quinta-feira, 12 de junho de 2014

12.- PERSONALIDADE CONHECIDA / EDUCADOR DESCONHECIDO

ANO
 8
Livraria virtual em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2802

Há dias passados, vi em Manaus, deixando o aeroporto uma Instituição de ensino (que oferece cursos da Educação Infantil ao Ensino Superior) cujo nome era homenagem a um educador. Ou melhor, a um muito famoso educador que conhecia, mas que nunca vira referido com tal destaque.
Quase que aposto com meus leitores que muitos, se vissem o imponente prédio do Instituto Denizard Rivail, não se ligariam tratar-se de um dos educadores franceses mais importantes do século 19. A surpresa seria maior se eu afirmasse tratar-se de uma das personalidades mais famosas e conhecidas, particularmente no Brasil. Desvelo, algo que acredito ser uma grata surpresa para alguns.
Hippolyte Léon Denizard Rivail (Lyon, 3 de outubro de 1804 — Paris, 31 de março de 1869) foi um educador, autor e tradutor francês. Nascido em uma família de orientação católica com tradição na magistratura e na advocacia, desde cedo manifestou propensão para o estudo das ciências e da filosofia.
Fez os seus estudos na Escola de Pestalozzi, no Castelo de Zahringenem, em Yverdon-les-Bains, na Suíça, tornando-se um dos seus mais distintos discípulos e ativo propagador método pestalozziano, de muito significativa influência na reforma do ensino na França e na Alemanha. Aos quatorze anos de idade Denizard já ensinava aos seus colegas menos adiantados, criando cursos gratuitos. Aos dezoito, bacharelou-se em Ciências e Letras.
Concluídos os seus estudos, o jovem Rivail retornou ao seu país natal. Profundo conhecedor da língua alemã, traduzia para este idioma diferentes obras de educação e de moral, com destaque para as obras de François Fénelon, pelas quais manifestava particular atração. Conhecia a fundo os idiomas francês, alemão, inglês e holandês, além de dominar perfeitamente os idiomas italiano e espanhol.
Era membro de diversas sociedades acadêmicas, entre elas o Instituto Histórico de Paris e a Academia Real de Arras; esta última, em concurso promovido em 1831, premiou uma de suas teses na área da Educação: "Qual o sistema de estudos mais de harmonia com as necessidades da época?"
A 6 de fevereiro de 1832 desposou Amélie Gabrielle Boudet. Em 1824, retornou a Paris e publicou um plano para aperfeiçoamento do ensino público. Após o ano de 1834, passou a lecionar, publicando diversas obras sobre educação, e tornou-se membro da Real Academia de Ciências Naturais.
Como pedagogo, o jovem Rivail dedicou-se à luta para uma maior democratização do ensino público. Entre 1835 e 1840, manteve em sua residência, à rua de Sèvres, cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia comparada, Astronomia e outros. Nesse período, preocupado com a didática, criou um engenhoso método de ensinar a contar e um quadro mnemônico da História de França, visando facilitar ao estudante memorizar — algo muito valorizado no ensinos de então — as datas dos acontecimentos de maior expressão e as descobertas de cada período da história da França. Lecionou, enquanto pedagogo: Química, Matemática, Astronomia, Física, Fisiologia, Retórica, Anatomia Comparada e Francês.
Mas afinal quem este polímata, aparentemente desconhecido? Denizard Rivail notabilizou-se com o pseudônimo de Allan Kardec. É reconhecido como o codificador do Espiritismo (neologismo por ele criado), também denominado de Doutrina Espírita. Foi um pioneiro na pesquisa científica sobre fenômenos paranormais (mais notoriamente a mediunidade), assuntos que antes costumavam ser considerados inadequados para uma investigação do tipo. Adota o pseudônimo de Alan Kardec a fim de diferenciar a Codificação Espírita em relação aos seus anteriores trabalhos pedagógicos.
Conforme o seu próprio depoimento, publicado em Obras Póstumas, foi em 1854 que o Prof. Rivail ouviu falar pela primeira vez do fenômeno das "mesas girantes", bastante difundido à época, através do seu amigo Fortier, um magnetizador de longa data. Sem dar muita atenção ao relato naquele momento, atribuindo-o somente ao chamado magnetismo animal do qual era estudioso, só em maio de 1855 sua curiosidade se voltou efetivamente para as mesas, quando começou a frequentar reuniões em que tais fenômenos se produziam. Durante este período, também tomou conhecimento do fenômeno da escrita mediúnica - ou psicografia, e assim passou a se comunicar com os espíritos.
Túmulo de Allan Kardec em Paris. Kardec passou os anos finais da sua vida dedicado à divulgação do Espiritismo entre os diversos simpatizantes. Faleceu em Paris, a 31 de março de 1869, aos 64 anos de idade, em decorrência da ruptura de um aneurisma. Está sepultado no Cemitério do Père-Lachaise, uma célebre necrópole da capital francesa. Junto ao túmulo, erguido como os dólmens druídicos. Acima de sua tumba, seu lema: "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei", em francês.
Recordo que há alguns anos quando visitei este
cemitério parisiense, ao pedir informações acerca da localização túmulo de Alan Kardec, fui identificado como brasileiro, pois pertencemos à nacionalidade que mais procura conhecer o jazigo do educador e codificador do Espiritismo.

Sou grato na construção deste texto e na ajuda quando da busca de ilustrações aos prestimosos robôs do Google e da Wikipédia. Eles além de prestimosos são incansáveis e muito competentes. 

2 comentários:

  1. Sem entrar na questão religiosa, mas confesso que me fascina o desapego material que a filosofia defendida pelo espiritismo prega.
    Só o fato de saber que o espiritismo tem suas bases no conhecimento faz diferença. Talvez seja por isso que pessoas esclarecidas são atraídas e adeptas ao Espiritismo kardecista. Faz pensar.

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  2. Confesso que o fato que mais me surpreende é a imparcialidade que o Mestre Chassot aborda os mais variados temas dando azo ao conhecimento como um todo. O respeito a todas opiniões e crenças sem atacar ou defender nem a própria é o que o torna um escritor eclético.

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