem uma muito criteriosa identificação.
Assim, parece desprovida de bom senso a afirmação que fiz ontem a guisa de síntese: “Por isso, também, é difícil se ver tão exigente e complicada a obtenção de visto para ir a um evento científico”. Exagerei. Um mundo sem fronteiras, como viu o astronauta presente na edição de ontem, só existirá quando vivermos em casas sem cercas e não em bunkers ou casamatas fortificadas como vivemos hoje nas cidades e nos campos. E isso é intrínseco em nossa civilização, pelo menos desde o medievo, quando paliçadas faziam vez de nossas cercas eletrificadas tão presente em nosso cotidiano.
Logo, parece “... fácil ver as exigências complicadas que se fazem para a obtenção de visto, mesmo para ir a um evento científico!

Um comentário:

  1. Curioso observar que em meu comentário anterior havia eu redigido originalmente uma opinião similar ao discorrido hoje. Fui traído pelos bugs de nossos robozinhos que ao validar minha identificação no blog apagaram meu texto. Sigo agora nessa linha. Lembrava eu das barreiras sociais que vivemos em nossas cidades com territórios demarcados por marginais, de projetos como o nosso piscinão de Ramos onde a elite "presenteia" a plebe deixando a elite feliz com suas nobres praias livres dos farofeiros. Algum tempo atrás fiz uma reflexão do porquê do sucesso das novelas da globalizada rede Globo entre os menos favorecidos. Concluí que o seu atrativo maior é dar ao imaginário popular uma vida nababesca que nunca viverão. Carrões, mansões, empresários bandidos,musas saradas, amores proibidos etc.E naquela horinha o infeliz se sente parte integrante daquela trama e vive um sonho de, pelo menos naqueles momentos, de ser o que nunca será. Afinal a vida é uma fronteira onde alternamos realidade e divagações.

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